sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Bauman e as Relações Humanas!



As relações humanas não são mais espaços de certeza, tranquilidade e conforto espiritual. Em vez disso, transformaram-se numa fonte prolífica de ansiedade. Em lugar de oferecerem o ambicionado repouso, prometem uma ansiedade perpétua e uma vida em estado de alerta. Os sinais de aflição nunca vão parar de piscar, os toques de alarme nunca vão parar de soar.”
Zygmunt Bauman

Em tempos líquidos, a crise de confiança traz consequências para os vínculos que são construídos. Estamos em rede, mas isolados dentro de uma estrutura que nos protege e, ao mesmo tempo, nos expõe. É isso mesmo? O sociólogo polonês Zygmunt Bauman, em seu livro Medo líquido, diz que estamos fragilizando nossas relações e, diante disso, nos contatamos inúmeras vezes, seja qual for a ferramenta digital que usamos, acreditando que a quantidade vai superar a qualidade que gostaríamos de ter.
Bauman diz que, nesses tempos líquidos-modernos, os homens precisam e desejam que seus vínculos sejam mais sólidos e reais. Por que isso acontece? Seriam as novas redes de relacionamento que são formadas em espaços digitais que trazem a noção de aproximação? Talvez sim, afinal a conexão com a rede, muitas vezes, se dá em momentos de isolamento real. O sociólogo, então, aponta que, quanto mais ampla a nossa rede, mais comprimida ela está no painel do celular. “Preferimos investir nossas esperanças em ‘redes’ em vez de parcerias, esperando que em uma rede sempre haja celulares disponíveis para enviar e receber mensagens de lealdade”, aponta ele.
E já que as novas sociabilidades, aumentadas pelas pequenas telas dos dispositivos móveis, nos impedem de formar fisicamente as redes de parcerias, Bauman diz que apelamos, então, para a quantidade de novas mensagens, novas participações, para as manifestações efusivas nessas redes sociais digitais. Tornamo-nos, portanto, seres que se sentem seguros somente se conectados a essas redes. Fora delas os relacionamentos são frágeis, superficiais, “um cemitério de esperanças destruídas e expectativas frustradas”.
A liquidez do mundo moderno esvai-se pela vida, parece que participa de tudo, mas os habitantes dessa atual modernidade, na verdade, fogem dos problemas em vez de enfrentá-los. Quando as manifestações vão para as ruas, elas chamam a atenção porque se estranha a formação de redes de parceria reais. “Para vínculos humanos, a crise de confiança é má notícia. De clareiras isoladas e bem protegidas, lugares onde se esperava retirar (enfim!) a armadura pesada e a máscara rígida que precisam ser usadas na imensidão do mundo lá fora, duro e competitivo, as ‘redes’ de vínculos humanos se transformam em territórios de fronteira em que é preciso travar, dia após dia, intermináveis conflitos de reconhecimento.”

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Pierre Clastres: A Sociedade Contra o Estado.


A tese que atravessa essa coletânea de textos é que a sociedade pode prescindir do Estado, ou seja, não necessita de sua existência. Para Pierre Clastres, isso pode ser verificado empiricamente na experiência de boa parte das sociedades indígenas da América do Sul.
O autor faz críticas às abordagens evolucionistas, pois, segundo ele, as formas políticas não evoluem linearmente das sociedades “sem” estado ou primitivas, para as sociedades “com” estado ou avançadas. No que diz respeito às sociedades indígenas, o fato de não possuírem Estado é uma opção em nome da liberdade, expressa no seu pensamento e cultura, e não prova de seu “primitivismo”.
Foi a partir de suas pesquisas de campo (etnografia) entre os Guayaki, Guarani, Chulupi, Yanomami e os Guaranis mbyá que Clastres passou a defender esta tese. Nessas pesquisas ele observou que o chefe indígena não é um indivíduo que tem mais poder que os outros ou oprime os outros pela força, mas tão somente aquele que pode dar e sabe falar.
O chefe indígena é prisioneiro do grupo, pois não possui mais poder que o restante. Apesar de ter privilégios como a poliginia (casar com mais de uma mulher) está submetido a uma série de obrigações, sendo que as mais importantes são a generosidade e a fala. Sua fala reúne os homens ao seu redor, mas não tem poder de mando, sendo ineficaz para coopta-los ou persuadi-los. Ele é impedido de concentrar o poder pela própria sociedade, essa sim, detentora de todo o poder. Além disso, esse poder do grupo permanece sempre difuso ou espalhado, impedindo a constituição de uma esfera política separada, ou seja, o Estado.
Por esses parâmetros as sociedades indígenas deixam de ser tomadas como infância das sociedades modernas, cuja organização política seria mais complexa e por isso “superior”. As sociedades indígenas não são simplesmente sociedades “sem” Estado, mas sim sociedades “contra” o Estado. Isto é, reconhecem a possibilidade de emergência de um poder político atrelado ao exercício da coerção e violência, e o recusam em nome da liberdade.
A violência nas sociedades indígenas não é monopolizada pelo Estado, mas controlada pela própria sociedade. Os ritos de iniciação, fortemente marcos pela intervenção no corpo e pela dor, são mecanismos de inscrição da lei e memória social nos indivíduos.
Um exemplo interessante pode ser encontrado no pensamento dos Guaranis: esses identificam o Mal com a figura do Um, que para Clastres representa a centralização política ou do Estado. Para o autor, essa sociedade vive ameaçada pela emergência do Estado devido a fatores como o crescimento demográfico ou do surgimento de profetas.
O profeta, assim como o chefe, fala, porém sua fala não anuncia um mero dever e tão pouco é vazia, mas apresenta uma situação inevitável, como o fim dos tempos, ou uma utopia, como a Terra sem Mal. Ao adquirir poder de mando e persuasão, o profeta pode concentrar poder caso não seja impedido pela sociedade, o que representando uma possibilidade de surgimento do Estado.
Em síntese, para Clastres podemos aprender muito sobre nossa sociedade ao compreender as sociedades indígenas. Se nós optamos por viver sob o julgo de um Estado, subordinados a sua coerção, os índios decidiram do contrário. As sociedades ameríndias são aquelas que recusam a subordinação, por isso controlam seus chefes, que não impõe leis nem executam sanções. Isso não significa uma sociedade desorganizada, pelo contrário, a sociedade se organiza a ponto de impedir o surgimento do Estado. O que distingue os ameríndios das sociedades ocidentais é sua capacidade de contornar, sempre que possível, a concentração do poder.


Bibliografia:
CLASTRES, Pierre. A sociedade contra o Estado. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1988. Disponível em: http://www.4shared.com/get/C5lZAn7s/Pierre_Clastres_-_Sociedade_co.html
________________. Arqueologia da violência: pesquisas de antropologia política. São Paulo: Cosac & Naify, 2004.


Fonte: http://sociologiaemrede.blogspot.com.br

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

A Arqueologia vai à Escola



Você vai assistir nesse vídeo o documentário "A Arqueologia Vai à Escola: Uma Experiência Com Escavação Simulada", resultado do Projeto Descobridores Mirins criado e coordenado pelos professores Cadu Dias Lopes (Midiaeducação), Eduardo Coelho (História), Maria Glória Mattos (Artes), Helio Filho (Biologia) e Marcia Bezerra (Arqueologia).

O documentário, que faz parte do portfólio do Cadu, foi dirigido por Cadu Dias Lopes com apresentação e roteiro de Marcia Bezerra e realizado pelo CPTV Marista-Rio em 2001.

O trabalho foi apresentado no XI Congresso da Sociedade de Arqueologia Brasileira - RJ; na III Mostra Marista de Tecnologia Educacional - MG e no II Congresso Nacional Marista de Educação - PE 2002.



Iluminismo ou A era da Razão




"O Iluminismo é a saída dos homens do estado de minoridade devido a eles mesmos. Minoridade é a incapacidade de utilizar o próprio intelecto sem a orientação de outro. Essa minoridade será devida a eles mesmos se não for causada por deficiência intelectual, mas por falta de decisão e coragem para utilizar o intelecto como guia. 'Sapere aude!' 'Ouse usar seu intelecto!' é o lema do Iluminismo." Assim o filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804) definiu esse movimento filosófico que se estendeu das últimas décadas do século 17 aos últimos decênios do século 18, em especial na França, Inglaterra, Escócia e Alemanha, embora sua influência tenha se expandido até o Novo Mundo.


As luzes da razão

Essa linha filosófica se caracteriza pelo empenho em estender a razão como crítica e guia a todos os campos da experiência humana. Nesse sentido, ela pretende levar as luzes da razão às trevas da ignorância e do obscurantismo e compreende três aspectos diversos, mas relacionados entre si:


* extensão da crítica a toda e qualquer crença e conhecimento sem exceção;
* realização de um conhecimento que, por estar aberto à crítica, inclua e organize os instrumentos de sua própria correção;
* uso efetivo do conhecimento assim atingido com o fim de melhorar a vida privada e social dos homens.
Vamos analisar cada um desses aspectos em particular...


