domingo, 4 de outubro de 2015

Anacronismo o que é?


O anacronismo consiste em utilizar os conceitos e ideias de uma época para analisar os fatos de outro tempo. Ele deve ser evitado em qualquer pesquisa.

O anacronismo ou anticronismo consiste basicamente em utilizar os conceitos e idéias de uma época para analisar os fatos de outro tempo. Em outras palavras, o anacronismo é uma forma equivocada onde tentamos avaliar um determinado tempo histórico à luz de valores que não pertencem a esse mesmo tempo histórico. Por mais que isso pareça um erro banal ou facilmente perceptível, devemos estar atentos sobre como o anacronismo interfere no nosso estudo da História.

Por um lado, os historiadores, no desafio diário de suas pesquisas, tentam sempre escapar do problema do anacronismo. Esse seria um “erro mortal” a ser evitado em toda e qualquer pesquisa séria e bem executada. Ao contrário do que possa parecer, esse problema não só atinge os profissionais da História, mas também é encontrado no dia a dia das salas de aula. De forma geral, muitos alunos costumam tecer comentários sobre o passado com base nos seus próprios valores.

É comum vermos os alunos reclamarem sobre como os portugueses conseguiam, mesmo sendo minoria, dominarem a imensa população de escravos do Brasil. Outros se questionam sobre como a Igreja tinha tanto poder durante a Idade Média. Ao estudarem a democracia em Atenas, não acreditam como os atenienses reconheciam como democrático um regime que excluía as mulheres e estrangeiros das questões políticas.

Ao fazerem esse tipo de crítica não percebem que os conceitos de igualdade, razão e democracia por eles utilizados foram concebidos tempos depois das experiências aqui exemplificadas. Desse modo, desconsideram as idéias e conceitos que deveras poderiam justificar os hábitos no Brasil Colônia, na Idade Média ou na Antiguidade Clássica. Ao mesmo tempo, não levam em conta que o homem interpreta o passado e dessa maneira acaba criando uma nova compreensão do mesmo.

Um dos mais amplos exemplos desse tipo de prática é percebido no século XVIII, no auge do pensamento iluminista. Elegendo a razão como a melhor das ferramentas do intelecto humano, os iluministas consideravam a religiosidade como um grande entrave ao conhecimento e o saber. Dessa maneira, interpretava-se a Idade Média como a “idade das trevas”, onde a crença e a religiosidade obscureciam a visão do homem.

No entanto, ao desmerecerem o passado medieval, os iluministas ignoravam toda a contribuição dos filósofos medievais e o fato de que as primeiras universidades da Europa surgem nessa mesma ”idade das trevas”. Nessa perspectiva, podemos considerar também que o iluminismo, na ânsia de seu racionalismo, deixava de olhar de forma mais compreensiva para as características próprias da Idade Medieval.

Detectando essa falha interpretativa poderíamos concluir que o anacronismo deve ser complemente banido da História. No entanto, seria impossível então olhar o passado com os valores do nosso presente? Provavelmente não. Se por um lado não podemos cometer o erro do anacronismo, também nunca conseguiríamos saber literalmente como pensavam os indivíduos de uma determinada época. Dessa forma, como evitar o anacronismo?

O anacronismo não pode ser considerado um “fantasma” que persegue estudantes e historiadores. Antes disso, devemos colocar os valores do nosso tempo como um ponto de referência pelo qual poderíamos entender melhor o passado. Comparando as diferenças entre os conceitos de dois tempos históricos diferentes, podemos estabelecer o diálogo das nossas expectativas para com o passado sem desconsiderar os valores do mesmo. Assim, o anacronismo deixa de ser uma armadilha e transforma-se em uma importante ferramenta para a compreensão histórica.

Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola


História - Brasil Escola

sábado, 26 de setembro de 2015

Grécia Antiga: Atenas

a) Localização: região da Ática.


b) Formação: fundada pelos jônios por volta do século X a.C. (Bem próxima do litoral, Atenas possuía o porto de Pireu, que favoreceu o comércio marítimo. Estabelecida numa planície fértil, a cidade contava também com áreas para a agricultura e era protegida por montanhas.




c) Aspectos sociais:


I. Cidadãos – tinha direito de participar da vida política da cidade e possuir terras. Os cidadãos atenienses que se dedicavam às atividades comerciais e bancárias eram malvistos pela sociedade. Por essa razão, os estrangeiros e os escravos predominavam nesse tipo de trabalho. Para os atenienses, o conceito de cidadania estava ligado ao de liberdade e ao de origem. Somente os homens adultos, filhos de pais atenienses, eram cidadãos e podiam votar e ser votados nas assembleias, além de se tornarem magistrados. Os cidadãos mais ricos eram em geral os grandes proprietários de terras. Eles viviam principalmente nas cidades, onde se dedicavam à política, às artes, à filosofia e praticavam exercícios físicos. Os cidadãos menos ricos podiam ser donos de uma pequena oficina, onde trabalhavam com a ajuda da família e de poucos escravos. Podiam ser ainda donos de pequenos lotes agrícolas. Havia também cidadãos mais pobres que trabalhavam em troca de salário. Mulheres, escravos e estrangeiros não tinham direito à cidadania. Eram excluídos da vida política.


II. Os estrangeiros, ou metecos - não podiam se casar com cidadãos da pólis, mas eram obrigados a prestar serviço militar e a pagar um imposto pessoal. Seus descendentes não podiam possuir terras dentro da cidade. Muitos deles trabalhavam no comércio, no artesanato e no empréstimo de dinheiro a juros. Mas havia metecos donos de grandes fortunas e outros que trabalhavam em troca de salário.


III. Escravos - tinham várias origens, podiam ser comprados dos povos orientais, ser prisioneiros de guerra ou ainda homens livres que se tornavam escravos quando devedores. Esse era o caso do pequeno camponês que fazia empréstimos para comprar sementes ou alimento e não conseguia pagar suas dívidas. O fato de não cumprir um dever – o pagamento da dívida – tornava-o um cidadão indigno de sua cidadania, e a escravidão era vista como o único jeito de puni-lo. Os escravos não possuíam nenhum direito nem podiam, pelo menos no início, se libertar. Eram considerados bens, instrumentos de trabalho, mercadorias que pertenciam aos cidadãos gregos. Faziam todo o trabalho pesado nos campos, trabalhavam também com artesanato, em lojas, em barcos e na mineração. Para os gregos, o escravo era aquele que, privado de sua liberdade, era obrigado a trabalhar sob o domínio de outra pessoa. Eles eram, em grande parte, os responsáveis pelo funcionamento da vida dos cidadãos em Atenas, já que estes, com escravos para trabalhar, podiam se dedicar a atividades políticas e militares, pois entre os gregos havia uma noção geral de que todas as atividades que fossem voltadas a atender às necessidades físicas do corpo impediriam o pleno exercício da liberdade. E aqueles que não participavam da vida política de uma cidade, que não eram cidadãos, portanto, mereciam a condição de escravos.


d) Aspectos econômicos: destacou-se no artesanato e no comércio. Os artesãos trabalhavam em pequenas oficinas, que produziam cerâmicas, armas, tecidos etc. Os vasos gregos eram, em geral, pintados com cenas míticas ou ilustrações da vida cotidiana. Os comerciantes navegavam pelo mar Mediterrâneo vendendo produtos atenienses e comprando alimentos, madeira e cobre. Os gregos usavam moedas de prata como pagamento. No campo, os agricultores cultivavam a uva e a oliva, matérias-primas para a fabricação do vinho e do azeite. O trigo, produto mais importante da alimentação ateniense e matéria-prima do pão, vinha sobretudo de colônias espalhadas pelo Mediterrâneo.


O enriquecimento da cidade


A colonização de novas terras possibilitou:
ü Que o comércio entre as cidades crescesse e a riqueza fosse distribuída para indivíduos fora das elites.
ü Os proprietários tornavam-se cada vez mais ricos, assim como os comerciantes. Estes começaram a exigir participação política, uma vez que tinham cada vez mais dinheiro e contribuíam para o crescimento da cidade. No entanto, isso era impensável, uma vez que, para os atenienses, um estrangeiro nunca poderia ser cidadão e participar da política.
ü Com o enriquecimento da cidade também crescia o número de escravos, insatisfeitos com sua condição de vida.
Isso contribuiu para aumentar as tensões sociais e econômicas em Atenas.


Constituição da democracia ateniense


A partir do final do século VII, legisladores e tiranos procuraram resolver as tensões entre os cidadãos e os não cidadãos:


Drácon – 620 a.C.
ü Elaborou um código de leis escrito. (A legislação previa penas extremamente rigorosas para quem as violasse. Drácon apenas registrou os costumes tradicionais. Assim, as tensões permaneceram).


Sólon – 594 a.C.
ü Aboliu a escravidão por dívidas, que afetava muitos camponeses pobres,
ü substituiu o critério de nascimento pelo de riqueza para o acesso a cargos públicos, dando assim maior poder para a aristocracia, dividiu os cidadãos em quatro classes de proprietários, conforme o padrão de renda.
ü Estabeleceu também que indivíduos mais pobres pudessem votar na assembleia popular – a ekklésia –, que escolhia os magistrados.
ü Criou ainda a boulé, conselho composto de 400 membros escolhidos pela ekklésia (Esse conselho elaborava as leis a serem votadas pela ekklésia).
As reformas de Sólon não satisfizeram a todos, permitindo a ascensão de tiranos.


Pisístrato – 560 a.C.
ü Limitou os poderes da aristocracia.
ü Instituiu também o crédito para o pequeno camponês.
Pisístrato foi sucedido por seus filhos.


Hípias e Hiparco
Não deram prosseguimento às reformas do pai, gerando insatisfação popular.


Clístenes – 510 a.C.
ü Estabeleceu o regime democrático baseado na isonomia, ou seja, na igualdade dos cidadãos perante a lei.
ü Dividiu os cidadãos atenienses em dez grupos, misturando pessoas de condições diferentes. Formavam-se assim os demos, as unidades administrativas que cuidavam da cidade, e serviram principalmente para quebrar o poder da aristocracia.
ü Aumentou o número de participantes da boulé para 500 membros, o que tornou a participação política mais abrangente e possibilitou que os cidadãos mais pobres também fossem parte ativa da vida política. Desse modo, qualquer indivíduo, rico ou pobre, podia ser magistrado. Daí o nome desse tipo de governo: democracia (demos, o povo; kratos, poder).
No entanto, essa democracia não era um sistema político que admitia a participação de todos os habitantes. Os cidadãos que gozavam de completa liberdade e participavam das decisões políticas eram atenienses ricos e pobres (que eram incentivados a participar da política), nunca estrangeiros, mulheres ou escravos. O governo de Clístenes, porém, trouxe para os cidadãos estabilidade social e expansão econômica.


Péricles – 446 a.C.
O regime democrático em Atenas atingiu seu auge sob a liderança de Péricles por volta do ano 446 a.C.
ü Instituiu um pagamento para aqueles que exerciam funções públicas, os membros da boulé, e para os juízes. As pessoas mais pobres podiam servir à pólis sem que se prejudicassem financeiramente.
ü Consolidou a hegemonia de Atenas e incentivou a expansão das colônias gregas pelo mar Egeu. Intensificou também a construção naval. Seu governo imprimiu tanto desenvolvimento político, econômico e cultural a Atenas que o período ficou conhecido como “o século de Péricles”.


Instituições políticas de Atenas:


Eklesia
ü Assembléia de todos os cidadãos que escolhia os magistrados;
ü Responsáveis pela aprovação de leis que eram criadas pela Boulé;


Boulé
ü Conselho composto por 500 membros escolhidos pela Eklesia;
ü Responsáveis por criar as leis que eram votadas pelas Eklesia.


Helieia
ü Instituição composta por 6000 juízes;
ü Funcionava como um tribunal supremo de Atenas;
ü Responsáveis por julgar os crimes;
ü Tribunal era composto de 6.000 membros, escolhidos localmente por sorteio entre todos os cidadãos com mais de 30 anos de idade


Magistrados:


Estrategos
ü Chefes militares e políticos.


