segunda-feira, 23 de março de 2015

Operação Brother Sam: Quando nosso"irmão" quase invadiu o Brasil!

Modelo de porta-aviões usado durante a Operação Brother Sam.




No começo da década de 60, o Brasil passava por uma mudança decisiva no âmbito político da nação. Depois de uma longa disputa entre as frentes “Legalistas” e Militares, selava-se no dia 31 de março de 1964 a transição para o período que ficou conhecido como “Ditadura Militar”. Desde aquela época se especulou sobre uma possível assistência norte-americana aos golpistas, mas esse apoio só foi provado quase 10 anos mais tarde com uma série de matérias publicadas no Jornal do Brasil, provando a existência de uma operação de suporte aos Militares conhecida como Operação Brother Sam.

A Operação Brother Sam foi desencadeada pelo governo dos Estados Unidos, sob a ordem de apoiar o golpe de 64 caso houvesse algum imprevisto ou reação por parte dos militares que apoiavam Jango, consistindo de toda a força militar da Frota do Caribe, liderada por um porta-aviões da classe Forrestal da Marinha dos EUA e outro de menor porte, além de todas as belonaves de apoio requeridas a uma invasão rápida do Brasil pelas forças armadas americanas.

A Operação foi iniciada quando João Goulart chegou em Porto Alegre em 2 de abril de 1964, e foi informado de que o governo dos Estados Unidos já havia reconhecido o novo governo brasileiro. Jango, em Porto Alegre, foi aconselhado pelo general Agemiro Assis Brasil para se exilar no Uruguai. O então embaixador Lincon Gordon havia pedido a Washington apoio logístico aos militares brasileiros. Os EUA tinham forte influência em toda a América (com exceção de Cuba). A influência sobre Brasil era muito grande, as empresas de capital multinacional que aqui estavam tinham o domínio de grande parte da infraestrutura que sustentava o país; a geração elétrica, o fornecimento de água, de gás, de combustíveis, a indústria de alimentos, de roupas e toda a base da produção nacional. Os EUA tinham fortes motivações econômicas para preferir um governo militar e de aspirações mais direitistas. Havia um sentimento de desconfiança dos americanos para com Jango devido ao que os norte-americanos chamavam de “tendências comunistas”.

Em 31 de março 31 de Março 1964 deflagrada a Operação Brother Sam, que, segundo a Imprensa e documentos já em domínio público liberados pelo governo americano, consistia no envio de 100 toneladas de armas leves e munições, navios Petroleiro com capacidade para 130 mil barris de combustível, uma esquadrilha de aviões de caça, um navio de transporte de helicópteros com a carga de 50 Helicóptero com tripulação e armamento completo, um Porta-aviões Forrestal, seis destróiers, um encouraçado, além de um navio de transporte de tropas, e 25 aviões C-135 para transporte de material bélico. Gordon queria a intervenção rapidamente, se o golpe não tivesse vingado, o Brasil seria invadido, a poderosa Frota do Caribe estava entre 50 e 12 milhas náuticas ao sul do Espírito Santo.

A Operação foi decisiva para a opção de Jango por se exilar no Uruguai. Ele pensava que assim poderia evitar um grande derramamento de sangue.

A Operação Brother Sam nunca chegou a ser colocada realmente em prática. Ela só seria realmente deflagrada caso houvesse a possibilidade explícita de uma guerra civil. Sendo assim, o reforço militar americano foi chamado de volta no dia 3 de abril de 1964. Para acobertar a situação, Lindon Gordon chamou o deslocamento da Frota do Caribe de um “exercício simulado”.
Apenas em 1976, quando o repórter do Jornal do Brasil, Marcos Sá Correa, teve acesso aos documentos, até então classificados, é que se teve o devido esclarecimento sobre as atividades militares norte-americanas na época do Golpe Militar. Mesmo não tendo sido totalmente deflagrada, a Operação Brother Sam mostra que a intervenção militar por parte dos EUA não era só provável, como real e massiva.









Carlos Fico comenta sobre a operação e as fontes lidas:


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