Fé na razão

Se por um lado o Iluminismo adota a fé na razão, ao mesmo tempo considera limitado o poder da razão, cuja expressão típica é a doutrina da coisa em si, ou seja, os poderes cognoscitivos do homem, tanto sensíveis quanto racionais, vão até onde vai o fenômeno, mas não além, quer dizer, não atinge a coisa em si, independentemente de sua relação com o homem, para o qual é um objeto de conhecimento. Por outro lado, considerada a limitação dos poderes cognoscitivos, não existem campos privilegiados dos quais a crítica racional possa ser excluída. Em particular, isso implicava os campos da política, da moral e da religião, que até então eram tabus para o pensamento racional, aos quais o importante filósofo e matemático racionalista francês René Descartes (1596-1650) achava que a razão não tinha outra coisa a sugerir além da reverência às normas tradicionais.


Princípios racionais de governo

O Iluminismo não aceitava as renúncias cartesianas. Ao contrário, estendeu a indagação do domínio da religião e da política, propondo uma religião natural ou racional, fundada não na revelação histórica, mas na manifestação natural da divindade à razão do homem (deísmo), ao mesmo tempo que questionavam os fundamentos do poder absolutista e procuravam estabelecer os princípios racionais do governo e da organização social. Da mesma forma, evidenciando a importância dos sentimentos e das paixões na conduta do homem, buscam novos pilares para a vida moral do homem. Essa atitude crítica do Iluminismo expressa-se principalmente em sua hostilidade à tradição, que considera a força mantenedora das crenças e preconceitos que deveriam ser destruídos. Para os iluministas, tradição e erro coincidiam. Apesar de essa tese poder parecer exagerada hoje, não se pode esquecer que foi graças a ela que se venceram os poderosos entraves que a tradição impunha à livre pesquisa. O segundo aspecto a ser destacado no Iluminismo é que ele inclui o empirismo, ou seja, considera um atributo do conhecimento válido o fato de poder ser posto à prova. Essa atitude empirista garante a abertura da ciência e conhecimento em geral à crítica da razão, pois consiste em admitir que toda verdade pode e deve ser colocada à prova, sendo eventualmente modificada, corrigida ou abandonada.


Valorização da ciência

É essa atitude do Iluminismo que elevará a ciência (no sentido que essa palavra tem hoje) ao primeiro lugar na hierarquia das atividades humanas. A física - sistematizada primeiramente na obra de Isaac Newton - é considerada pelos iluministas como a ciência mãe ou como a "verdadeira filosofia". O Iluminismo também será decisivo para afastar a química da alquimia e assinalar as etapas fundamentais do desenvolvimento das ciências biológicas, com a obra de diversos naturalistas. Se os resultados obtidos pelas ciências dessa época - séculos 17 e 18, vale recordar - já foram ultrapassados nos dias de hoje, cabe ressaltar que eles puderam ser questionados e corrigidos pelo próprio compromisso fundamental do Iluminismo de não bloquear a obra da razão em nenhum campo e em nenhum nível, considerando todo resultado incompleto, provisório e passível de ser corrigido.


Revoluções republicanas

Finalmente, o Iluminismo inclui o compromisso de se utilizar a razão e os resultados que ela pode obter nos vários campos de pesquisa para melhorar a vida individual e social do homem. Politicamente, as ideias iluministas expressaram-se na Revolução Americana, de 1776, e Francesa, de 1789, que apresentavam como seu objetivo declarado a felicidade ou o bem-estar da humanidade. Além disso, no plano social, o Iluminismo é responsável por duas concepções de fundamental importância para a cultura moderna e contemporânea: os conceitos de tolerância e de progresso. O princípio de tolerância religiosa além de colocar a necessidade de convivência pacífica das várias confissões religiosas, também foi responsável pela separação entre religião e Estado. Por outro lado, o compromisso de transformação iluminista leva à concepção da história como progresso, ou seja, como possibilidade de melhoria do ponto de vista do saber e dos modos de vida do homem.




segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Resumo - Primeira Guerra Mundial




A Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918)


Principais causas:
Rivalidade anglo-alemã: A rivalidade entre a Alemanha e a Inglaterra teve origem na competição industrial e comercial. Após a unificação, a Alemanha. Passou a disputar mercados com os ingleses e se transformou em uma das maiores potências da Europa
Rivalidade franco-alemã: Em 1871, a França foi obrigada a ceder a Alsácia-Lorena (região rica em carvão e ferro) ao recém unificado Império Alemão, após a derrota francesa na Guerra Franco-prussiana, conforme previa o Tratado de Frankfurt em 1871. Logo nasceu na França a ideia de vingança, de revanche (o Revanchismo Francês), com o objetivo de recuperar Alsácia-Lorena e vingar a derrota na guerra.
Política de alianças: Por meio de acordos econômicos, políticos e militares, dois blocos opostos foram criados: a Tríplice Aliança, formada por Alemanha, Império Austro-Hungaro e Itália, também conhecidos como Império Centrais, e a Tríplice Entente, por Rússia, França e Grã-Bretanha. Esse sistema de blocos tornou-se uma bomba relógio quando as tensões entre os países tonaram-se incontroláveis.
Corrida armamentista: Os anos anteriores à eclosão da guerra em 1914 receberam o nome de Paz Armada porque a indústria bélica aumentou consideravelmente os seus recursos, produzindo novas tecnologias para a guerra. Além disso, quase todas as nações europeias adotaram o serviço militar obrigatório, incentivando assim o sentimento nacionalista e militarista.
A disputa colonial: buscando novos mercados para a venda de seus produtos, e também pelo domínio de áreas fornecedoras de matérias-primas e fontes de energia, os países industrializados entravam em choque pela conquista de colônias na África e na Ásia.
Exacerbação do nacionalismo: O período que antecedeu a Primeira Guerra Mundial foi marcado por uma exacerbação do nacionalismo. As potências, de modo geral, cultivavam um discurso e uma mentalidade baseados em suas glórias militares, no poder bélico e na supremacia nacional.
Nacionalismo da Sérvia: Á Sérvia era uma pequena nação eslava independente, situada na região dos Bálcãs. O seu objetivo era reunir todos os povos eslavos em um só Estado. O projeto sérvio contrariava os interesses da Áustria e da Turquia. A Rússia era aliada da Sérvia. Os alemães, também interessados na região, pretendiam construir a ferrovia Berlim-Bagdá para ter acesso direto ao petróleo da Mesopotâmia (atual Iraque), acabando com a primazia dos ingleses.
Rivalidade austro-russa: A Rússia desejava dominar o Império Turco-Otamano, a fim de obter uma saída para o mar Mediterrâneo, e, também, controlar a península Balcânica. Para justificar esse expansionismo, criou o pan-eslavismo movimente político segundo o qual a Rússia tinha o "direito" de defender e proteger as pequenas nações eslavas da península Balcânica.


A situação conflituosa entre o final do século XIX e o início do século XX deu origem à chamadapaz armada. Como o risco de guerra era bastante grande, as principais potências trataram de estimular a produção de armas e de fortalecer seus exércitos. Foi um momento de intensa corrida armamentista, quando a Tríplice Aliança (Alemanha, Império Austro-Húngaro e o Império Turco-Otomano) ampliava sua capacidade bélica, e a Tríplice Entente (Rússia, França e Inglaterra) buscava equipar-se. A indústria bélica aumentou consideravelmente os seus recursos, produzindo novas tecnologias para a guerra. Além disso, quase todas as nações europeias adotaram o serviço militar obrigatório, incentivando assim o sentimento nacionalista.


A explosão da guerra mundial

Assassinato de Francisco Ferdinando (Sarajevo, Bósnia, 28/06/1914): foi o estopim que detonou a Primeira Guerra Mundial, quando as tensões entre os dois blocos de países haviam crescido a um nível insuportável.


Principais fases: primeira fase (1914/1915) movimentação de tropas e equilíbrio entre as forças rivais; segunda fase (1915/1917) guerra de trincheiras; terceira fase (1917-1918) entrada dos Estados Unidos, ao lado da França e da Inglaterra, e derrota da Alemanha.


Entrada da Itália – A Itália, membro da Tríplice Aliança, manteve-se neutra até que, em 1915, sob promessa de receber territórios austríacos, entro na guerra ao lado de franceses e ingleses.
Saída da Rússia – Com o triunfo da Revolução Russa de 1917, onde os bolcheviques estabeleceram-se no poder, foi assinado um acordo com a Alemanha para oficializar sua retirada do grande conflito. Este acordo chamou-se Tratado de Brest-Litovsk, que impôs duras condições para a Rússia.
Entrada dos Estados Unidos – Os norte-americanos tinham muito investimentos nesta guerra com seus amigos aliados (Inglaterra e França), os países da Entente adquiriam armas, munições, combustíveis, remédios, etc. dos EUA para pagarem após a guerra. Era preciso garantir o recebimento de tais investimentos. Os norte-americanos também tinham receio de uma possível vitória alemã, pois a Alemanha poderia se tornar uma mega potencia colonial, industrial e bélica, sendo impossível de derrotá-la no futuro. Utilizou-se como pretexto o afundamento do navio “Lusitânia”, que conduzia passageiros norte-americanos.