Arcontes
ü Exerciam função religiosa e também judicial.


Areópago
ü Composto por antigos arcontes.
ü Julgava crimes graves.


Helieu
ü Composto por 6000 membros.
ü Responsáveis por julgar os crimes mais vulgares.


Os conflitos da época clássica


O século V a.C. – da democracia ateniense, das artes e das ciências que se desenvolveram e do comércio entre as cidades-Estado – é considerado o período clássico da história grega. Mas esse século também foi marcado por muitos conflitos. No início do século V a.C., os persas, que dominavam um vasto império no Oriente Médio, ameaçaram a independência das cidades-Estado gregas. Estas se aliaram para conter o avanço inimigo. O objetivo dos persas era conquistar as terras gregas com saída para o mar, de forma a dominar o comércio no mar Egeu. Expandindo-se em direção à Europa, eles conquistaram Mileto, Éfeso, Samos e outras colônias gregas da Ásia Menor. O conflito com os persas resultou em guerras que se prolongaram por mais de quatro décadas e ficaram conhecidas como Guerras Médicas (de 490 a.C. a 448 a.C.). Os persas foram expulsos de todos os territórios gregos em 448 a.C. foi a vitória da pólis grega, das cidades-Estado independentes, sobre o império bárbaro.


A vitória grega e a hegemonia de Atenas


Durante as Guerras Médicas, Atenas, uma das cidades que mais contribuíram para a derrota e expulsão dos persas, formou sob seu comando uma liga defensiva com as cidades do mar Egeu e da Ásia Menor: a Liga de Delos. As cidades membro dessa liga deviam fornecer navios, soldados e dinheiro (guardado no templo da ilha de Delos) para se defender dos ataques estrangeiros. No entanto, Atenas passou a usar o tesouro da liga em benefício próprio. Com os fundos arrecadados, Atenas construiu uma grande frota que lhe permitiu controlar todo o mar Egeu. Também com o dinheiro dos fundos, Péricles mandou reconstruir o Parthenon na acrópole para substituir o antigo templo, destruído pelos persas. Esse templo serviu também para guardar as moedas e os metais preciosos que vinham da ilha de Delos. Péricles reuniu arquitetos, escultores, pintores, carpinteiros, operários e outros profissionais para reconstruir a cidade. Além de embelezar a pólis, fortificou Atenas e o porto de Pireu com muralhas. As contribuições das outras cidades acabaram se transformando em uma obrigação, ou seja, em impostos. Atenas tornou-se próspera e poderosa, impondo sua hegemonia ao mundo grego, o que aumentou a rivalidade entre espartanos e atenienses. Essa tensão desencadeou aGuerra do Peloponeso, que durou vários anos e envolveu quase todo o mundo grego.


A Guerra do Peloponeso (de 431 a.C. a 404 a.C.)


A ação imperialista de Atenas provocou a reação das cidades aliadas. Entre 431 a.C. e 430 a.C., no tempo das colheitas, Atenas foi atacada quatro vezes por Esparta, apoiada pela maior parte das cidades-Estado gregas. Com isso, eles pretendiam desabastecer os atenienses, forçando-os a abandonar a segurança das muralhas da pólis. Mesmo assim, as frotas atenienses conseguiram evitar a tomada da cidade. As lutas prosseguiram até 421 a.C., quando foi assinado um tratado de paz entre Atenas e Esparta conhecido como a Paz de Nícias. Entre 415 a.C. e 413 a.C., Esparta voltou a enfrentar os atenienses, que tiveram seu exército e sua frota destruídos. A cidade resistiu por mais algum tempo. Finalmente, entre 406 a.C. e 404 a.C., as muralhas atenienses vieram abaixo, e a cidade foi obrigada a aceitar os termos de paz impostos por Esparta. Terminava, assim, a hegemonia de Atenas no mundo grego, dando lugar ao predomínio de Esparta.


Hegemonias: Esparta e Tebas


Terminada a Guerra do Peloponeso, Esparta submeteu algumas das cidades Estado gregas, antes aliadas de Atenas, aliando-se com os persas nesses confrontos. Em 371 a.C., a pólis de Tebas, cidade do golfo de Corinto localizada a 60 quilômetros de Atenas, venceu a batalha de Leuctras contra Esparta, dando fim ao domínio espartano. Foi o começo da hegemonia tebana, que durou de 371 a.C. a 363 a.C. Porém, Esparta e Atenas, descontentes, aliaram-se e atacaram os tebanos em 362 a.C., na batalha de Mantineia. Apesar da vitória de Tebas, foi assinado um acordo de paz pelo qual nenhuma cidade-estado tentaria impor seu domínio sobre as outras. Encerrou-se assim a hegemonia de Tebas. No entanto, todas essas lutas e hegemonias causaram a morte de milhares de pessoas, provocando o enfraquecimento econômico e político das cidades-Estado gregas. O comércio com o exterior estava paralisado, assim como a produção artesanal e a agricultura. Muitos escravos aproveitaram essa desorganização para fugir. Isso proporcionou a um povo que vivia ao norte da Grécia, os macedô-nios, a conquista do mundo grego, acabando com a independência das pólis.


REFERÊNCIAS


AZEVEDO, Gislane Campos; SERIACOPI, Reinaldo. Projeto Teláris: história 6° ano. São Paulo: Ática, 1º ed., 2012.


CAPELLARI, Marcos Alexandre; NOGUEIRA, Fausto Henrique Gomes. História: ser protagonista - Volume único. Ensino Médio. 1ª Ed. São Paulo: SM. 2010.


COTRIM, Gilberto. História Global – Brasil e Geral. Volume Único. Ensino Médio. 8ª Ed. São Paulo: Saraiva 2005.


MOZER, Sônia & TELLES, Vera. Descobrindo a História. São Paulo: Ed. Ática, 2002.


PILETTI, Nelson & PILETTI, Claudico. História & Vida Integrada. São Paulo: Ed. Ática, 2002.


Projeto Araribá: História – 6° ano. /Obra coletiva/ São Paulo: Editora Moderna, 2010. Editora Responsável: Maria Raquel Apolinário Melani.


Uno: Sistema de Ensino – História – 6° ano. São Paulo: Grupo Santillana, 2011. Editor Responsável: Angélica Pizzutto Pozzani.



VICENTINO, Cláudio. Viver a História: Ensino Fundamental. São Paulo: Ed. Scipione, 2002.

Grécia Antiga: Esparta

a) Localização: sudoeste do Peloponeso, na região da Lacônia, cercada por montanhas e sem saída para o mar.


b) Formação: Por volta do século XII a.C., foi conquistada pelos dórios, povo guerreiro que deu à cidade suas principais características.




c) Aspectos Sociais:
I. Cidadãos, espartanos ou espartíatas - eram descendentes dos antigos dórios e formavam a classe dos iguais: aaristocracia. Só eles podiam participar da vida política da cidade, em uma assembleia chamada ápela.
II. Periecos - descendiam dos povos que se submeteram aos dórios. Eram homens livres que se dedicavam ao comércio e ao artesanato ou possuíam pequenas propriedades agrícolas, mas eram obrigados a cultivar um lote especial de sua propriedade para os reis espartanos. Em época de guerra, os periecos também participavam do exército.
III. Hilotas - população servil, descendente de povos que resistiram ao domínio dos dórios, sendo privados de seus bens e da liberdade. Formavam a maior parte da população. Eram obrigados a trabalhar nas terras do Estado e dos cidadãos espartanos e não podiam abandonar as terras. Como consequência disso, houve muitos conflitos entre espartanos e hilotas.


d) Aspectos Políticos:


Ø Diarquia - o poder era exercido por dois reis, que acumulavam funções militares e religiosas.


Ø Ápela - era mais uma reunião de soldados do que um lugar de debate político.


Ø Gerúsia - era uma espécie de conselho formado por 28 anciãos com mais de 60 anos, membros das famílias mais ricas. Sua função era a de elaborar as leis.


Ø Eforato - era formado por cinco membros, os éforos, que executavam as decisões da gerúsia. Eles eram eleitos pela assembleia de todos os cidadãos guerreiros.


Governo Oligárquico - A maior parte dos habitantes de Esparta não tinha nenhum tipo de participação política, pois vinham quase sempre de cidades conquistadas pelos espartanos, o que os levava a serem considerados inferiores. Por isso, o governo espartano era oligárquico, ou seja, exercido por uma minoria.


e) A educação dos espartanos e a formação dos cidadãos


Ø Quando nascia - A criança era levada ao lugar onde se reuniam os mais velhos, que a examinavam. Caso apresentasse alguma deformidade, o recém-nascido era morto. Se o considerassem saudável, ficava sob os cuidados da mãe. As crianças dedicavam-se ao exercício militar e habituavam-se a suportar o frio, o cansaço, a fome e uma disciplina bastante rigorosa.


Ø As meninas também praticavam atividades físicas, mas com o objetivo de gerar filhos fortes e saudáveis.


Ø Aos 7 anos - Os meninos espartanos eram levados para um tipo de quartel ou acampamento nas montanhas onde ficava aos cuidados do polemarco. Lá, eles aprendiam a ler, a contar e a escrever, além de estudar literatura e música. Também praticavam exercícios físicos para crescerem fortes e prontos para a guerra. Sua instrução incluía o manejo de armas, corridas, saltos, lançamentos de disco e de dardos, além de esgrima. Viviam descalços e com poucas roupas, em casernas sem conforto, para habituarem o corpo às dificuldades e às privações.


Ø Aos 16 anos - Os meninos também passavam por várias provas de iniciação era a críptia: à noite, eles deveriam buscar alimentos sem serem pegos. O objetivo mais importante da prova era fortalecer o caráter do jovem, que deveria saber como traçar estratégias para não ser capturado. Os que não fossem considerados aptos para a guerra caíam numa condição inferior dentro do grupo de espartanos. Depois de receber essa formação, era considerado cidadão com direito a participar da ápela.


Criptéia (Consistia numa matança periódica de hilotas. à noite, eles deveriam buscar alimentos sem serem pegos. O objetivo mais importante da prova era fortalecer o caráter do jovem, que deveria saber como traçar estratégias para não ser capturado. O medo presente entre os espartanos de uma grande rebelião dos hilotas, assim era importante controlar o seu crescimento populacional eliminando de tempos em tempos uma parcela. As kríptias também teriam uma grande importância na formação do soldado, já que através delas, Os jovens aprendizes poderiam viver a experiência de matar homens, necessidade constante de qualquer sociedade belicosa).


Ø Aos 18 anos - Voltavam para Esparta era considerado um soldado.


Ø Aos 20 anos - O jovem ingressava no exército.


Ø aos 30 anos - Recebia permissão para casar, mas visitava a esposa secretamente. Recebia de presente uma área de terra e alguns hilotas. Ficava proibido por lei de praticar outra atividade que não fosse a militar: todo espartíata era essencialmente guerreiro. Esparta possuía o exército mais poderoso da Grécia. Contava com 30 mil homens de infantaria (hoplitas) e 500 de cavalaria, sempre prontos para a guerra. Voltados para o combate, os cidadãos espartanos sobreviviam basicamente de produtos cultivados pelos hilotas.


Valores espartanos:


ü Guerra e preparação militar - Praticamente todas as atividades promovidas pelo Estado e pelos espartanos estavam direta ou indiretamente ligados a guerra, o ambiente era sempre marcado por jogos, exercícios, treinamentos e preparação para os confrontos. Morrer em uma guerra era uma honra para um espartano. Morrer de velhice ou de doença era desonroso. (Hoplita era, o soldado de infantaria pesada. Seu nome provém do grande escudo levado para as batalhas: o hóplon).


ü Patriotismo - O mais alto valor para um espartano deveria ser Esparta, sua pátria.


ü Xenofobia (aversão ao estrangeiro) - Poucos estrangeiros circulavam pela cidade e não eram vistos com bons olhos pelos espartanos que receavam a espionagem.


ü Eugênia - Os espartanos tinham uma preocupação muito grande com a qualidade da “raça”. Para que tivessem um exército forte era necessário a união material humano de primeira linha, dessa maneira, mantinham um acompanhamento cuidadoso a gravidez de suas mulheres que eram levadas a fazer exercícios para uma melhor gestação, ao nascer a criança era avaliada por uma comissão de anciãos que procuravam observar se o recém-nascido apresentava saúde perfeita, caso contrário, seriam executados (infanticídio).


ü Laconismo - Ao contrário dos atenienses, que desde muito cedo estudavam retórica e eloquência, objetivando o aprimoramento de seu discurso, em Esparta os soldados caracterizavam-se pelo hábito de falar pouco.


A mulher espartana


No mundo antigo, de um modo geral, as mulheres eram percebidas como inferiores aos homens, permanecendo sujeitas a sua vontade do nascimento até a morte.Em Esparta, especificamente, o gênero feminino apresentava pequenas regalias em relação ao restante da Grécia. Por ser responsável pela procriação - fornecimento de novos soldados, portanto -, a mulher de um cidadão era tratada com diversos cuidados durante sua gestação, praticando inúmeros exercícios físicos e recebendo o acompanhamento adequado.


REFERÊNCIAS


AZEVEDO, Gislane Campos; SERIACOPI, Reinaldo. Projeto Teláris: história 6° ano. São Paulo: Ática, 1º ed., 2012.


CAPELLARI, Marcos Alexandre; NOGUEIRA, Fausto Henrique Gomes. História: ser protagonista - Volume único. Ensino Médio. 1ª Ed. São Paulo: SM. 2010.


COTRIM, Gilberto. História Global – Brasil e Geral. Volume Único. Ensino Médio. 8ª Ed. São Paulo: Saraiva 2005.


MOZER, Sônia & TELLES, Vera. Descobrindo a História. São Paulo: Ed. Ática, 2002.


PILETTI, Nelson & PILETTI, Claudico. História & Vida Integrada. São Paulo: Ed. Ática, 2002.


Projeto Araribá: História – 6° ano. /Obra coletiva/ São Paulo: Editora Moderna, 2010. Editora Responsável: Maria Raquel Apolinário Melani.


Uno: Sistema de Ensino – História – 6° ano. São Paulo: Grupo Santillana, 2011. Editor Responsável: Angélica Pizzutto Pozzani.



VICENTINO, Cláudio. Viver a História: Ensino Fundamental. São Paulo: Ed. Scipione, 2002.

Os Jesuítas no Brasil


São Miguel das Missões (RS)












O governo português e a Igreja eram aliados na empreitada de expandir a fé católica pelo mundo.
Ø Padroado - Dava ao rei o direito de exercer várias funções próprias da Igreja:
·        Cobrar o dízimo dos colonos
·        Pagar o salário dos padres, que se tornavam praticamente funcionários do governo;
·        Garantir a difusão e a consolidação do catolicismo por todo o Império Português;
·        Construir e conservar igrejas;
·        Organizar dioceses e nomear bispos.

OS JESUÍTAS NA AMÉRICA
Companhia de Jesus foi criada no contexto das Contra Reformas (século XVI).
Ø Fundada em 1534 por Inácio de Loiola.

Objetivos dos jesuítas:
ü Levar o catolicismo para as regiões recém descobertas Índia, China e África, principalmente à América. Conter o avanço do protestantismo nestas regiões;
ü Catequizar os índios americanos, transmitindo-lhes a língua portuguesa e espanhola, os costumes europeus e a religião católica;
ü Construir escolas católicas em diversas regiões do mundo;

A)   Os Jesuítas no Brasil colonial:
ü Atuaram na conversão das populações indígenas ao catolicismo.
ü Contribuíram para a ocupação do território com a fundação de vilas, como a Vila de Piratininga, atual cidade de São Paulo, fundada em 1554 pelos padres Manoel da NóbregaJosé de Anchieta.
ü Criação de colégios em Salvador, Natal, Olinda, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Vicente, São Paulo, Paranaguá e Laguna.

B)  As missões e os conflitos com os colonos
ü As missõesreduções ou aldeamentos eram comunidades indígenas organizadas pelos religiosos jesuítas.

ü Tinha por objetivo centralizar as tribos indígenas em um só local com o objetivo principal de torná-los cristãos.

C)   A Catequese
Os índios nas missões eram obrigados a abandonarem seus valores culturais como:
·        Politeísmo;
·        Antropofagia;
·        Cerimônias dirigidas pelos pajés;
·        Poligamia;
·        Nomadismo;
·        Idioma substituído pelo latim das orações católicas;
·        O ritmo de vida dos indígenas, em favor dos horários rígidos;

D)   A educação jesuíta
Os colégios criados pela Companhia de Jesus na América portuguesa ensinavam:
·        Retórica,
·        Humanidades,
·        Gramáticas grega e latina.
Os jesuítas também aprenderam a língua tupi, instrumento fundamental para que pudessem ensinar e catequizar a população nativa.
Os padres jesuítas sistematizaram por escrito a gramática tupi. Com esse esforço, foi possível preservar o patrimônio linguístico do tupi, ainda que a população indígena tenha sido dizimada ao longo da história.

E)   Atividades nas missões
ü Realizavam trabalhos agrícolas e artesanais voltados à subsistência e ao comércio com diferentes regiões da colônia.
ü Criavam animais (bois, cavalos, porcos e galinhas).
ü Praticavam a agricultura seguindo o modelo europeu e o extrativismo vegetal.
As riquezas obtidas com a venda desses produtos destinavam-se à manutenção das despesas da ordem religiosa responsável pela aldeia.

F)   O confronto entre padres e colonos
Ø Padres afirmavam que os gentios possuíam alma e deveriam ser salvos pela evangelização.
Ø Colonos defendiam o apresamento, pois sua venda como escravos era um negócio bastante lucrativo. Por isso, eram frequentes a invasão e a destruição de missões com o objetivo de saquear suas riquezas e escravizar os nativos.

G)  A “guerra justa” e o “resgate”

“Guerra justa” - era autorizada somente a captura de indígenas que realizassem ataques às vilas e às missões jesuíticas, que praticassem a antropofagia e que recusassem a catequização.

“Resgate” - estabeleceu que os índios já escravizados de outras aldeias, por terem sido capturados em conflitos intertribais, podiam ser resgatados pelos portugueses e deveriam permanecer como escravos nas propriedades.

H)   As visitações na América portuguesa

Igreja católica procurou aumentar o controle sobre as crenças e práticas religiosas dos colonos por meio do Tribunal do Santo Ofício durante a Contrarreforma. Toda e qualquer manifestação religiosa que não fosse católica poderia ser considerada idolatria ou heresia, e seria severamente punida.

Visitações - visitas realizadas pelos representantes da Inquisição.
ü Objetivo: era identificar aqueles que realizavam cultos pagãos ou professavam outras religiões, como os judeus e os muçulmanos, e encaminhá-los para a metrópole, onde seriam julgados e punidos.
ü As punições - para os hereges eram diversas e variavam de acordo com a prática:
·        Multas em dinheiro;
·        Flagelações;
·        Degredo;
·        Confisco parcial ou total de bens;
·        Morte pela fogueira;
A ação da Inquisição nos primeiros séculos da colonização contribuiu para a destruição de culturas indígenas e africanas.

I)      A expulsão dos jesuítas
Ao longo do período colonial, os jesuítas foram protagonistas de vários conflitos.
Ø Divergirem dos colonos sobre a escravização dos indígenas, o governo português acusava a ordem religiosa de alimentar projetos políticos contrários aos interesses da Coroa.
Ø O poder, a riqueza e a liberdade de ação da Companhia de Jesus eram tão amplos que ela chegava a ser comparada a um verdadeiro Estado.

Em 1759, o primeiro-ministro de Portugal, o marquês de Pombal, ordenou a expulsão dos jesuítas de todos os territórios portugueses. Segundo o marquês, era preciso separar os interesses do Estado dos objetivos religiosos.
Ø As instituições de ensino jesuítas foram então extintas, e o governo assumiu a responsabilidade pela educação na colônia.
Ø Não havia, porém um projeto educacional para substituir aquele utilizado pelos jesuítas. O Estado precisou recorrer aos padres de outras ordens religiosas e mesmo a pessoas formadas pelas escolas da Companhia de Jesus.

REFERÊNCIAS:

AZEVEDO, Gislane Campos; SERIACOPI, Reinaldo. Projeto Teláris: história 7° ano. São Paulo: Ática, 1º ed., 2012.

CAPELLARI, Marcos Alexandre; NOGUEIRA, Fausto Henrique Gomes. História: ser protagonista - Volume único. Ensino Médio. 1ª Ed. São Paulo: SM. 2010.

COTRIM, Gilberto. História Global – Brasil e Geral. Volume Único. Ensino Médio. 8ª Ed. São Paulo: Saraiva 2005.

MOZER, Sônia & TELLES, Vera. Descobrindo a História. São Paulo: Ed. Ática, 2002.

PILETTI, Nelson & PILETTI, Claudico. História & Vida Integrada. São Paulo: Ed. Ática, 2002.

Projeto Araribá: História – 7° ano. /Obra coletiva/ São Paulo: Editora Moderna, 2010. Editora Responsável: Maria Raquel Apolinário Melani.

Uno: Sistema de Ensino – História – 7° ano. São Paulo: Grupo Santillana, 2011. Editor Responsável: Angélica Pizzutto Pozzani.

VICENTINO, Cláudio. Viver a História: Ensino Fundamental. São Paulo: Ed. Scipione, 2002.

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Resumo e Esquema: Independência do Brasil 8° Ano

Resumo em esquema de tópicos



* O Primeiro Reinado é a fase da História do Brasil que corresponde ao governo de D. Pedro I. Tem início em 7 de setembro de 1822, com a Independência do Brasil e termina em 7 de abril de 1831, com a abdicação de D. Pedro I.
* O governo de D. Pedro I enfrentou muitas dificuldades para consolidar a independência, pois no Primeiro Reinado ocorrem muitas revoltas regionais, oposições políticas internas.


-> Reações ao processo de Independência
* Em algumas províncias do Norte e Nordeste do Brasil, militares e políticos, ligados a Portugal, não queriam reconhecer o novo governo de D. Pedro I. Nestas regiões ocorreram muitos protestos e reações políticas.
* Nas províncias do Grão-Pará, Maranhão, Piauí e Bahia ocorreram conflitos armados entre tropas locais e oficiais.


-> Constituição de 1824
* Em 1823, durante a elaboração da primeira Constituição brasileira, os políticos tentaram limitar os poderes do imperador. Foi uma reação política a forma autoritária de governar do imperador.
* Neste mesmo ano, o imperador, insatisfeito com a Assembléia Constituinte, ordenou que as forças armadas fechassem a Assembléia. Alguns deputados foram presos.
* D.Pedro I escolheu dez pessoas de sua confiança para elaborar a nova Constituição. Esta foi outorgada em 25 de março de 1824 e apresentou todos os interesses autoritários do imperador.
* Além de definir os três poderes (legislativo, executivo e judiciário), criou o poder Moderador, exclusivo do imperador, que lhe concedia diversos poderes políticos.
* A Constituição de 1824 também definiu leis para o processo eleitoral no país. De acordo com ela, só poderiam votar os grandes proprietários de terras, do sexo masculino e com mais de 25 anos.
* Para ser candidato também era necessário comprovar alta renda (400.000 réis por ano para deputado federal e 800.000 réis para senador).


-> Guerra da Cisplatina
* Este foi outro fato que contribuiu para aumentar o descontentamento e a oposição ao governo de D.Pedro I. Entre 1825 e 1828.
* O Brasil se envolveu na Guerra da Cisplatina, conflito pelo qual esta província brasileira (atual Uruguai) reivindicava a independência.
* A guerra gerou muitas mortes e gastos financeiros para o império.
* Derrotado, o Brasil teve que reconhecer a independência da Cisplatina que passou a se chamar República Oriental do Uruguai.