Participação do Brasil – Os alemães, diante da superioridade naval da Inglaterra, resolveram empreender uma guerra submarina sem restrições. Na noite de 3 de abril de 1917, o navio brasileiro “Paraná” foi atacado pelos submarinos alemães perto de Barfleur, na França. O Brasil, presidido por Wenceslau Brás, rompeu as relações com Berlim e revogou sua neutralidade na guerra. Novos navios brasileiros foram afundados. No dia 25 de outubro, quando recebeu a noticia do afundamento do navio “Macau”, o Brasil declarou guerra à Alemanha. Enviou auxilio à esquadra inglesa no policiamento do Atlântico e uma missão médica.


Consequências da guerra: 
a) O aparecimento de novas nações; 
b) Desmembramento do império Austro- Húngaro; 
c) A hegemonia do militarismo francês, em decorrência do desarmamento alemão;
d) A Inglaterra dividiu sua hegemonia marítima com os Estados Unidos;
e) O enriquecimento dos Estados Unidos; 
f) A depreciação do marco alemão, que baixou à milionésima parte do valor, e a baixa do franco e do dólar; 
g) O surgimento do fascismo na Itália e do Nazismo na Alemanha.

Os "14 Pontos do Presidente Wilson"

Em mensagem enviada ao Congresso americano em 8 de janeiro de 1918, o Presidente Wilson sumariou sua plataforma para a Paz que concebia:
1) "acordos públicos, negociados publicamente", ou seja a abolição da diplomacia secreta; 
2) liberdade dos mares; 3) eliminação das barriras econômicas entre as nações; 4) limitação dos armamentos nacionais "ao nível mínimo compatível com a segurança"; 5) ajuste imparcial das pretensões coloniais, tendo em vista os interesses dos povos atingidos por elas; 6) evacuação da Rússia; 7) restauração da independência da Bélgica; 8) restituição da Alsácia e da Lorena à França; 9) reajustamento das fronteiras italianas, "seguindo linhas divisórias de nacionalidade claramente reconhecíveis"; 10) desenvolvimento autônomo dos povos da Áutria-Hungria; 11) restauração da Romênia, da Sérvia e do Montenegro, com acesso ao mar para Sérvia; 12) desenvolvimento autônomo dos povos da Turquia, sendo os estreitos que ligam o Mar Negro ao Mediterrâneo "abertos permanentemente"; 13) uma Polônia independente, "habitada por populações indiscutivelmente polonesas" e com acesso para o mar; e 14) uma Liga das Nações, órgão internacional que evitaria novos conflitos atuando como árbitro nas contendas entre os países.

Os "14 pontos" não previam nenhuma séria sanção para com os derrotados, abraçando a idéia de uma Paz "sem vencedores nem vencidos". No terreno prático, poucas propostas de Wilson foram aplicadas, pois o desejo de uma "vendetta" por parte da Inglaterra e principalmente da França prevaleceram sobre as intenções americanas.


O Tratado de Versalhes: conjunto de decisões tomadas no palácio de Versalhes no período de 1919 a 1920. As nações vencedoras da guerra, lideradas por Estados Unidos, França e Inglaterra, impuseram duras condições à Alemanha derrotada (é importante ressaltar que os EUA não ratificaram o Tratado Versalhes, consideravam excessivas a quantidade de reparações impostas à Alemanha). O desejo dos alemães de superar as condições humilhantes desse tratado desempenhou papel importante entre as causas da Segunda Guerra Mundial:


· Restituir a região da Alsácia-Lorena à França.
· Ceder outras regiões à Bélgica, à Dinamarca e à Polônia (corredor polonês).
· Ceder todas as colônias.
· Ceder à França a propriedade inteira e absoluta das minas de carvão situadas na baixia do Sarre.
· Entregar quase todos seus navios mercantes à França, à Inglaterra e à Bélgica.
· Pagar uma enorme indenização em dinheiro aos países vencedores (33 milhões de dólares).
· Seu exército foi limitado a 100 mil voluntários, e o recrutamento militar foi proibido.
· Reduzir seu poderio militar sendo proibida de possuir aviação militar, submarinos, artilharia pesada e tanques.
· Reconhecer a independência da Áustria.
· Reconhecer a independência da Polônia
· Considerada a grande culpada pela guerra.

A formação da Liga das Nações: em 28 de abril de 1919, a Conferência de Pás de Versalhes aprovou a criação da Liga das Nações, com a missão de agir como mediadora nos casos de conflito internacional, preservando a paz mundial. Entretanto, sem a participação de países importantes como os Estados Unidos, União Soviética e Alemanha, a liga revelou-se um organismo impotente.


A ascensão econômica dos Estados Unidos no pós-guerra: os Estados unidos alcançaram significativo desenvolvimento econômico através da exportação de produtos industrializados. A Europa tornou-se dependente dos produtos americanos.
liciamento do Atlântico e uma missão médica.


DOCUMENTÁRIO:


segunda-feira, 24 de novembro de 2014

A lenda da origem dos Incas




Um dos povos pré-colombianos mais importantes da História não tem uma origem 100% conhecida, mesmo após décadas de pesquisas histórico-arqueológicas movidas por diversos profissionais através dos anos. Muitos apontam os incas como um povo que teria descendido de um grupo étnico conhecido como taipicala e migrado para a região próxima a Cuzco e dos vales do rio Urubamba e do rio Huatanay por volta do ano 1200.
O vale do rio Urubamba foi muito importante para o desenvolvimento do povo inca.

Esta é a definição da “origem” dos incas mais aceita hoje em dia, até mesmo pelos achados arqueológicos que confirmam estas informações e provam que houve uma migração na época e que a partir desta migração a civilização inca desenvolveu-se na região.

Mas é óbvio que não existe apenas a definição “histórica”, baseada em achados arqueológicos. Os próprios incas tinham uma história que contava suas origens e que era transmitida de forma oral ou através de gravuras nas cerâmicas, nas paredes dos templos e nas peças de ouro. Na verdade, existem duas versões que explicam a origem do povo inca: a “lenda dos irmãos Ayar” e a “lenda de Manco Capac e Mama Ocllo”, e as duas, apesar de serem parecidas, tem seus detalhes e particularidades.

Aqui nós vamos falar da segunda lenda, já que a primeira eu pesquisei bastante e não encontrei uma exatidão nos relatos, há muita informação e pouca certeza, como em toda tradição oral que se preze. Mas se você que está lendo tiver curiosidade, eu deixei o link acima para um site que explica um pouco sobre esta lenda. Está em castelhano, mas dá para entender.
“A lenda de Manco Capac e Mama Ocllo”:

Segundo esta lenda, os habitantes do lado norte do lago Titicaca viviam como “animais selvagens” – e aqui talvez nós podemos fazer uma comparação com os primeiros grupos humanos viviam na Pré-História, sem qualquer organização social.


Manco Capac e Mama Ocllo


O deus-sol, Inti, decidiu que estes seres mereciam passar por um “processo civilizatório”. Assim, ele criou um casal, Manco Capac e Mama Ocllo, e pediu que os dois fossem até a Terra para construir um grande império e civilizar estes povos, mas antes eles deveriam encontrar o lugar para construir a capital.

Os dois aceitaram a missão e emergiram da espuma do lago Titicaca, na Isla del Sol, munidos de um cetro de ouro, e rumaram para o norte.

Conta a lenda que a beleza de suas roupas e o brilho das jóias e do ouro que os dois carregavam fizeram com que as pessoas daquela região percebessem o casal como dois deuses – como eles realmente eram – e passaram a segui-los, mesmo que secretamente.

Manco Capac e Mama Ocllo procuraram o local exato por algum tempo. A ordem dada por Inti era que eles deveriam fixar o império em um lugar de terras férteis, e para saber se a terra era realmente fértil eles deveriam afundar o cajado de ouro até o fim, tendo a certeza que ali seria fácil plantar e colher com abundância.

Um belo dia eles chegaram até os pés do cerro Huanacauri, e ali, no vale do rio Huatanay o cajado enfim foi “sugado” pela terra. Capac e Ocllo iniciaram então a construção da cidade de Cuzco, conhecida também como “Umbigo do Mundo”, futura sede do império inca. Também ensinaram o povo que os seguiu a plantar, construir casas, cozinhar, enfim, cumpriram a “missão”, o pedido feito pelo deus-sol ao criá-los e civilizaram o povo.
Cerro Huanacauri.
Assim como todos os personagens lendários que existem mundo afora, Manco Capac e Mama Ocllo não tem sua existência confirmada por achados arqueológicos. Muitos consideram que realmente existiu tal casal e que eles foram os primeiros líderes incas, e à história dos dois foi agregada a lenda da criação do povo.

Outras pessoas acreditam que esta é apenas uma lenda, e nenhum dos dois realmente existiu. De qualquer forma, vale o registro desta interessante manifestação cultural dos povos andinos, concordam?

Fonte: Historiazine

Os Três Filtros de Sócrates


domingo, 23 de novembro de 2014

Candidato Caô Caô



Dizem que o brasileiro é um dos poucos povos que riem de sua desgraça. Passadas as eleições, os ânimos começam a esfriar, permitindo-nos mais uma vez refletir e "brincar" com a nossa situação sócio-cultural. A música exposta abaixo reflete uma situação que provavelmente nós vimos nestes últimos meses nas campanhas eleitorais, esta música de Bezerra da Silva, pode até ser considerado um hino de revolta do cancioneiro popular, que mostra como o "político" usufrui dos mais carentes. Acredito que esta música serve para representar políticos de inúmeras legendas, vitoriosas ou vencidas nestas últimas eleições.

Candidato Caô Caô 




Caô Caô Caô Caô..
A justiça chegou!
Ai malandragem..se liga!
Bezerra da Silva provando e comprovando a sua versatilidade!
"Sai pra lá caozada..Oh o rappa na área!"
Ele subiu o morro sem gravata
Dizendo que gostava da raça
Foi lá na tendinha
Bebeu cachaça
E até bagulho fumou
Jantou no meu barracão
E lá usou
Lata de goiabada como prato
Eu logo percebi
É mais um candidato
Às próximas eleições (3x)
Fez questão de beber água da chuva
Foi lá no terreiro pediu ajuda
E bateu cabeça no congá
Mais ele não se deu bem
Porque o guia que estava incorporado
Disse esse político é safado
Cuidado na hora de votar
Também disse:
Meu irmão se liga
No que eu vou lhe dizer
Hoje ele pede seu voto
Amanhã manda a polícia lhe bater
Meu irmão se liga
No que eu vou lhe dizer
Hoje ele pede seu voto
Amanhã manda os homem lhe prender
Hoje ele pede o seu voto
Amanhã manda a polícia lhe bater.
Eu falei pra você viuuuuu..
Esse político é safadão oh ai cumpade!
Nesse país que se divide em quem tem e quem não tem,
Sinto o sacrifício que há no braço operário
Eu olho para um lado
Eu olho para o outro
Vejo o desemprego
Vejo quem manda no jogo
E você vem, vem
Pede mais de mim
Diz que tudo mudou
E que agora vai ter fim
Mas eu sei quem você é
Ainda confia em mim?
Esse jogo é muito sujo
Mas eu não desisto assim
Você me deve..haha haha
Malandro é malandro
Mané é mané
Você me deve...
Você me deve seu canalha
Você me deve malandragem
Você ganhou duzentas vezes na loteria malandro?
Duzentas vezes cumpade?
É
Fez questão de beber água da chuva
Foi lá na macumba pediu ajuda
E bateu cabeça no congá
Deu azar..
A entidade que estava incorporada
Disse esse político é safado
Cuidado na hora de votar
Também disse:
Meu irmão se liga
No que eu vou lhe dizer
Hoje ele pede seu voto
Amanhã manda a polícia lhe bater
Meu irmão se liga
No que eu vou lhe dizer
Hoje ele pede seu voto
Amanhã manda a polícia lhe prender
Hoje ele pede o seu voto
Amanhã manda a polícia lhe bater.
Ai ai perai cumpade..perai perai perai
Sujôooo..
Ae malandragem se liga na missão
Fica atento
Político é cerol fininho
Político engana todo mundo..
Menos o caboco..ele deu azar na macumba do malandro..ah lá
O caboco caguetou ele
Hoje ele pede, pede, pede de você ..
Amanhã vai vai te fudê..
Hoje ele pede, pede, pede de você ..
Amanhã vai vai.. ohhh
E amanhã vai se fu..
É cumpade..

Fonte: História Pensante.

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Jogos Antigos #3: Warcraft II


Produtora Blizzard Entertainment
Editora(s) PC, Mac OS
Blizzard Entertainment(América do Norte)
Ubisoft (Europa)
Saturn, PlayStation
Electronic Arts (América do Norte e Europa)
Electronic Arts Victor(Japão)
Plataforma(s) MS-DOS, Linux,AmigaOS 4, Mac OS,Sega Saturn,PlayStation,Microsoft Windows
Data(s) de lançamento PC, Mac OS
AN 9 de Dezembro de 1995
EU 1996Saturn, PlayStation
AN 31 de Agosto de 1997
EU 31 de Agosto de 1997
Gênero(s) Estratégia em tempo real
Modos de jogo Single Player e Multiplayer
Classificação ESRB: T
OFLC: G8+
ELSPA: 15+
Média CD-ROM
Controles Mouse, Teclado e Gamepad
Idioma Inglês


Warcraft é a história de um Universo fictício onde é ambientada a série de livros e jogos para computador de mesmo nome publicados pela Blizzard Entertainment, Inc . A primeira aparição do Universo Warcraft aconteceu no jogo Warcraft: Orcs & Humans, em uma história que era basicamente sobre a luta pela sobrevivência entre humanos e orcs em Azeroth, um dos planetas do Universo Warcraft.

A história é divida em antes e depois da primeira guerra sendo a data mais antiga, segundo a linha de tempo oficial da Blizzard, dez mil anos antes de Orcs & Humans, embora haja registros de que a data mais antiga do Universo Warcraft seja de 147 mil anos antes de Orcs & Humans, conforme é descrito no guia RPG Shadows & Light. Atualmente a história de Warcraft está ambientada 32 anos após Orcs & Humans, sendo o título atual o jogo World of Warcraft: Mists Of Pandaria.


Confira uma análise em vídeo:



segunda-feira, 17 de novembro de 2014

O Materialismo Histórico Dialético: Considerações



Já tentaram, mas foi um fiasco, explicar os fenômenos sociais com auxílio das leis naturais, ou seja, as leis que regem a natureza. A busca incessante pela verdade empírica é como uma sede implacável para homem e, assim sendo, ele desenvolveu referenciais teóricos e metodológicos como forma de explicar a realidade, matar sua sede pela verdade. Tenho que lhes precaver que esse artigo é diminuto, não se trata de algo aprofundado, apenas pode lhe servir como referência para uma primeira análise quanto ao entendimento do Materialismo Histórico Dialético.


Pois bem, e o que vem a ser o materialismo? Em resumo é um conjunto de doutrinas filosóficas que busca explicações para os problemas diretamente relacionados ao plano da realidade no mundo material ao longo da história. Uma explicação materialista dentro de uma interpretação marxista, por exemplo, coloca um problema social do plano real dentro de um modo de produção.


O materialismo histórico, pois bem, é uma tese do marxismo, que com auxílio do conceito de modo de produção da vida material busca explicações para o conjunto de acontecimentos do plano real envolvendo o social, o político, o econômico e o cultural. Trata-se de um método de compreensão e analise do campo da historiografia. O mesmo que coloca sobre a mesa o conceito de lutas de classes.


Uma analise sobre a ótica do materialismo histórico explica a realidade da seguinte forma: a produção material é o pilar da ordem social, é algo que sempre existiu em todas as sociedades. A repartição do que é produzido, aliado a divisão dos homens em classes é determinada pelo o que, e como, a sociedade produz. Um exemplo prático: o modo de produção escravista da antiguidade: o senhor e seu escravo, o patrício e o plebeu em Roma; o modo de produção feudal: o senhor e o seu servo; e o modo de produção capitalista: o burguês e o proletariado.


A respeito da Dialética trata-se de uma palavra de origem grega que significa “verdade”, para o nosso caso, “Di” seria igual a duas verdades. Assim podemos esquematizar o método dialético da seguinte forma:





A “tese” trata-se de uma primeira proposição dada; a “antítese” é a oposição, ou seja, contrária à tese. Do choque entre a “tese” e a “antítese” é que temos uma conclusão, a “síntese”. A “síntese” é uma conclusão nova, retirada a partir do embate, a “síntese” porconsequinte torna-se uma nova “tese” que ira se chocar com uma nova “antítese” e como resultado uma nova “síntese”, sendo um processo sem fim.


“As relações sociais são inteiramente interligadas às forças produtivas. Adquirindo novas forças produtivas, os homens modificam o seu modo de produção, a maneira de ganhar a vida, modificam todas as relações sociais. O moinho a braço vos dará a sociedade com o suserano; o moinho a vapor, a sociedade com o capitalismo industrial”. [1]


O Materialismo Histórico Dialético, portanto, trata-se de um referencial teórico na busca de explicações para os problemas dos fenômenos do plano da realidade. É utilizável? Sim, mas não consegue aplacar toda a complexidade dos problemas do plano real e tem seus problemas explicativos, como vários outros referenciais teóricos também têm.