-> Confederação do Equador
* As províncias de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará formaram, em 1824 a Confederação do Equador.
* A insatisfação popular com as condições sociais do país e o descontentamento político da classe média e fazendeiros da região com o autoritarismo de D.Pedro I foram as principais causas deste movimento.
* Em 1824, Manuel de Carvalho Pais de Andrade tornou-se líder do movimento separatista e declarou guerra ao governo imperial.
* O governo central reagiu rapidamente e com todos as forças contra as províncias separatistas. Muitos revoltosos foram presos, sendo que dezenove foram condenados a morte.
* A confederação foi desfeita, porém a insatisfação com o governo de D.Pedro I só aumentou.


-> Desgaste e crise do governo de D.Pedro I
* Nove anos após a Independência do Brasil, a governo de D.Pedro I estava extremamente desgastado.
* O descontentamento popular com a situação social do país era grande.
* O autoritarismo do imperador deixava grande parte da elite política descontente.
* A derrota na Guerra da Cisplatina só gerou prejuízos financeiros e sofrimento para as famílias dos soldados mortos. Além disso, as revoltas e movimentos sociais de oposição foram desgastando, aos poucos, o governo imperial.
* Outro fato que pesou contra o imperador foi o assassinato do jornalista Libero Badaró. Forte crítico do governo imperial, Badaró foi assassinado no final de 1830.
*  A polícia não encontrou o assassino, porém a desconfiança popular caiu sobre homens ligados ao governo imperial.
* Em março de 1831, após retornar de Minas Gerais, D.Pedro I foi recebido no Rio de Janeiro com atos de protestos de opositores. Alguns mais exaltados chegaram a jogar garrafas no imperador, conflito que ficou conhecido como “A Noite das Garrafadas”.
* Os comerciantes portugueses, que apoiavam D.Pedro I entraram em conflitos de rua com os opositores.


-> Abdicação
* Sentindo a forte oposição ao seu governo e o crescente descontentamento popular, D.Pedro percebeu que não tinha mais autoridade e forças políticas para se manter no poder.
* Em 7 de abril de 1831, D.Pedro I abdicou em favor de seu filho Pedro de Alcântara, então com apenas 5 anos de idade. Logo ao deixar o poder viajou para a Europa.

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Jogos Históricos #2: A Série Resident Evil - Parte 1

Resident Evil é uma franquia rica e vasta, com uma gama de materiais diversificados que aumentam cada vez mais o seu universo, seja através de animações, livros, enciclopédias ou reports. Mas a verdadeira essência da série está em seus jogos, que são o foco principal dos eventos de toda a trama e têm maior peso na cronologia. Nesta primeira parte falamos dos jogos lançados com vídeos, do primeiro até o CODE: Verônica, divirta-se ;)

 Resident Evil 


Datas de Lançamento:

Resident Evil - Playstation: 1996 (US e JP)
Resident Evil - PC: 1997 (US e JP)
Resident Evil - Saturn: 1997 (US e JP)
Resident Evil Director's Cut - Playstation: 1997 (US e JP)
Resident Evil Director's Cut Dual Shock - Playstation: 1998 (US e JP)


Sinopse:

Resident Evil foi o game que decididamente abriu caminho para o estilo Survival Horror, primeiramente criado com o lançamento do game Alone In The Dark. Mas a Capcom tinha um ingrediente diferente, misturando tecnologia, ciência e muita tensão na mesma trama. Com tudo isso, o game acabou sendo um sucesso de vendas e até mesmo eleito um dos melhores títulos já lançados.

A trama se passa em Julho de 1998, numa cidadezinha pacata no meio-oeste dos Estados Unidos, chamada Raccoon. Há algum tempo já, alguns habitantes estão sendo atacados na região das Montanhas Arklay, que contorna toda a cidade. Todas as vítimas apresentando sinais de canibalismo em seus corpos. Muitas pessoas afirmam ter visto estranhos seres vagando pela área, mas nenhuma delas tem provas.

Com isso, a única solução que a polícia encontrara foi mandar um grupo especializado, os S.T.A.R.S. (Special Tactics of Rescue Service), até as montanhas para examinar o local, em busca de provas ou qualquer outra coisa que ajude a desvendar o mistério. O grupo mandado foi o Bravo Team, mas, misteriosamente, o outro grupo, o Alpha Team - composto por Chris Redfield, Jill Valentine, Barry Burton, Joseph Frost, o piloto Brad Vickers, e o capitão, Albert Wesker - perde contato com o Bravo. É aí que o Alpha entra em ação e vai atrás do grupo desaparecido nas montanhas. Chegando lá, tudo o que encontram é o helicóptero do Bravo vazio, mas eles logo descobririam o por quê. Apenas alguns minutos procurando por pistas, o grupo é atacado por cães, que estranhamente pareciam estar em estado de decomposição. Joseph morre, e eles tentam correr até o helicóptero, mas Brad parte sem eles. Sem mais esperanças de sobrevivência, eles começam a correr sem rumo, tentando escapar daquelas criaturas, e eis que inesperadamente, diante de seus olhos, há uma sombria mansão abandonada. Eles decidem se esconder lá até passar o perigo. Mas... o Bravo Team também estaria lá?

O que essa mansão esconde de tão tenebroso? Bom, aí é com você! Entre na pele de Chris Redfield ou Jill Valentine e solucionar o que há de tão misterioso por trás de toda essa história.



Resident Evil 2



Datas de Lançamento:

Resident Evil 2 - Playstation: 1998 (US) / 1998 (JP)
Resident Evil 2 - Nintendo 64: 1999 (US) / 2000 (JP)
Resident Evil 2 - Dreamcast: 2000 (US)
Resident Evil 2 - Gamecube: 2003 (US e JP)
Resident Evil 2 Dual Shock - Playstation: 1998 (US e JP)
Resident Evil 2 Platinum - PC: 1999 (US e JP)
Resident Evil 2 HD - PC Windows XP/Vista: 2006 (US e JP)


Sinopse:

Tudo começa com o retorno dos sobreviventes do Incidente da Mansão à cidade de Raccoon. Imediatamente, ao chegarem, contam a todos o que testemunharam. Mas as palavras dos membros dos S.T.A.R.S. são motivo de piada entre os céticos moradores da cidade e a força policial.

Alguns meses depois, por meio de forma misteriosa, o vírus produzido na mansão chega até a cidade, e as pessoas começam a sentir dores pelo corpo, falta de coordenação motora e outros estranhos sintomas. Ao decorrer dos dias, estas pessoas começam a morrer, retornando como zumbis. Um novo pesadelo começa, desta vez assombrando toda a cidade de Raccoon, que se torna a Cidade dos Monstros e cai em um completo caos, com zumbis e monstros perambulando pelas ruas e os únicos grupos sobreviventes escondidos, amedrontados e em pânico.

Na noite do dia 29 de Setembro, Leon S. Kennedy, um policial novato do R.P.D., e Claire Redfield, uma motoqueira universitária, em busca de seu irmão, Chris, chegam na cidade. Percebendo o estranho silêncio nas ruas, Leon é obrigado a parar seu carro, quando vê um corpo no meio da rua. Preocupado, o rapaz sai do carro para ver o que havia acontecido. Examinando o cadáver, Leon não percebe que está sendo vigiado, mas ao ouvir alguns passos lentos, o rapaz olha para trás e vê várias "pessoas" vindo em sua direção. Estranhou que as pessoas estavam em decomposição, estavam mortas! Sem escapatória, Leon empunha sua arma e ordena que parem onde estão, mas as criaturas não obedecem.

Já em outro lugar da cidade, em um posto de gasolina ali perto, um sujeito reclama de um ferimento feito por uma daquelas criaturas, saindo em seguida com seu caminhão.

Logo ao chegar, Claire entra em uma lanchonete e, também notando o local deserto, procura por alguém lá dentro. A jovem encontra justamente um zumbi, devorando um cadáver. Confusa, Claire se afasta, mas a criatura vai em sua direção. Esbarrando na parede ela olha pelas janelas e vê que a cidade está infestada daqueles zumbis. Sua única chance é a porta dos fundos.

Também com problemas, Leon não sabia o que fazer, quando inesperadamente, o cadáver que estava examinando agarrou seu pé e não havia outro jeito, senão atirar neles. Recuando sem rumo, ele entra em um beco. O local não tinha saída, apenas uma porta de ferro, que se abre bruscamente. Ele empunha a arma e se prepara para atirar em Claire. Assustada, a garota pede para que ele não atire, porém ao perceber que ela estava em perigo, ele pede que ela se abaixe rapidamente, e assim, liquida o morto vivo que a estava perseguindo.

Sem cerimônias, Leon sugere à garota que sigam para o R.P.D., a delegacia da cidade, pois lá estariam salvos. Correndo pelas ruas, encontram uma viatura policial, onde o rapaz tenta se comunicar pelo rádio, mas não funciona. Os dois se apresentam, Leon conta que é seu primeiro dia de trabalho, enquanto Claire está na cidade atrás do seu irmão, Chris. No porta-luvas, Claire encontra uma arma, que levará consigo em caso de perigo. Segundos depois, um zumbi se levanta e o veículo fica completamente desgovernado. A viatura se choca com as paredes várias vezes, até bater de frente com um poste, jogando longe o zumbi. Tudo parecia estar em ordem por poucos milésimos de segundos, até um caminhão desgovernado, com o motorista quase morto, surgir na direção deles. Antes de acontecer uma tragédia, eles pulam do carro, cada um para um lado, e uma explosão os separa. Eles combinam de se encontrar dentro da delegacia, pois lá estariam salvos, mas estavam enganados. É lá que o pesadelo continua...



Resident Evil 3: Nemesis




Datas de Lançamento:

Resident Evil 3 - Playstation: 1999 (US e JP)
Resident Evil 3 - PC: 2000 (Windows 98) / 2006 (XP/Vista)
Resident Evil 3 - Dreamcast: 2000 (US e JP)
Resident Evil 3 - Gamecube: 2003 (US e JP)


Sinopse:

Com o subtítulo japonês "The Last Escape", o jogo se trata da última fuga da personagem Jill Valentine da cidade de Raccoon, agora tomada por zumbis e outras criaturas, devido a uma epidemia do vírus. A trama se passa 24 horas antes e 24 horas depois do RE2. Depois do caso na tenebrosa mansão, Jill e os outros sobreviventes relatam o fato para o Chefe Irons e para toda a população, mas ninguém acredita nas palavras deles. Com os S.T.A.R.S. suspensos e desacreditados, eles decidem iniciar uma investigação independente. Chris Redfield parte para a Europa em busca de mais evidências,  enquanto Jill decide ficar em Raccoon e encontrar com Chris na Europa nos próximos dias.

No final de Setembro, porém, Jill se depara com a cidade totalmente infestada de zumbis. Durante as 24 horas antes de RE2, a jovem fugirá de monstros, contando com a ajuda de Carlos Oliveira, um mercenário da U.B.C.S., mandado pela Umbrella com a falsa missão de resgatar todos os civis sobreviventes. Além dele, Jill se envolverá com mais dois mercenários: Mikhail Victor, que está mortalmente ferido, e o misterioso Nicholai Ginovaef, o sargento do esquadrão. A jovem resolve se juntar a eles, como uma maneira mais fácil de sobreviver e sair da cidade. Mas esta tarefa não será tão fácil assim, pois um grande pesadelo a perseguirá o tempo todo, até conseguir eliminá-la. Nemesis é a grande criação da Umbrella, uma criatura com a missão de matar todos os S.T.A.R.S. sobreviventes.