Bibliografia:
MARX, Karl. Miséria da filosofia. São Paulo: Grijalbo, 1976. 222p

Fonte: Histo é História

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

A Guerra Fria nas HQs (Histórias em Quadrinhos)




A Guerra Fria foi uma disputa travada durante quase cinco décadas pelas duas superpotências vencedoras da Segunda Guerra Mundial: os Estados Unidos e a União Soviética. Foi um período marcado por muita espionagem e propaganda política, tanto do lado norte-americano quanto do soviético. Não bastasse tudo isso, armas atômicas seriam usadas caso as duas superpotências partissem para o conflito militar direto. Foi durante a Guerra Fria que uma nova onda de super-heróis surgiu nos gibis norte-americanos, especialmente nos da Marvel Comics (hoje a maior editora de quadrinhos do mundo). Você certamente já ouviu falar dessas personagens, pois várias foram adaptadas para o cinema nos últimos anos, com grande sucesso de bilheteria. Dentre essas personagens, podemos destacar o Homem-Aranha, os X-Men, o Hulk e o Quarteto Fantástico. Aqui, falaremos da relação delas com a Guerra Fria. Afinal, embora sejam fictícias e tenham sido criadas apenas para entretenimento, seus criadores se inspiraram na época que viviam. Começaremos pelo Quarteto Fantástico, o primeiro gibi da Marvel em que o escritor-editor Stan Lee fez parceria com o desenhista Jack Kirby. 

O Quarteto Fantástico

O primeiro gibi do Quarteto Fantástico foi publicado em novembro de 1961 -ou seja, poucos meses depois de o cosmonauta soviético Yuri Gagarin ter-se tornado o primeiro ser humano a viajar para o espaço, realizando um voo orbital (12 de abril de 1961), e quase uma década antes de o astronauta norte-americano Neil Armstrong ter sido o primeiro homem a pisar na Lua (20 de julho de 1969). Assim, o Quarteto Fantástico foi lançado na mesma época em que os EUA e a URSS disputavam a corrida espacial. O próprio surgimento desse grupo de heróis faz alusão à Guerra Fria: no início da história, pouco antes de os quatro futuros heróis viajarem para o espaço, a narração menciona que os EUA estão numa "corrida espacial" com "uma potência estrangeira". Claro que a tal "potência estrangeira" era a URSS, mas, diferentemente do que tinha acontecido durante a Segunda Guerra Mundial, os autores dos gibis da Guerra Fria preferiam não dar nome aos bois quando se referiam aos "inimigos da América". No gibi, o Quarteto Fantástico tem origem um pouquinho diferente daquela contada no filme de 2005: quatro amigos - o cientista Reed Richards; sua noiva, Sue Storm; o irmão adolescente dela, Johnny Storm; e o piloto de foguetes Ben Grimm - embarcam num foguete experimental, voam para o espaço e são bombardeados por raios cósmicos. Ao voltarem para a Terra, descobrem que os raios cósmicos os afetaram, dando-lhes superpoderes. Richards consegue esticar partes de seu corpo e assume o codinome Senhor Fantástico (qualquer semelhança com outro super-herói, o Homem-Borracha, não é mera coincidência); Sue se torna a Garota Invisível (anos depois, mudará o nome para Mulher Invisível, pois em nossos tempos "politicamente corretos" é considerado machismo chamar de "garota" uma mulher adulta); Johnny vira o Tocha Humana; e Ben, o monstruoso Coisa. Os raios cósmicos existem mesmo, mas na vida real eles matam, como seu professor ou professora de ciências poderá lhe explicar. A corrida espacial não é a única alusão à Guerra Fria que encontramos nos primeiros gibis do Quarteto Fantástico. O principal inimigo do Quarteto era o Doutor Destino, que governava literalmente com mãos de ferro um pequeno país do Leste Europeu, bem na região onde se concentravam os países do bloco socialista. Na tradução feita no Brasil, o nome dado ao país do Doutor Destino era "Latvéria", o que poderia levar a concluir que se tratava de uma terra imaginária. Mas, no original, o nome era "Latvia" - cuja tradução correta para o português é Letônia, na época uma das repúblicas que compunham a URSS. O próprio visual do vilão, com sua armadura de ferro, pode ser referência à "Cortina de Ferro", a expressão popularizada pelo ex-primeiro-ministro britânico Winston Churchill para se referir aos países da Europa oriental que ficaram sob influência da URSS após a Segunda Guerra Mundial. 
 O Incrível Hulk

O Incrível Hulk, segunda criação da parceria Stan Lee-Jack Kirby, também refletia o contexto da Guerra Fria. No primeiro número do gibi, lançado em maio de 1962, ficamos sabendo como o cientista Bruce Banner se tornou o Hulk: ele tenta salvar um adolescente que invadiu o local onde se testará pela primeira vez a "bomba gama" (projetada pelo próprio Banner) e fica exposto aos raios gama quando a bomba é detonada propositalmente por seu assistente, um espião iugoslavo disfarçado. Capa do n. 1 de O Incrível Hulk Banner, em vez de morrer de leucemia ou queimaduras radiativas (que é o que aconteceria na vida real), descobre que os raios gama alteraram a química de seu corpo. Agora, sempre que se enfurece, é humilhado ou entra em pânico, ele se transforma no Hulk, um brutamontes capaz de levantar toneladas. Curiosamente, o Hulk era para ser cinzento, mas falhas de impressão no primeiro número do gibi fizeram que ele aparecesse esverdeado em alguns quadrinhos. Assim, o verde se tornou sua cor definitiva. Até o fato de Banner ser físico nuclear tinha relação com a Guerra Fria. Desde o Projeto Manhattan (o qual desenvolveu as bombas atômicas que foram lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki), os físicos nucleares tinham "importância estratégica" para o governo dos EUA. Vale recordar que, segundo alguns historiadores, as bombas atômicas usadas contra o Japão marcaram não apenas o fim da Segunda Guerra Mundial, mas o começo da Guerra Fria. Segundo tal interpretação, o ataque a Hiroshima e Nagasaki teria sido a forma que os EUA encontraram de mandar o seguinte recado à URSS: "Cuidado conosco! Nós temos a bomba!" Depois disso, a procura por carreiras científicas, sobretudo em física nuclear, aumentou consideravelmente nas universidades norte-americanas. Bruce Banner, assim como os físicos do Projeto Manhattan, trabalha para os militares; e a "bomba gama" explode no deserto do Novo México, região dos EUA onde foram mesmo realizados os primeiros testes atômicos. Outro elemento da Guerra Fria presente na saga do Hulk é o espião iugoslavo. Naquela época, histórias de espionagem eram comuns tanto na ficção quanto na realidade. Além disso, a Iugoslávia era um dos países do Leste Europeu onde os comunistas haviam chegado ao poder. (No entanto, os iugoslavos eram um caso à parte: o então governante do país, o marechal Tito, principal líder da resistência contra os invasores alemães durante a Segunda Guerra Mundial, não seguia todos os ditames da União Soviética; por isso, o modelo socialista adotado na Iugoslávia era um pouco diferente daquele que predominava nos outros países do Leste.) Em suas primeiras aventuras, o Hulk enfrentou vários vilões comunistas, mas havia igualmente críticas aos EUA. Em primeiro lugar, porque o principal inimigo do Hulk era o general Ross, também pai da namorada de Banner. Ou seja, em muitas histórias do Hulk, o inimigo era o próprio Exército norte-americano, sempre perseguindo o gigante verde. E não se deve esquecer que o Hulk era um monstro criado pelo horror atômico. Ao conceberem a história, Stan Lee e Jack Kirby pretenderam transmitir uma lição de moral: Banner é vítima de uma arma que ele mesmo projetou, e o cientista sente remorsos por isso. 

Túlio Vilela* Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

terça-feira, 11 de novembro de 2014

20 anos do show histórico em Balneário Camboriú!!!!


Hoje se falar que houve um show de 3 bandas essenciais na história do rock, ninguém acreditaria, esqueci o detalhe em BALNEÁRIO CAMBORIÚ, sim teve mesmo há exatamente 20 anos atrás no dia 11 de novembro de 1994, o Sepultura realizou a "Acid Chaos Tour", ao lado de Ramones e Raimundos, logo após o lançamento de Chaos A.D., e o Ramones embarcou junto nessa, divulgado o álbum Acid Eaters e o Raimundos com o lançamento de seu 1° CD.

O mais interessante e surpreendente disso e que Sepultura e Ramones estavam no auge do sucesso Ramones claro bem mais que Sepultura mais só por isso torna esse show uma lenda na cidade quando eu soube não acreditei mais conheci pessoas que foram eu não fui (era muito garoto), procurei na internet sobre esse show,  ainda mais com uma banda internacional (aqui na cidade é difícil isso acontecer!) e achei alguns vídeos e depoimentos separei o do Bola Teixeira, retirado do seu blog, confira e depois vídeos desse showzaço:


Verãozaço. Estou na orla, sol de rachar a cuca. Acabo de comprar o álbum The Real Thing de uma banda chamada Faith no More. Descubro através da FM mesmo. Epic é a musica que está rolando no dial. Fico vidrado na ânsia de quero mais. Não tenho nem onde escutar. Moro longe e fico tarando a capa e todo o list sentado no muro de arrimo da Atlântica, ali próximo da 2400.