Resident Evil CODE: Veronica


Datas de Lançamento:
 
Resident Evil CODE: Veronica - Dreamcast: 2000 (US e JP)
Resident Evil CODE: Veronica Complete - Dreamcast: 2001 (JP)
Resident Evil CODE: Veronica X - Playstation 2: 2001 (US e JP)
Resident Evil CODE: Veronica X - Gamecube: 2003 (US e JP)
Resident Evil CODE: Veronica X HD - Playstation 3/Xbox360: 2011 (US e JP)
 
 
Sinopse:
 
Resident Evil CODE: Veronica foi fruto de uma breve exclusividade com a Sega na época do lançamento de seu console pioneiro de 128 bits, o Dreamcast. Sem ter absoluta certeza da repercussão do título, a Capcom o teria inicialmente como um spin-off, porém, CODE: Veronica acabou fazendo maior sucesso do que o esperado, o que resultou no lançamento de sua versão com inclusões, chamada "CODE: Veronica X" no Ocidente e "Complete Version" no Japão.
 
Além de sua capacidade gráfica acima do normal para a época e da reputação que a série já tinha com seus títulos anteriores, Resident Evil CODE: Veronica apresenta também uma trama envolvente, voltada para as raízes da Umbrella, que se passa três meses após os eventos em Raccoon. Claire Redfield é a protagonista, mas outros personagens de jogos passados, como seu irmão Chris Redfield e o vilão Albert Wesker, também fazem importantes aparições e têm seus destinos alterados para sempre.
 
O sistema de jogo não foge do tradicional de Resident Evil, mas há inimigos e armas inéditas, além de incríveis ambientações que fazem deste jogo um dos melhores de toda a série.


Em breve a parte 2 com os restantes dos jogos e a Parte 3 sobre os filmes.

Fonte: http://www.residentevildatabase.com/

sábado, 15 de agosto de 2015

A Revolução Cientifica Moderna

"O que sabemos é uma gota, o que ignoramos é um oceano."
Isaac Newton

A chamada Revolução Científica fora uma série de fatores e mudanças que ocorreram principalmente no século XVII que desencadearam o surgimento das ciências modernas, e ao mesmo tempo levou a se repensar muitos dos conhecimentos até então existentes. Antes da revolução, muitos acreditavam que o mundo fosse plano e o "centro do universo"; durante a revolução tal ideia fora contestada e após a revolução, tal ideia praticamente já estava esquecida, pois o mundo era redondo e girava em torno do sol.

No entanto, a Revolução Científica não ficou apenas restrita a essa ideia, ela repensou a astronomia, a matemática, a física, a química, a biologia, a medicina, anatomia, e em alguns aspectos, a zoologia, microbiologia, fisiologia e até a filosofia. Em geral a revolução se deu no que nós chamamos hoje de ciências exatas e da natureza, nesse caso, medicina estaria ligado ao sentido de natureza. Assim, alguns historiadores das ciências e filósofos das ciências dizem que fora nesse período que o "pensamento do mundo moderno" começou a ganhar características próprias, onde o conhecimento, a visão de mundo, a cultura e a sociedade, começaram a mudar especialmente na Europa, berço dessa revolução e posteriormente, a influência da mesma começou a ser sentida de forma menor e variável pelas colônias europeias no mundo. Nesse texto, falarei a respeito de como essa revolução surgiu, se desenvolveu, seus principais pensadores e até onde ela chegou.

Conceituando a revolução

Alexandre Koyré
O conceito Revolução Científica fora criado em 1939 pelo proeminente físico, filósofo e historiador das ciências russoAlexandre Koyré (1892-1964), o qual concebeu tal conceito ou expressão como forma de se referir aos eventos e mudanças ocorridos principalmente ao longo do século XVII que culminaram na formação da ciência moderna, pois até então, considerava-se que os antigos gregos, romanos, egípcios  judeus, persas, árabes, etc., já possuíam um certo conhecimento que fora considerado "científico", assim, durante a Revolução, a ciência moderna surgiu em si. No entanto, uma pergunta vem em mente, o que é ciência? Será que o conceito atual de ciência poderia ser aplicado no século XVII, ou estaríamos cometendo um anacronismo?

"1. Conjunto organizado de conhecimentos relativo a determinada área do saber, caracterizado por metodologia especifica. - 2. Saber, conhecimento. -3. Conhecimento quem se obtém através das leituras, de estudos; instrução, erudição. - 4. Conhecimento prático usado para uma dada finalidade". (Grande Enciclopédia Larousse Cultural, v. 6, 1998, p. 1402).

Num significado mais amplo, baseado nas conclusões de Marconi e Lakatos[2007], por sua vez, feitas a partir das definições dadas por Ander-Egg e por Trujillo, dois especialistas em filosofia da ciência:

"... a ciência como um pensamento racional, objetivo, lógico, confiável, ter como particularidade o ser sistemático, exato e falível, ou seja, não final e definitivo, pois deve ser verificável, isto é, submetido à experimentação para a comprovação de seus enunciados e hipóteses, procurando-se as relações causais; destaca-se, também, a importância da metodologia que, em última análise, determinará a própria possibilidade de experimentação". (MARCONI; LAKATOS, 2007, p. 23).


Assim, podemos chegar há algumas conclusões: primeiro, o conceito de ciência é um tanto complicado de ser definido, pois na definição dada acima, necessariamente não se incluí as chamadas ciências humanas e sociais, no entanto, nesse contexto não seria um problema, pois a definição de ciências humanas e sociais só surgiu no final do século XIX, logo o que fora dito, pode ser aplicado ao sentido visto na Revolução, pois os estudiosos da época, realmente realizaram observações, propuseram hipóteses, teorias, desenvolveram pesquisas e experimentos. 

Logo, podemos dizer que os modernos faziam ciência? Sim. Pelo ponto de vista aqui dado, pode-se dizer que eles faziam ciência, porém aqui chegamos a segunda questão: o termo ciência que hoje usamos para se referir a vários tipos de conhecimentos, sejam das áreas exatas, da natureza, médicas, humanas, sociais, jurídicas, etc., no período moderno, o termo ciência não possuía toda essa abrangência, e em geral era pouco utilizado, a não ser com rara exceções, como fora o caso de Galileu, o qual disse que estava redefinindo a "ciência do movimento".

Assim, o mais sensato a dizer, é que na Idade Moderna, se fez ciência para nosso sentido, mas para os modernos, eles estavam realizando "estudos da natureza", o "conhecimento natural", logo, os mesmos também não se chamavam de "cientistas", pois essa terminologia só fora criada no século XIX, assim dizer que Galileu e Newton foram cientistas, sem fazer a devida ressalva, é cometer um anacronismo. Mas, se o termo cientista não existia naquela época, então como eles se chamavam, se referiam?

Os historiadores hoje apontam três termos pelos quais os estudiosos dessa época se referiam aos seus estudos e a sua profissão: "filosofia natural","nova filosofia" e "filosofia mecânica", logo, os mesmos se chamavam de"filósofos naturais""filósofos da natureza" ou "filósofos mecânicos"

Porém, nessa época o sentido de filosofia era bem mais abrangente do que nós estamos habitualmente acostumados hoje em dia. Assim como o conceito de ciência é vasto para nós, o mesmo pode-se falar do conceito de filosofia para os modernos, pois no século XV durante o Renascimento, o conceito de filosofia abrangia naturalmente a própria filosofia em si, mas também a história, geografia, matemática, física, química, astronomia, anatomia, arquitetura, engenharia, alquimia, magia, e as artes. Daí, os filósofos do século XVII para especificar seu trabalho, adotaram os termos "novo", "natural" e "mecânico".

Sendo a palavra "natureza" aqui empregada para se referir aos conhecimentos que envolviam o estudo do mundo e da natureza: astronomia, matemática, física, química, zoologia, anatomia, história natural, geografia, etc. Quanto a respeito do termo "mecânico", hoje para nós tal palavra remete-se ao profissional que concerta máquinas e aparelhos, no entanto, no século XVII, as máquinas ainda não existiam, as mesmas só começaram a surgir no século XVIII com a Revolução Industrial. Assim, a palavra "mecânico" naquela época não se referia a "conserto" ou "manutenção", mas sim a "movimento" e "estrutura".

Desde as órbitas dos planetas, a propagação da luz, do som e o movimento dos seres vivos, os filósofos naturais procuraram não apenas compreender seus movimentos mas suas estruturas, algo que ficou bem marcante nos estudos da botânica, zoologia, fisiologia, anatomia e da própria física e astronomia. Daí, alguns dizerem que estudavam "filosofia mecânica". 

"O esforço de Galileu para reunir a cinemática e a filosofia natural resultou no que ele chamou de a nova ciência do movimento, que os historiadores ainda veem como um passo decisivo para as teorias subsequentes. Da mesma maneira, a nova extremamente influente filosofia natural de René Descartes (1596-1650), a filosofia mecânica, foi estabelecida a partir de suas tentativas de fundar a filosofia natural sobre as certezas do raciocino geométrico; e a nova filosofia natural de Newton baseou-se, como mostrava o titulo de seu livro, em princípios matemáticos". (HENRY, 1998, p. 16). 

Antecedentes da Revolução Cientifica 

Embora Alexandre Koyré e outros defendam que a revolução tenha começado no século XVII, alguns argumentam que a mesma teria começado ainda no século anterior, durante a fase do Renascimento na Itália. O período renascentista fora uma fase de transição entre o pensamento medieval para o pensamento moderno. Propriamente, o Renascimento se dividiu em três fases: TrecentoQuattrocento e o Cinquecento, que corresponderia aos séculos XIV, XV e XVI. Mas, embora tenha se iniciada na Itália e tido um grande foco voltado para as artes, os filósofos do Renascimento, não se limitaram apenas a Itália e a estudar as artes, alguns destes dedicaram-se a "redescobrir" o conhecimento dos antigos, e fora a partir dessa "redescoberta" que a "ciência dos antigos" fora trazida a luz do presente daquela época, para ser analisada e contestada. 

Saberes provenientes da filosofia, matemática, arquitetura, física, medicina, geografia, astronomia, farmácia, alquimia, etc., foram resgatados, pois ao longo da Idade Média, a Igreja "enclausurou" tais obras em seus mosteiros e bibliotecas, pois considerava tal conhecimento possivelmente pernicioso a humanidade, ou que não tivesse uma aplicação prática concreta. 

No Renascimento, em meio a pujança da  redescoberta  do conhecimento clássico, surgiu a concepção de que o homem não deveria ficar atrelado a ignorância ou apenas a uma área do conhecimento, ele deveria ser apto em outras áreas, assim surgiu o ideal do "homo universalitis". Em termos mais convencionais para nosso entendimento, o dito "homem universal" seria o "cientista" na sua concepção idílica.

Nesse caso, o melhor representante desse modelo fora Leonardo da Vinci (1452-1519). Seu pensamento febril o levou a se interessar em pesquisar e estudar as mas distintas áreas do saber, da matemática a pintura, da poesia a mecânica, da anatomia a arquitetura, do desenho a óptica, em suma, posteriormente nos séculos XVII e XVIII os filósofos naturais enxergariam em Leonardo uma espécie de "herói para a ciência", devido a sua versatilidade de enveredasse por vários campos do conhecimento, sendo muitos desses conseguidos por vias autodidata, algo que não lhe concedeu credibilidade por parte de alguns. 

Leonardo da Vinci
"Leonardo da Vinci foi certamente um homem da ciência, mas em sua época esse aspecto era desconhecido, exceto, talvez, por alguns íntimos. Para o mundo em geral, ele era um mecânico e um artista; sua ciência foi compreendida somente muito depois de sua morte. Certamente, foi uma opção sua, pois, apesar da falta de instrução formal, as invenções da imprensa e da gravura estavam disponíveis, e ele poderia tê-las usado para difundir seu trabalho. Mas ele estava satisfeito em contemplá-los e estudá-los em seu próprio benefício; ter o suficiente para as suas necessidades parece ter sido sua única ambição material". (RONAN, 2001, p. 17).


Outro fato que contribuiu para o desenvolvimento científico e literário no início da Idade Moderna fora a invenção da prensa de tipo móvelconcebida em 1448 pelo alemão Johannes Gutenberg (1399-1468). A criação de Gutenberg fora um passo-chave para o desenvolvimento não apenas cultural do Renascimento mas para as "ciências", já que filósofos naturais de diversas partes do continente e posteriormente do mundo, agora tinham meios mais fáceis de publicarem seus estudos e dessa forma disseminarem o conhecimento. 

Albrecht Dürer (1471-1528), matemático e pintor alemão, publicou importantes obras para o estudo da matemática, óptica, estética, perspectiva e pintura. Ele chegou a escrever três livros sobre esses assuntos, e também publicou um trabalho simplista sobre botânica e zoologia, mais voltado para a arte. 



Frontispício de Quatro livros sobre as proporções humanas (Vier Bücher von menschlicher Proportion) de Albrecht Dürer (1528).
Entretanto alguns conterrâneos seus, Otto Brunfels (1488-1534), Jerome Bock (1498-1554) e Leonhard Fuchs (1501-1566) são considerados os "pais da botânica" na Alemanha. Com exceção de Fuchs que era médico por formação, os demais eram botânicos, filósofos naturais e pastores luteranos. Seus trabalhos eram voltados para uma tendência "científica".

Desenho de um lírio (Lilium bulbiferum), por Leonard Fuchs.

Nessa mesma época na Polônia, o astrônomo, matemático, médico e jurista Nicolau Copérnico (1473-1543), escrevia sua mais famosa obra, De revolutionibus orbium coelestium (Das revoluções dos mundos celestes), publicada postumamente, gerou grande alarde na época, pelo fato de conter a teoria heliocêntrica, a qual negava a veracidade do modelo ptolomaico. O heliocentrismo apresentado e defendido por Copérnico, se tornou o marco para o inicio da revolução como alguns historiadores consideram. Fora a partir dessa reinterpretação do universo, que os astrônomos e vários outros estudiosos, começaram a contestar a supremacia dos modelos dos antigos. Outro astrônomo que também deixou importantes contribuições fora o dinamarquês Tycho Brahe (1546-1601) o qual deixou importantes descobertas que contribuíram para mudar a visão cosmológica do mundo e apoiar o posicionamento de Copérnico. Acerca de suas contribuições estão: 1) comprovação de que o céu não era imutável; 2) os cometas não eram fenômenos atmosféricos; 3) os corpos celestes estavam mais distantes do que se supunha; 4) os planetas giravam em torno do Sol; 5) desenvolvimento de aparelhos de precisão para o estudo astronômico; 6) determinação da translação em 365 dias.

Na França, os trabalhos de Pierre Belon (1517-1564), Guillaume Rondelet(1507-1566) e Konrad Gesner (1516-1565) deixaram importantes contribuições no campo da botânica, zoologia, anatomia e da história natural. O volumoso trabalho de Gesner, Historiae Animalium (História dos Animais) é considerado como o precursor da zoologia "cientifica" e da taxionomia.

"A matemática floresceu durante a Renascença e exerceria um importante papel no desenvolvimento de outros ramos da ciência. Durante os estágios iniciais da Revolução Científica, a matemática ajudou esclarecer o comportamento da Lua e dos planetas em seu movimento pelo céu, assim como a resolver alguns problemas básicos de mecânica. O grande desenvolvimento atingiu seu pico nos séculos XVII e XVIII, mas seus fundamentos foram lançados no século XVI". (RONAN, 2001, p. 59).

A medicina não chegou a dá grandes passos, no entanto o campo da anatomia fora o mais expressivo dessa área. Em 1543 o famoso médico e anatomista belga André Vesálio (1514-1564) publicou seu famoso livro A organização do corpo humano (De Humani Corporis Fabrica), considerado a mais importante obra sobre anatomia da Idade Moderna. Vesálio dedicou vários anos de pesquisa e estudo para compor este atlas da anatomia, o qual contribuiu para repensar o estudo e a compreensão do corpo humano e da própria medicina a qual até então era profundamente ainda influenciada pelo pensamento de Galeno.

Página do livro A organização do corpo humano de André Vesálio. Nessa página, Vesálio fez uma elaborada descrição de vários músculos do corpo humano.


Na física alguns filósofos naturais que deixaram importantes trabalhos que contribuíram para o desenvolvimento da "física moderna", fora o engenheiro, matemático e físico belga Simon Stevin (1548-1620), o qual deixou importantes trabalhos no campo da estática e hidrostática, nos livros, Princípios da estática (1586) e Princípios da hidrostática, onde o mesmo desbanca as ideias de estática e hidroestática de Aristóteles e perfaz a base para estudos posteriores que contribuíram para a descoberta e compreensão da eletricidade. E o famoso médico e físico britânicoWilliam Gilbert (1544-1603), escreveu o primeiro importante trabalho acerca do magnetismo, exposto em seu livro O magnetismo (De magnete), publicado em 1600. 
Mas se por um lado, os estudos naturais, matemáticos, físicos, astronômicos e filosóficos tiveram o que contribuir para se repensar esses saberes e o mundo, outros três fatores importantes que movimentaram os séculos XV e XVI, fora a religião, a magia e a alquimia. 

Após Lutero ter pregado suas 95 teses na porta do Castelo de Wittenbergem 31 de outubro de 1517, ele havia acendido o pavio para o que viria ser conhecido como a Reforma Protestante. A Reforma iniciada em solo alemão se espalhou pelos Estados Alemãs, e posteriormente o norte da França, Grã-Bretanha, Países Baixos, Bélgica, Escandinávia, etc., um novo "cisma" entre a cristandade começava a ganhar corpo. Embora as ideias de Lutero não tenham sido inéditas, já que outros cogitavam fazer o mesmo há pelo menos um século, mas fora a voz de Martinho Lutero (1483-1546) que levou adiante essa reforma, que não apenas incidiu sobre o dogmatismo católico, mas na sociedade, na cultura e no próprio pensamento moderno.



Páginas exibindo 30 das 95 teses escritas por Martinho Lutero
"... a Reforma e a Contra-Reforma - viria a ter um efeito profundo no crescimento e na prática da ciência durante a Renascença e por muito tempo mais, como se torna claro quando se traça o progresso da ciência do século XV em diante. Aconteceu em virtude da ética do protestantismo emergente. Por um lado, a atitude protestante em relação ao trabalho encorajou o crescente capitalismo da época no norte da Europa (especialmente Alemanha) e, por outro, estimulou a pesquisa cientifica. O estímulo científico foi causado pelo desejo de usar a descoberta para criar uma figura do universo ordeira e coerente com a finalidade de descobrir ainda mais o trabalho de Deus. Isso ajudou a satisfazer uma necessidade sentida por aqueles para quem os caminhos de Deus com os homens deviam ser discernidos mais na Bíblia e na natureza do que nos mistérios dos sacramentos e da Igreja". (RONAN, 2001, p. 11).

Tal liberdade de trabalho dado aos filósofos naturais, é bem visível, quando falamos de nomes como, Bacon, Kepler, Boyle, Newton e Leibniz. Todos esses foram protestantes, falaram profundamente de filosofia e "ciência", mas acima de tudo, não deixaram de tentar associar religião com "ciência". O próprio João Calvino (1509-1564) fundou várias universidades ou participou da fundação destas, além de ter se formado em Direito.



"Em Filosofia, pode ocorrer que a contemplação do homem esteja dirigida a Deus, ou se estenda sobre a Natureza, ou se reflita e se volte sobre o próprio Homem. A partir de diversas indagações, emergem três conhecimentos: filosofia Divina, filosofia Natural e filosofia Humana ou Humanidade. Pois todas as coisas estão marcadas e estampadas com este caráter tríplice: o poder de Deus, a diferença da natureza e a utilidade do homem". (BACON, 2007, p. 136).   

Giordano Bruno
Mas se por um lado, o protestantismo não fora tão radical como o catolicismo a respeito da filosofia natural, permitindo que a mesma pudesse ser estudada, desde que não predize-se heresias ou distancia-se os homens de Deus, estava tudo bem em estudar os mais distintos assuntos. No caso da Igreja Católica, embora que durante o Renascimento houvera uma certa "liberdade" nas pesquisas realizadas, a Igreja ainda se mantinha atenta aos trabalhos publicados e caçava os supostos heréticos, um dos famosos casos acerca disso foram as acusações dadas a Galileu, e aGiordano Bruno (1548-1600) o qual acabou sendo sentenciado a execução na fogueira por ter sido sentenciado a crimes de heresia e desvirtuação dos valores cristãos. Embora, Giordano tenha sido um frade dominicano, ele contestava vários preceitos doutrinários da Igreja em relação aos saberes naturais. 

Curiosamente, mesmo diante desse embate entre fé e ciência, onde as Inquisições perseguiram os estudiosos, especialmente em Portugal, Espanha e Itália, não significa que os mesmos fossem descrentes ou que não possuíssem fé. Na verdade, o conceito de ateísmo inexistia nessa época, e alguns dos célebres filósofos naturais acreditavam em Deus bem mais do que supúnhamos

Kepler disse que depois que desenvolveu sua mecânica celeste finalmente pode compreender Deus. Descartes em seu famoso livro O Discurso sobre o Método fala acerca da existência de Deus. Newton chegou a dedicar algum tempo estudando a Bíblia e até mesmo nunca deixou de acreditar que Deus agisse sobre o mundo. "O conceito espaço absoluto de Newton, tão importante para a elaboração de seus Principia mathematica (1687), foi ditado não pelas exigências de sua análise matemática do sistema mundo, mas por seu conceito de Deus". (HENRY, 1997, p. 86).


A religião pode ter fornecido barreiras para o desenvolvimento das "ciências" ou dado novas oportunidades de comprovação e pesquisa, no caso da magia, essa se comportou de forma similar. Mas falar de magia nesse contexto é algo bem complicado quando vamos ver sua definição. Hoje para nós, magia consiste em algo sobrenatural, fora da lógica, porém para o pensamento moderno, especialmente entre o período dos séculos XIV ao XVI, a magia conotava outros significados. A magia ganhou importância e influência no Renascimento especialmente graças ao hermetismo, textos de origem grega atribuídos a suposta divindade Hermes Trismegisto.

"Baseava-se em escritos que se pensava serem originários do Egito, da época de Moisés, e que derivavam ou eram inspirados na divindade egípcia Thot, deus do cálculo e do aprendizado e conselheiro dos deuses do panteão egípcio. Seu equivalente grego era Hermes, e, devido á grande veneração que os gregos tinham pelos mistérios egípcios, ele recebeu, nos tempos helenísticos, a designação adicional de Trismegisto, que significa "três vezes grande"". (RONAN, 2001, p. 12).



Primeira página da Tábua de Esmeralda, traduzida para o latim por Chrysogonus Polydorus, 1541.
Nesses textos existem um forte teor de filosofia neoplatônica, aristotelismo, alquimia e misticismo, tais conceitos antigos foram revividos graças a tradução realizada por Marsilio Ficino (1433-1499), um dos grandes nomes do humanismo italiano. Ficino se maravilhou com o conhecimento contido em dezoito textos que compõem o conhecimento hermético, sendo os mais conhecidos, chamados de Tábua de Esmeralda Corpus Hermeticum. A partir de sua tradução, outros filósofos e artistas se interessaram pelo conteúdo dessas obras, e propuseram resgatar a magia, a desassociando de seu caráter negativo construído pelo cristianismo.

No Renascimento a magia diferente de nossa concepção atual que remete há algo puramente ligado ao sobrenatural, naquele tempo, a magia era dividida entre o sobrenatural e o natural, daí ficou conhecida comumente comomagia natural, o que se definia como o estudo da natureza por meio de métodos que hoje podemos dizer que sejam "pré-científicos".

"[A magia] circulou mais ou menos ocultamente durante a Idade Média e voltou a agir às claras durante o Renascimento, período em que muitas vezes foi considerada complemento da filosofia natural, ou seja, como a porte desta que possibilita agir sobre a natureza e dominá-la. Era assim considerada por Pico della Mirandola (De hominus dignitate, fl. 136v.) e por todos os naturalistas do Renascimento". (ABBAGNANO, 1998, p. 636).