Mike Patton é o vocalista. Sabe tudo. Chamam o estilo de funk rock, metal alternativo, metal progressivo, sei lá que porras são essas. Mas que os caras mexem com a estrutura do rock, com certeza mexem. Chego em casa e devoro o álbum. Descubro outras pérolas quase que no último volume: Falling to Pieces, Edge of the World, From out of Nowhere, todas assinadas por Patton, que mais tarde fico sabendo The Real Thing é o álbum de estréia do figuraça na banda. Bom demais!

Passam-se dois anos. Faz pouco tempo que crio um jornal com uma amiga. Um semanário onde fiquei fazendo de tudo um pouco por quatro anos até encher o saco. Mas isso não vem ao caso. Recém criado o jornal fico sabendo que o show da banda Faith no More está confirmada para acontecer em Curitiba.

- Ah! Impossível perder!

Pego minha cara metade e sigo rumo a capital paranaense. Acho que é uma área para exposições. Cheio de gente. Depois de algumas horas de espera, um jogo de luzes anuncia a chegada do Faith. Surgem apenas as silhuetas e uma figura vestida de terninho branco e chapéu panamá. Patton arrebenta. A banda detona um show inesquecível. Saímos plenamente saciados de nosso apetite.

Antes de iniciar o show, enquanto esperávamos, desperta uma curiosidade. Há um som ambiente que não me é estranho e que há muito tempo não ouvia. É Ramones. Vou até o cara da mesa e pergunto:

- What is this?
- Ramonesmania! Yeahh!, responde o carinha com entusiasmo de fã.

A última audição de Ramones havia sido há 10 anos, justamente no US Festival, na California. Volto de Curitiba e vou direto a loja de discos comprar o álbum duplo com um desfile de sucessos da banda norte-americana. Por um bom tempo é audição obrigatória no meu pick up. Nutro uma paixão tardia pela banda, bem tardia! Começo a comprar álbuns antigos da banda. Me informo mais sobre os Ramones e compro todos os álbuns que são lançados no modernoso CD, mídia que viria substituir o vinil. Mondo Bizarro e Acid Eaters (esse só de covers) é ainda da época do vinil.

Até que fico sabendo que a banda estará na minha cidade. Mentira. Belisca, isso não é verdade. É verdade. Dois anos depois de redescobrir Ramomes num show do Faith, Joe, Johnny, CJ e Marky estão numa tour pelo Brasil junto com Sepultura e os meninos do Raimundos. O slogan da batizada Acid Chãos Tour: “Este show irá tirar você do sério”.

Imperdível. Vou cobrir para o meu jornal. Fico uma pilha de nervoso. Os Ramones não dão trégua. Não consigo chegar perto deles. Entrevista só com as duas bandas brasileiras. Então tá. Não posso falar? Mas posso tocar. Credencial na mão, vou direto pro chiqueiro e de lá não saio até que comece o show.

Bem. Antes todo o clima do show. Sigo para o local no início da tarde. Uma fila gigantesca começa a se formar na entrada do pavilhão. Sol de abril. A garotada, na sua grande maioria, toda vestida de preto. Não há outra razão. As figuras de suas bandas preferidas estampadas no peito. Não precisa dizer quais as bandas de maior preferência. A fila aumenta, quase dobre o pavilhão. Manifestações típicas de fãs e nada dos portões abrirem.

- Não acredito!, ouço o berro histérico de um fã ao ver a chegada dos Ramones no pavilhão.

O clima ficou insustentável. A multidão força a barra e quebra com todo o sistema de segurança montado para o show. A porta principal, de vidro, vem abaixo. Parece ser uma conquista do público que lota o pavilhão.

Vou até os camarins. Consigo engrenar um papo com Rodolfo e Caniço. Nada dos Ramones. Que tristeza.

“A gente vai adentrar todos os buracos que a gente puder, além dos ouvidos”, arremata o vocalista Rodolfo, nos camarins.

Termino a entrevista e sigo pro chiqueiro. Entra o Raimundos com o álbum de estréia fresquinho e mostrando aquela novidade toda de misturar rock com baião, forró e outras coisas nacionais. Gurizada vibra com Puteiro em João Pessoa e Selim (imagina essas letras despudoradas!!), um prévia do que tinha por vir em seguida.

Estou no chiqueiro. Os seguranças quase que não conseguem segurar a fúria da gurizada quando sobem ao palco Joe, Johnny, CJ e Marky. Joe, estático em frente ao pedestal. Não fala nada e dá a senha: one, two, three, four … Meu coração dispara, a platéia explode, dança e canta todos os clássicos petardos dos Ramones. Não sei se fotografo ou subo no palco. Estou a alguns pouquíssimos metros de Joe, quando estico o braço alcanço seus pés. Finalmente a adrenalina estabilizou e saio clicando os quatro Ramones. Inesquecível!

Termina o show. Falta o Sepultura, com direito a Max Cavalera no vocal. Chega a cidade com uma referência de peso, a de melhor banda brasileira de 1993. Saio do chiqueiro e não retorno mais. Fotografo de longe o show porque os metaleiros invadem o chiqueiro. Não há mais chiqueiro, somente o som pesado do Sepultura. Delírio da gurizada de preto. O vozeirão de Max ecoa pelo pavilhão. Um show histórico. Quem foi, foi, quem não foi não acredita que existiu.

Por Bola Teixeira


E agora alguns vídeos do Sepultura nesse show não encontrei nada do Ramones (sim o vocal do Sepultura é o Max Cavaleira que fala Florianópolis pensando que é lá kkk):



Slave New World:
Se você foi comente!!!!!!!!!!

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Eli Heil: Artista Catarinense


"Entrego-te as asas da minha vida, só tu podes fazê-las bem coloridas. Caí bem em cima do teu telhado para voltar ao passado, Por isso estás sofrendo. Dei minhas asas até o fim, que elas voltem lindas para mim. Então voarei novamente, pousarei outra vez em tua mente, sacudindo por toda a vida, as asas feitas por ti, Eli, querida..."



Eli Malvina Heil nasceu em 1929, na cidade de Palhoça, Santa Catarina. Viveu sua infância e juventude no município vizinho de Santo Amaro da Imperatriz, tornando-se professora de educação física. Oportunamente, mudou-se para Florianópolis, onde lecionou em um colégio da capital, antes de dedicar-se integralmente à atividade artística.

Pintora, desenhista, escultora e ceramista autodidata, participou de inúmeras exposições no Brasil e no exterior. Realizou um trabalho único, de difícil classificação, que na XVI Bienal Internacional de São Paulo foi catalogado como “Arte Incomum” (Art Brut). “A arte para mim é a expulsão dos seres contidos, doloridos, em grandes quantidades, num parto colorido”.

Em seu processo de criação utilizou os mais diversos materiais (saltos de sapato, tubos de tinta, canos de PVC, etc.) e inventou inúmeras técnicas.

Confira algumas obras:








Documentário:


domingo, 9 de novembro de 2014

Todos os Livros de Michel Foucault para download


 Neste site está toda a obra de Michael Foucault para download confira:

http://geffoucault.blogspot.com.br/p/livros-para-download.html

O Homem de bem que crimes voce praticou hoje?


Este texto vem de uma dica de um amigo, que faz pensar na questão cristã de bem e mau, uma passagem do livro de Nietzsche "Além do Bem e do Mal" tem uma passagem interessante:

(…) Aos homens ordinários (…), a esses a religião proporciona uma inestimável satisfação com seu estado e seu modo de ser, uma reiterada
paz no coração, um enobrecimento da obediência, […]


Confira o texto na integra retirado do site Justificando.com:


Por Airto Chaves Junior e Fabiano Oldoni



Em 06 de março de 1927, o filósofo inglês Bertrand Russell (1872-1970) proferiu uma palestra em Battersea, organizado pela Secção do Sul de Londres da National Secular Society. O trabalho, intitulado “Porque não sou Cristão”, foi publicado posteriormente em 1957, quando foram reunidos textos e discursos do autor publicados e proferidos ao longo dos anos que antecederam a publicação, nesta oportunidade, acrescido do subtítulo “(…) e outros ensaios sobre religião e assuntos correlatos”.