"Johannes Reuchlin, Cornélio Agripa, Teofrasto Paracelso, Gerolamo Fracastoro, Gerolamo Cardano, Giovanni Battista della Porta, todos visavam eliminar o caráter diabólico atribuído [a magia] durante a Idade Média". (ABBAGNANO, 1998, p. 636).

Capa do livro Magiae naturalis sive de miraculis rerum naturalium, escrito por Giambattista della Porta. Tal livro fora um dos mais famosos da época a abordar o conceito de magia natural.


magia natural como ficou conhecida incidiu em várias áreas do conhecimento, mesclando matemática com a numerologia, astronomia com astrologia, a física com a filosofia da Cabala, farmacêutica com curandeirismo, etc. Embora a magia natural fosse permitida, a magia negra era considera herética, e seus adeptos, os bruxos e bruxas eram perseguidos e queimados em fogueiras nessa época.

Por muito tempo a alquimia fora vista como uma prática mais voltada para a magia natural do que a filosofia natural, no entanto, a alquimia contribuiu para o desenvolvimento de conhecimentos utilizados na química, física, astronomia, mineralogia, botânica, farmacêutica, medicina, etc. 

O saber alquímico existe desde a Antiguidade, do Egito a China, vários povos praticavam a alquimia, e essa adentrou a Europa através dos gregos e posteriormente fora difundida pelos romanos. Na Idade Média, os estudos alquímicos na Europa eram modestos, já que a mesma era vista por alguns como sendo bruxaria, no entanto os árabes deram grande valor e deixaram importantes contribuições que foram úteis para o desenvolvimento da alquimia posteriormente.

Os trabalhos do alquimista, médico, astrônomo suíço Paracelso (1493-1541) e do alquimista e médico alemão André Livabius (1555-1616) tiveram grande impacto e influência na época. Embora os métodos alquímicos fossem contestados por alguns, seus métodos foram adotados posteriormente pela química, física, biologia, medicina, etc., por constituírem uma metodologia de observação, análise, contestação e experimentação. Tal fato é bem verídico, quando nota-se que o livro de Livabius, intitulado Alquimia (1597) fora utilizado pelos mais diversos estudiosos ao longo do século XVII, incluindo nomes notáveis das ciências, como Francis Bacon e Isaac Newton, ambos eram dados as práticas alquímicas

André Livabius ao lado de Paracelso, foram os mais notórios alquimistas do século XVI.

"Parece inegável que as tradições mágicas desempenharam um importante papel na grande transformação da filosofia natural escolástica na nova filosofia natural da revolução cientifica, mais empírica, de uso mais prático". (HENRY, 1998, p. 57). 

Não obstante, outros médicos, alquimistas e filósofos naturais comoGiovanni Pico, Pomponazzi, Girolamo Fracastoro e Daniel Sennert, trabalharam no intuito de conseguirem desenvolver através da alquimia um elixir para curar todas as doenças, a lendária panaceia, a cura para todos os males.  

XVII: O século das ciências

Como fora dito anteriormente, boa parte dos historiadores e filósofos das ciências consideram o século XVII como o século onde decorreu a Revolução Científica, pois fora nesses cem anos que muitos filósofos naturais deixaram importantes contribuições para diversas áreas que contribuíram para o surgimento da dita "ciência moderna". 

Assim, iniciando o século XVII um dos estudiosos que estava em alta nesse período era o notório astrônomo, matemático e astrólogo alemão Johannes Kepler (1571-1630). Kepler conheceu Brahe em 1599 em Praga, quando o mesmo residia e trabalhava como astrônomo real na corte do rei Rodolfo II. Kepler tornou-se assistente de Brahe e estes trabalharam por pouco tempo já que Brahe veio a falecer em 1601, no entanto, fora a partir dos trabalhos, anotações e observações de seu mestre que Kepler repensou o universo.

Em 1609 ele lançou seu livro chamado Nova Astronomia, no qual defendia que a órbita dos planetas não era circular assim como sugeriram Ptolomeu, Copérnico e Brahe, na realidade a órbita era elíptica. Isso fora possível graças as observações feitas em relação a Marte. Não obstante, além de refutar a ideia da trajetória circular, Kepler deixou outras importantes contribuições que ficaram conhecidas como as Leis de Keplerque fundamentam a mecânica celeste, a qual estuda o movimento dos astros no universo. Tais leis, foram estudadas por vários astrônomos, matemáticos e físicos, incluindo Galileu e Newton, o qual comprovou a veracidade das leis de Kepler, com uma equação. Em 1618 ele lançou aHarmonia do Mundo, complementado sua mecânica celeste agora tendo estudado o movimento dos planetas, sua velocidade e harmonia. 

Diagrama retratando as Leis de Kepler, as quais inferem em definir o movimento elíptico dos planetas e de outros astros. 

Galileu Galilei (1564-1642) deu continuidade nos trabalhos astronômicos. De fato, fora a partir do século XVII que Galileu concebeu seu próprio modelo do telescópio e deu início a seus trabalhos em astronomia. Claro, que além disso, o mesmo seguiu com seus estudos na matemática, física e um pouco em filosofia.  Um dos importantes livros de Galileu fora O ensaiador (Il Saggiatore) publicado em 1623, no qual trazia assuntos de astronomia e física, e ao mesmo tempo perfazia uma sagaz e ácida resposta aos críticos de suas ideias.


"O ensaiador, não era polêmico em absoluto. Nele Galileu expôs seus pontos de vista sobre a realidade científica e sobre o novo método científico; explicou sua doutrina das qualidades primárias (as que podiam ser medidas) e secundárias (não mensuráveis, isto é, qualidades como odor e o sabor). Explicou também como definir um problema com o auxílio de experiências preliminares e, a partir dos resultados, formar uma teoria, a qual poderia, então, ser usada para "predizer" consequências capazes de ser testadas pela observação". (RONAN, 2001, p. 82).


Pintura retratando Galileu e seu discípulo Vincenzo Viviani conversando.


No entanto, os trabalhos de Galileu segundo Koyré contribuíram para o desenvolvimento da "nova física" ou "física moderna". Isso levou vários outros estudiosos a se embrenharem pela física, astronomia e matemática para repensarem suas "ciências". De fato, dois discípulos de Galileu,Vincenzo Viviani Evangelista Torricelli (1608-1647) fundaram em 1657Accademia del Cimento (Academia de Experiências) dedicada a pesquisa e desenvolvimento das "ciências". Infelizmente a academia fora fechada dez anos depois, por um dos Medici. 

Não obstante, deixando a astronomia e adentrado a física, três aspectos importantes são merecedores de destaque: os estudos voltados para a compreensão da temperatura, realizados por Galileu, Santorio Santorio (1561-1636), mas especialmente pelo dinamarquês Ole Romer (1644-1710). Romer embora tenha sido um astrônomo de carreira, dedicou-se a estudar arquitetura, engenharia, matemática, física e química. Romer, fora o primeiro a definir as bases para a escala termométrica, desenvolvida no século XVIII, especialmente por Daniel Fahrenheit (1686-1736) e Anders Celsius (1701-1744), os quais desenvolveram suas próprias escalas termométricas, amplamente utilizadas hoje em dia, designadas pelos seus sobrenomes. Entretanto, Romer também é conhecido como tendo sido o primeiro a desenvolver o conceito de velocidade da luz, e dizer que a mesma não era infinita.



Ole Romer fora o primeiro a considerar a velocidade da luz, como uma velocidade constante mas não infinita.

O físico, engenheiro, diplomata e político alemão Otto von Guericke(1602-1686) se interessou por física na metade da vida, mas dedicou-se a essa até o final dela. Ele deixou importantes trabalhos no estudo da pressão atmosférica, nos estudos da pneumática, da propagação do som, da luz no vácuo, no magnetismo e na estática. Ele também é lembrado por ter criado sua própria versão da bomba de ar, e por ter criado a máquina eletroestática, a qual seria desenvolvida no século seguinte contribuindo para o entendimento acerca da eletricidade. 



Não obstante, fora num seguimento da óptica que surgiu a microscopia. Graças ao desenvolvimento do microscópio, isso abriu possibilidades para estudos tanto na física, química, botânica, zoologia, fisiologia, medicina, mineralogia, etc. Dentre os nomes que se destacaram estavam: Jan Swammerdam (1637-1680) um dos pioneiros nos estudos da microscopia, deixou um vasto trabalho zoológico acerca dos insetos, além de ter deixado importantes descrições anatômicas de alguns órgãos do corpo humano;Marcello Malphigi (1628-1694) o qual deixou importantes trabalhos no estudo da fisiologia e fora um dos primeiros a se dedicar aos estudos daembriologiaNehemiah Grew (1641-1712) notório nos estudos fisiológicos, anatômicos e morfológicos das plantas. Seu trabalho mais importante fora Anatomia das Plantas, um volumoso trabalho abrangendo anos de pesquisas através do microscópio.

Entretanto, os microcopistas mais famosos na época foram, o holandêsAnton van Leeuwenhoek (1632-1723) e o inglês Robert Hooke (1605-1723), os quais deixaram importantes contribuições na física, e namicrobiologia. Leeuwenhoek é lembrado por seus trabalhos na microbiologia, onde o mesmo desenvolveu estudos acerca das células animais e vegetais, descobriu microrganismos como as bactérias e os protozoários, além de ter estudado os órgãos internos do corpo humano sob a lente do microscópio contribuindo para avanços na anatomia e medicina. O mesmo também projetou uma gama de microscópios e lentes, aperfeiçoando o aparelho até o final da vida. Hooke fora o criador do termo"célula", e por sua vez não apenas deixou contribuições para a microscopia e a microbiologia, as quais podem ser vista em seu livroMicrografia (1665), mas também atuou no desenvolvimento de microscópios, telescópios, além de estudar física, matemática, astronomia, química, geologia, etc. 

Um dos modelos de microscópio construído por Robert Hooke, retratado por ele mesmo em um desenho para o seu livro Micrografia (1665).

No campo da metodologia, teoria e da filosofia dois notórios filósofos naturais que se destacaram nesse período fora o polímata britânico Francis Bacon (1561-1626) e o filósofo, matemático e físico francês René Descartes (1596-1650). Embora, Bacon tenha deixado vários trabalhos no campo do direito, leis, alquimia e história, ele é principalmente lembrado para as ciências pelo seus trabalhos no campo da filosofia natural, onde deixara importantes obras a respeito da metodologia e teoria, nesse caso o chamado Empirismo. Desenvolvido em seu livros, O progresso do conhecimento (1605), Instauratio Magna (1620) e Novum Organum(1620). 


Capa do Novum Organum de Francis Bacon (1620)

"Bacon propôs (...) um método investigativo fundamentado em observação, descrição, classificação, comparação, eliminação e, só então, dedução das possíveis causas de um fenômeno. Em síntese, tratava-se do empirismo". (SERJEANTSON, 2009, p. 72).



"O principal mérito do método empírico é o de assinalar com vigor a importância da experiência na origem dos nossos conhecimentos. Os empiristas de um modo geral têm razão ao afirmar que não existem ideias inatas, e de que antes da experiência não há e nem pode haver conhecimento algum sobre o mundo exterior". (OLIVEIRA, 1997, p. 53).


No caso de Descartes, o mesmo deixou importantes trabalhos para a matemática, como o plano cartesiano; na óptica, junto com Christian Huygens (1629-1695) o qual se destacou nos estudos acerca da natureza e do movimento da luz, e fora o criador da "teoria da ondulação da luz", algo que influenciou Isaac Newton a desenvolver o telescópio de reflexão, utilizado para realizar seus experimentos descritos em seu famoso livroOptica. Entretanto, Descartes é principalmente lembrado como o desenvolvedor do Racionalismo na filosofia moderna. 