Como matemático e, assim, apoiado nos pilares do logicismo, para apresentar as razões pelas quais não se considera um cristão, Russell procura, inicialmente, tratar de construir um conceito do que é “ser cristão”. Importa anotar que o conceito aqui trazido pelo autor e explicado a partir de significados partilhados que criam e sustentam a estrutura do “ser cristão” é, sem dúvida, objeto de concordância de quase que a totalidade das pessoas que se dizem cristãos. A partir disso, o autor identifica características indispensáveis que alguém, realmente cristão, deve ostentar. Dentre as muitas anotadas, vale registrar aqui o título que cuida do “Caráter de Cristo”. Neste campo, citamos o autor:


(…) Acho que há muitíssimos pontos em que concordo com Cristo muito mais do que o fazem os cristãos professos. Não sei se poderia concordar com Ele em tudo, mas posso concordar muito mais do que a maioria dos cristãos professos o faz. Lembrar-voceis que Ele disse: “Não resistais ao mau, mas, se alguém te ferir em tua face direita, apresenta-lhe também a outra”. Isto não era um preceito novo, nem um princípio novo. Foi usado por Lao-Tse e por Buda cerca de quinhentos ou seiscentos anos antes de Cristo, mas não é um princípio que, na verdade, os cristãos aceitem. Não tenho dúvida de que o Primeiro-Ministro (Stanley Baldwin), por exemplo, seja um cristão sumamente sincero, mas não aconselharia a nenhum de vós que o ferisse na face. Penso que, então, poderíeis descobrir que ele considerava esse texto como algo que devesse ser empregado em sentido figurado. Há um outro ponto que julgo excelente. Lembrar-vos-eis, por certo, de que Cristo disse: “Não julgueis, para que não sejais julgados”. Não creio que vós considerásseis tal princípio como sendo popular nos tribunais dos países cristãos. Conheci, em outros tempos, muitos juízes que eram cristãos sumamente convictos, e nenhum deles achava que estava agindo, no que fazia, de maneira contrária aos princípios cristãos. Cristo também disse: “Dá a quem te pede, e não voltes as costas ao que deseja que lhe emprestes”. (…) Há ainda uma máxima de Cristo que, penso, contém nela muita coisa, mas não me parece seja muito popular entre os nossos amigos cristãos. Diz Ele: “Se queres ser perfeito, vai, vende o que tens, e dá-o aos pobres”. Eis aí uma máxima excelente, mas, como digo, não é muito praticada. Todas estas, penso, são boas máximas, embora seja um pouco difícil viver-se de acordo com elas. Quanto a mim, não afirmo que o faça – mas, afinal de contas, isso não é bem o mesmo que o seria tratando-se de um cristão.



Problema é que, a partir dos predicados levantados numa construção razoavelmente consensual (e que, fatalmente, aqueles que se consideram Cristãos concordam), desconfiamos que pouquíssimas (para não dizer nenhuma) das pessoas que se dizem Cristãos se encaixam nestes atributos. E, se assim o é, essas pessoas, apesar de se intitularem Cristãos, não o são.

Por via contrária, há uma probabilidade beirando a certeza de você que se diz Cristão (e, pelo que se verificou, não o é) ser, na verdade, um criminoso. Para tanto, faz-se necessário um exame de consciência e, sobretudo, apesar das dificuldades, uma autocrítica de seu comportamento diário. Antes, porém, façamos o que fez Bertrand Russell com a teoria ramificada dos tipos: conceituemos “criminoso”.

Creio que concordemos que “criminosa” é a pessoa que pratica algum crime. Dentro desta perspectiva, QUALQUER PESSOA que tenha o seu comportamento subsumido a algum tipo penal pode ser considerada delinquente.

Resolvida esta questão, façamos agora o exame de consciência e exercício de memória para verificar se praticamos alguns desses comportamentos listados a seguir: se emprestamos um objeto de alguém e não o restituímos, incorremos no crime de apropriação indébita; se nos embriagamos ou nos entorpecemos de outras formas e passamos a conduzir um veículo automotor com capacidade psicomotora alterada, praticamos o crime de embriaguez ao volante; se ameaçamos alguém para que pague uma dívida (legítima), incorremos no delito deexercício arbitrário das próprias razões; ao momento em que atribuímos adjetivações depreciativas à outra pessoa, ofendendo a sua dignidade ou decoro, praticamos o crime deinjúria; se registramos informação não verdadeira ou omitirmos informação em documento, desde que “com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante”, cometemos o crime de falsidade ideológica (declarar, não sendo verdade, que fulano reside no seu endereço, por exemplo); se fizermos afirmação falsa ou negamos a verdade como testemunha, em processo judicial, ou administrativo, ou mesmo em Inquérito Policial, incorremos no crime de falso testemunho; caso o funcionário público (também o equiparado) se apropria de qualquer valor ou bem de que tem a posse em razão do cargo, em proveito próprio ou alheio, está ele a praticar o crime de peculato. E aqui vale um destaque especial: dificilmente existe servidor público no Brasil que não tenha se enquadrado (ao menos formalmente) nesta infração penal. Basta verificar se ele (o servidor) procede a impressões para fins particulares (seja para estudo, seja para questões outras). Por óbvio que o infrator estatal irá dizer: “mas o prejuízo aqui é irrelevante!”. Sim, concordamos. Porém, muitos desses servidores que frequentemente se valem desse expediente para a solução de questões particulares, são implacavelmente intolerantes com os autores de furtos de bagatela, não hesitando e atribuir-lhes a pecha de “bandidos”.

Além disso, há delitos comumente praticados por aqueles (e, especialmente, por eles) que se dizem “homens bons” e que negam peremptoriamente a carapuça de “criminoso” por sobre suas cabeças: crimes ambientais, crimes de sonegação fiscal, crimes de drogas (usar medicamento controlado pela ANVISA – Portaria 344/98) sem receita (por exemplo, para dormir), crimes de abuso de autoridade, tráfico de influência, exploração de prestígio, descaminho, ameaça, corrupção (ativa e passiva), falsidade documental e outras práticas bastante corriqueiras que se extrai do cotidiano dos auto-intitulados tolerantes “cidadãos de bem”.

O fato é que TODOS NÓS praticamos comportamentos como esses (tipificados penalmente) sem que tenhamos conta de que a impunidade que criticamos em alto tom e aos quatro cantos do Brasil aqui nos favorece. E então, somos criminosos? A resposta é: depende. Se o conceito desta categoria é diagnosticado pela prática da infração penal, a resposta fatalmente será SIM.

Vejam que a gama de tipos penais é tão vasta que se todos os furtos, falsidades, abortos, receptações, corrupções, lesões corporais, ameaças, ou seja, se todas as práticas de infrações penais fossem concretamente criminalizadas, praticamente não haveria habitante que não fosse, por diversas vezes, criminalizado.

Então, caso o leitor, fã da repressão e aprisionamento acredite no cárcere como instrumento de transformação do ser humano (para melhor, é claro) tenha alguma vez praticado algum dos comportamentos registrados acima ou ainda, qualquer outro que se encaixe formalmente num tipo penal, perguntamos: quanto tempo atrás das grades seria necessário para você se tornar um verdadeiro “homem de bem”? Ou, você é um delinquente que não merece repressão e que se vale da impunidade que tanto critica?

Pois é. Para acabar com a criminalidade (por completo), como prega insistentemente o “homem de bem”, ao que parece, seria necessário exterminar com uma das fontes de criminalização: ou com o objeto criminalizador (Direito Penal) ou com o sujeito criminalizado (ser humano). Simples assim.

Vejam, então, que o discurso ancorado no tripé endurecimento das leis, repressão penal e encarceramento desfigura a realidade, sobretudo, porque não serve nem mesmo para quem o sustenta. Conforme anotam Hassemer e Muñoz Conde, não existe nenhuma sociedade sem crimes. Os crimes estão intimamente ligados ao processo de socialização dos indivíduos, de forma que o conflito tem de desempenhar um papel e até mesmo uma missão na manutenção e evolução da sociedade. Este, aliás, é o lugar onde a sociologia funcionalista desenvolve sua tese sobre a normalidade do crime: conceber a sociedade como um sistema de pessoas inter-relacionadas. E o que isso quer dizer? Especialmente, que “não há nenhum fenômeno que inevitavelmente mostre todos os sintomas de crime”. Estanquemos essa ingenuidade (ou má-fé, a depender de quem discursa), pois o desvio tem origem na distribuição de papéis dentro de qualquer sociedade.

Agora, se você, homem de bem, diz-se ainda “cristão” e “não delinquente”, procure utilizar dos (SEUS) conceitos de “ser cristão” e “ser criminoso” para aquele contra quem você brada por repressão e cárcere. O que não é razoável é o incremento de dois discursos: um, que atende aos seus interesses mais próximos; outro, para quem se pretende manter distância. Neste caso, além de delinquente, você comportaria um grau elevadíssimo de hipocrisia e, então, tomando-se por base o logicismo de Russell, conveniaria atribuir-te uma tríplice adjetivação nos seguintes termos: “não cristão”, “delinquente” e “hipócrita”.

Para finalizar, e em homenagem ao “homem-de-bem”, uma reflexão brechtiana intitulada “Perguntas a um bom homem” serve aqui:


Avança: ouvimos dizer que és um homem bom.

Não te deixas comprar, mas o raio que incendeia a casa, também não pode ser comprado.

Manténs a tua palavra. Mas que palavra disseste?

És honesto, dás a tua opinião. Mas que opinião?

És corajoso. Mas contra quem?

És sábio. Mas para quem?

Não tens em conta os teus interesses pessoais. Que interesses consideras, então?

És um bom amigo. Mas serás também um bom amigo de gente boa?

Agora, escuta:

Sabemos que és nosso inimigo. Por isso, vamos encostar-te ao paredão.

Mas tendo em conta os teus méritos e boas qualidades, vamos encostar-te a um bom paredão e matar-te com uma boa bala de uma boa espingarda e enterrar-se com uma boa pá na boa terra.

Referências Bibliográficas

RUSSELL, Bertrand. Porque não sou cristão: e outros ensaios sobre religião e assuntos correlatos. Tradução de Brenno Silveira. Livraria Exposição do livro, 1972, p. 14-15. CHAVES JUNIOR, Airto; OLDONI, Fabiano. Para que(m) serve o Direito penal: uma análise criminológica da seletividade dos segmentos de controle social. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2014, p. 174-175.

ZAFFARONI, Eugênio Raúl. Em busca das penas perdidas: a perda da legitimidade do sistema penal. Tradução de Vânia Romano Pedrosa e Amir Lopes da Conceição. 5. ed. Rio de Janeiro: Revan, 2001, p. 26.

HASSEMER, Winfried; MUÑOZ CONDE, Francisco. Introducción a la Criminologia y al Derecho Penal. Valencia: Tirant lo Blanch, 1989, p. 38-39.

Bertolt Brecht, citado por Slavoj Zizek, inViolência: seis reflexões laterais. Tradução de Miguel Serras Pereira. São Paulo: Boitempo, 2014, p. 41-43.

Jogos Antigos #2: Chrono Trigger


Produtora Square
Editora(s) Square
Plataforma(s) Super Nintendo,PlayStation, NDS, iOS e Android
Gênero(s) RPG
Modos de jogo Single Player
Número de jogadores 1

Chrono Trigger é um jogo de RPG eletrônico. Foi lançado para o console Super Nintendo no Japão em março de 1995, e uma versão aprimorada para PlayStation foi lançada em novembro de 1999. Uma outra versão do jogo para o console portátil Nintendo DS foi lançada em 25 de novembro de 2008 no Japão e um dia depois nos EUA. O jogo foi revolucionário para a época e exige bastante do console, é considerado por muitos um dos melhores jogos já feitos na histórias dos games, senão o melhor.

O jogo foi desenvolvido por uma equipe que foi apelidada de Equipe dos Sonhos (The Dream Team): Hironobu Sakaguchi(produtor da série Final Fantasy), Yuji Horii (diretor da série de jogos Dragon Quest), Akira Toriyama (criador de mangás famosos, como Dragon Ball e Dr. Slump), o produtor Kazuhiko Aoki e Nobuo Uematsu (músico de Final Fantasy). Toda a equipe trabalhou com a idéia de que este jogo teria de ser revolucionário, envolvendo múltiplos fins, uma história dramática, um bom sistema de batalhas e belos gráficos. No jogo há inúmeras referências a eventos e nomes de mitologias, lendas e História. A trilha sonora de Chrono Trigger é considerada uma obra prima e rendeu um CD triplo no Japão, tornando-se uma das trilhas de video-games de maior sucesso da história. Este trabalho foi a estréia do compositor Yasunori Mitsuda que contou com o auxílio do veterano Nobuo Uematsu, responsável por outras trilhas de jogos clássicos da Square como Final Fantasy e Secret of Mana.



Voce sabe o que Bolivarianismo?



Por Marsílea Gombata
Da Carta Capital
Após ser apropriado pelo ex-presidente venezuelano Hugo Chávez, o termo originado do sobrenome do libertador Simón Bolívar aterrissou no debate político brasileiro. São frequentes as acusações de políticos de oposição e da mídia contra o governo federal petista. Lula e Dilma estariam "transformando o Brasil em uma Venezuela". Mas o que é o tal bolivarianismo de que tanto falam? É um palavrão? O Brasil é uma Venezuela? Bolivarianismo é sinônimo de ditadura comunista? Antes de sair por aí repetindo definições equivocadas, leia as respostas abaixo:
O que é bolivarianismo?
O termo provém do nome do general venezuelano do século XIX, Simón Bolívar, que liderou os movimentos de independência da Venezuela, da Colômbia, do Equador, do Peru e da Bolívia. Convencionou-se, no entanto, chamar de bolivarianos os governos de esquerda na América Latina que questionam o neoliberalismo e o Consenso de Washington (doutrina macroeconômica ditada por economistas do Fundo Monetário Internacional - FMI - e do Banco Mundial).
Bolivarianismo e ditadura comunista são a mesma coisa?
Não. Mesmo considerando a interpretação que Chávez deu ao termo, o que convencionou-se chamar bolivarianismo está muito longe de ser uma ditadura comunista. As realidades de países que se dizem bolivarianos, como Venezuela, Bolívia e Equador, são bem diferentes da Rússia sob o comando de Stalin ou mesmo da Romênia sob o regime de Nicolau Ceausescu. Neles, os meios de produção estavam nas mãos do Estado, não havia liberdade política ou pluralidade partidária e era inaceitável pensar diferentemente da ideologia dominante do governo. Aqueles que o faziam eram punidos ou exilados, como os que eram enviados para o gulag soviético, campo de trabalho forçado símbolo da repressão ditatorial da Rússia. Na Venezuela, por exemplo, nada disso acontece. A oposição tem figuras conhecidas como Henrique Capriles, Leopoldo López e Maria Corina Machado. Cenário semelhante ocorre na Bolívia, no Equador e também no Brasil, onde há total liberdade de expressão, de imprensa e de oposição ao governo.
Foi Chávez quem inventou o bolivarianismo?
Não. O que o então presidente venezuelano Hugo Chávez fez foi declarar seu país uma "república bolivariana". A mesma retórica foi utilizada pelos presidentes Rafael Correa (Equador) e Evo Morales (Bolívia). A associação entre bolivarianismo e socialismo, no entanto, é questionável segundo a própria biógrafa de Bolívar, a jornalista peruana Marie Arana, editora literária do jornal americano The Washington Post. De acordo com ela, esse “bolivarianismo” instituído por Chávez na Venezuela foi inspirado nos ideais de Bolívar, tais como o combate a injustiças e a defesa do esclarecimento popular e da liberdade. Mas, segundo a biógrafa, a apropriação de seu nome por Chávez e outros mandatários latinos é inapropriada e errada historicamente: “Ele não era socialista de forma alguma. Em certos momentos, foi um ditador de direita”.
O que se tornou o bolivarianismo na Venezuela?
Quando assumiu a Presidência da República em 1999, Chávez declarou-se seguidor das ideias de Bolívar. Em seu governo uma assembleia alterou a Constituição da Venezuela de 1961 para a chamada Constituição Bolivariana de 1999. O nome do país também mudou: era Estado Venezuelano e tornou-se República Bolivariana da Venezuela. Foram criadas ainda instituições de ensino com o adjetivo, como as escolas bolivarianas e a Universidade Bolivariana da Venezuela.
Mas esse regime que Chávez chamava de bolivarianismo era comunista?
Não, apesar de o ex-presidente venezuelano ter usado o termo "Revolução Bolivariana" para referir-se ao seu governo. A ideia era promover mudanças políticas, econômicas e sociais como a universalização à educação e à saúde, além de medidas de caráter econômico, como a nacionalização de indústrias ou serviços. Chávez falava em "socialismo do século XXI", mas o governo venezuelano continua permitindo a entrada de capital estrangeiro no País, assim como a parceria com empresas privadas nacionais e estrangeiras. Empreiteiras brasileiras, chinesas e bielo-russas, por exemplo, constroem moradias para o maior programa habitacional do país, o Gran Misión Vivienda Venezuela, inspirado no brasileiro Minha Casa Minha Vida.
O Brasil "virou uma Venezuela"?
Esta afirmação não faz sentido. O Brasil é parceiro econômico e estratégico da Venezuela, mas as diretrizes do governo Dilma e do governo de Nicolás Maduro são bastante distintas, tanto na retórica quanto na prática.
Os conselhos populares são bolivarianos?
Não, e aqui o engano vai além do uso equivocado do adjetivo. Parte da Política Nacional de Participação Social, os conselhos populares seriam a base de um complexo sistema de participação social, com a finalidade de aprofundar o debate sobre políticas públicas com representantes da sociedade civil. Ao contrário do alegado por opositores, os conselhos de participação popular não são uma afronta à democracia representativa. Conforme observou o ex-ministro e fundador do PSDB Luiz Carlos Bresser-Pereira, os conselhos estabeleceriam “um mecanismo mais formal por meio do qual o governo poderá ouvir melhor as demandas e propostas [da população]”.