Seu pensamento metafísico pode ser analisado e estudado em duas de suas importantes obras: O Discurso sobre o método (1637) sua obra mais famosa, onde ele desenvolveu o conceito do método, e como esse pode ser aplicado na filosofia natural, além de dá os primeiros passos para o desenvolvimento do racionalismo moderno. É nesse livro que ele traz a famosa frase: "Penso, logo existo". Em as Meditações sobre Filosofia Primeira (1641), onde ele questionou a necessidade de duvidar-se de tudo excerto da própria razão. Nesse caso, ele dizia que ao duvidar, isso leva você a questionar o por quê dessa dúvida, logo, isso o impulsiona a procurar por respostas. Não obstante, ele também dedica parte do livro a falar sobre a constituição do universo, e acerca da existência de Deus e da alma e como através de seu método eles podem ser comprovados. 


Na química um dos mais notórios filósofos naturais dessa época foraRobert Boyle (1627-1691). Além de químico, Boyle também fora alquimista e físico, fato esse que o levou a trabalhar e se tornar amigo de Robert Hooke e Isaac Newton, onde os mesmos desenvolveram pesquisas na física. Boyle deixou uma série de trabalhos onde criticava algumas teorias platônicas e aristotélicas sobre a matéria, criticou também algumas teorias sobre a matéria desenvolvidas na alquimia, no entanto, deixou importantes contribuições no estudo dos gases, dos minerais, dos alcoóis, aperfeiçoou técnicas de destilação e aparelhos de laboratório além de desenvolver o conceito de elemento químico.



Robert Boyle fora um dos maiores químicos da Modernidade. Para alguns, fora o fundador da "química moderna". 


"O mundo do pensador moderno seria, cada vez mais, um mundo mecanisticamente reduzido à matéria e ao movimento, descrito por leis rígidas e quantificáveis, onde o espírito vitalista e qualitativo do alquimista iria perdendo espaço até não encontrar mais lugar. A própria mudança de Boyle diante de seus estudos de química nos fornecerá um excelente exemplo deste fenômeno". (GOLDFARB-ALFONSO, 2001, p. 161).

Na matemática além dos nomes já citados aqui, outros que se destacaram foram: o francês Blaise Pascal (1623-1662), o qual além de matemático, atuou também como físico, filósofo e teólogo. Entretanto, suas maiores contribuições residem na matemática, como a geometria projetivaa teoria das probabilidades e o triângulo de Pascal, são algumas de suas notórias contribuições, além de uma curiosa máquina chamada La pascaline criada em 1642, tendo sido a primeira calculadora mecânica do mundo. 

Diagrama retratando o triângulo de Pascal

O matemático e físico italiano Evangelista Torricelli (1608-1647), chegou a ser discípulo de Galileu como já fora dito anteriormente, no entanto deixou algumas importantes contribuições para o estudo da pressão atmosférica, dentre as quais a descoberta do barômetro; estudou também cinemática nos sólidos e nos fluídos, onde nos estudos do movimento dos fluídos concebeu a Lei Torricelli e no movimento dos sólidos concebeu aEquação de Torricelli. Substituiu Galileu como matemático sênior daAcademia Florentina

Equação de Torricelli

Da Alemanha o matemático, filósofo, diplomata e bibliotecário Gottfried Leibniz (1646-1716) fora considerado um dos grandes nomes da matemática no final do século XVII e começo do XVIII. A Leibniz é creditado a origem do conceito de "função" ainda hoje ensinado nas escolas; ao lado de Newton desenvolveu o chamado "cálculo moderno", estudou produto integralregra do produtolinguagem bináriaanálise combinatóriaharmonia, etc.; além de ter também deixado contribuições no campo da filosofia do direito, história, religião, lógica, etc.   

Gottfried Leibinz é considerado ao lado de Isaac Newton um dos fundadores da "matemática moderna".

Um dos últimos grandes nomes da filosofia natural ainda do século XVII é o famoso físico, matemático, astrônomo e alquimista inglês Isaac Newton(1643-1727). Nos fins do século XVII, o mesmo correspondeu-se com Robert Hooke, além de ter conversado com o famoso astrônomo Edmond Halley (1656-1742) acerca de astronomia. Newton juntou seu conhecimento sobre física e matemática, herdados de Kepler, Galileu, Descartes, Pascal, entre outros. 

Assim, ele em 1687, lançou os Princípios Matemáticos da Filosofia Natural (Philosophiae Naturalis Principia Mathematica) nessa obra reeditada posteriormente mais duas vezes pelo próprio autor, Newton tratou basicamente de três assuntos: a cinemática, a mecânica celeste e expôs sua lei da gravitação universalNesse livro, ele desenvolveu de forma mais geométrica do que algébrica as teorias de movimento no que geraram as famosas Três Leis de Newton, comumente definidas como:inérciadinâmica e ação e reação. A partir dessas leis e da descoberta da gravidade, ele comprovou a veracidade das teorias de Kepler, e introduziu novos conceitos e uma nova visão para o estudo da matemática e da física. 

Capa de Princípios Matemáticos da Filosofia Natural, de Isaac Newton (1687).

"Os Principia eram uma obra-prima; foi considerado o maior livro cientifico de todos os tempos. Seu impacto foi imenso. Mas talvez isso fosse apenas o que de devesse esperar, pois, em um único volume, Newton reescrevera toda a ciência dos corpos em movimento com uma incrível precisão matemática. Ele completou o que os físicos do fim da Idade Média haviam começado e Galileu  tentara trazer à realidade; suas três "leis do movimento" formaram a base de todo o trabalho posterior. Newton tinha também resolvido um problema astronômico de 2 000 anos - o movimento dos planetas no espaço". (RONAN, 2001, p. 99).

De fato, Newton encerrou as grandes descobertas do século XVII e deu os primeiros passos para novas descobertas no século seguinte, já que seu segundo mais famoso livro, Óptica (Opticks) fora publicado em 1704 e contou com mais duas edições feitas pelo próprio, até o fim da sua vida. 

"A ciência moderna não saiu, perfeita e completa, como Atena da cabeça de Zeus, dos cérebros de Galileu e de Descartes. Pelo contrário, a revolução galieana e cartesiana - que, apesar de tudo, permanece como uma revolução -, fora preparada por um longo esforço de pensamento". (KOYRÉ, 1982, p. 181).

O fim da revolução?

O século XVIII fora marcado pelo Iluminismo, a Revolução Industrial e aRevolução Francesa. No entanto, o que recaí aqui no interesse desse trabalho diz respeito ao Iluminismo e a Revolução Industrial. De fato, o século XVIII fora chamado de o "século das luzes", o alvorecer de um novo futuro ou novo mundo. O Iluminismo diferente da Revolução Científica embrenhou-se mais claramente como um movimento sociopolítico e cultural, do que tendo ficado mais atrelado a questões "científicas".

Assim, para alguns historiadores o século XVIII marca o fim da Revolução Científica e a ascensão de novos modelos e conceitos, que embasariam a sociedade do século XIX. Entretanto, alguns dos historiadores das ciências aqui mencionados logo no começo desse texto, possuem opiniões diferentes acerca dos fins da revolução. 

"Na década de 1750, os dois editores da Encylopédie, Denis Diderot (1713-84) e Jean Le Rond d'Alembert (1717-83), falaram da revolução na ciência que fora iniciada no século anterior e que viam como em prosseguimento". (HENRY, 1997, p. 103).

Como fora dito inicialmente, Henry [1997] o qual se dedicou a escrever acerca do Renascimento e das origens da Revolução Científica, concebe a ideia de que a ciência esta constantemente se atualizando e sendo repensada, logo, a "revolução" termo que ele não gosta de usar nesse contexto, estaria acontecendo ao longo do século XVIII, agora, influenciada pelos modelos e posicionamentos do ideal iluminista, o qual segundo Burke [2001] o Iluminismo trouxe novas discussões para o meio político, social, cultural, religioso, econômico, etc. Ele procurou laicizar o Estado, colocar um fim no Antigo Regime, e ao mesmo tempo deixou mais "democrático" a divulgação e a opinião do conhecimento.

No caso de Kuhn [1988] como o mesmo defende a ideia de "revoluções", logo surgiram paradigmas no século XVIII que foram interpretados como microrrevoluções: os trabalhos de LaplaceLavoisierVicoLamarck, etc., todos esses e outros filósofos, também deixaram importantes contribuições que repensaram o mundo. De fato, alguns historiadores, consideram a origem do Iluminismo tendo ocorrido ainda no século XVII, mas especificamente em suas últimas décadas, logo este seria uma continuação da revolução antes começada.

"O nosso século é chamado o Século da Filosofia por excelência. Se examinarmos sem prevenção o estado atual dos nossos conhecimentos, não se pode deixar de convir que a filosofia registrou grandes progressos entre nós. A ciência da natureza adquire a cada dia novas riquezas; a geometria, ao ampliar os seus limites transportou seu facho para as regiões da física que se encontravam perto dela; o verdadeiro sistema do mundo ficou conhecido, foi desenvolvido e aperfeiçoado. Desde a Terra a Saturno, desde a história dos céus à dos insetos, a ciência da natureza mudou de feições. Com ela, quase todas as outras ciências adquiriram novas formas e, com efeito, era imprescindível que o fizessem". (D'ALEMBERT, 1758, p. 1 apud CASSIRER, 1994, p. 21).

Tal ponto de visão é cogitado e defendido por Ronan [2001] o qual como fora dito no início, considera o período da Revolução Científica tendo ocorrido entre 1500-1600 e 1600-1800, sendo o segundo bicentenário o auge da revolução em si, logo, o Iluminismo e a Revolução Industrial que se encontram no centenário do século XVIII, seriam consequências diretas das rupturas e mudanças surgidas no século XVII.

DiderotVoltaired'AlembertLaplaceBuffon, entre outros não negaram em seu tempo a importância da contribuição da física newtoniana e do racionalismo cartesiano, como fundamentais para a formação do pensamento iluminista, logo, Cassirer (1994) considera o Iluminismo profundamente enraizado na Revolução Científica e em certos aspectos um continuador desse legado.

Assim, dependendo dos argumentos dos historiadores, a Revolução Científica ou terminou no século XVII, ou continuou pelo século XVIII, misturada entre o movimento próprio do Iluminismo e da Revolução Industrial, ou no fim, a revolução em si fora apenas um marco histórico, e várias outras "revoluções" continuaram após o século XVIII. 

NOTA 1: Embora o livro de Konrad Gesner, Historiae Animalium tenha sido considerado um precursor dos estudos da zoologia e da taxionomia, para alguns historiadores seu livro consistiu em uma espécie de bestiário mas bem formulado, pois em seu trabalho, Gesner não apenas retratou animais reais, mas animais fantásticos, como unicórnios, dragões, mantícoras, etc., pois até então acreditava-se que tais criaturas pudessem ser reais. 
NOTA 2: Cláudio Galeno (129-217) depois de Hipócrates (460 a.C - 377 a.C) é o mais notório médico da Antiguidade. Fora professor de medicina e médico de alguns imperadores romanos. Dedicou-se ao estudo anatômico e patológico. Sua contribuição ficou profundamente enraizada na medicina europeia que a mesma permaneceu quase inalterada por mais de treze séculos. Embora Galeno tenha deixado importantes contribuições, a medicina europeia era bem atrasada se comparando-a a medicina árabe, indiana e chinesa da mesma época. 
NOTA 3: O livro de Bacon, Novum Organum era uma crítica ao trabalho deAristóteles chamado de Organum. Nesse caso, Novum Organum pode ser traduzido como "novo instrumento". Sendo instrumento no sentido de metodologia, técnica, e não de uma ferramenta. 
NOTA 4: A invenção do telescópio é creditada ao holandês Hans Lippershey, o qual era vidraceiro e trabalhava com lentes. No entanto várias outras pessoas na mesma época reivindicaram para si a criação do telescópio. Tal fato ainda é debatido hoje.
NOTA 5: Curiosamente, Isaac Newton demonstrava grande interesse para a alquimia, o próprio chegou a estudar meios de conseguir fazer a pedra filosofal


Referências Bibliográficas:

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Fonte: Seguindo os Passos da história.