Um dos povos pré-colombianos mais importantes da História não tem uma origem 100% conhecida, mesmo após décadas de pesquisas histórico-arqueológicas movidas por diversos profissionais através dos anos. Muitos apontam os incas como um povo que teria descendido de um grupo étnico conhecido como taipicala e migrado para a região próxima a Cuzco e dos vales do rio Urubamba e do rio Huatanay por volta do ano 1200.
O vale do rio Urubamba foi muito importante para o desenvolvimento do povo inca.
Esta é a definição da “origem” dos incas mais aceita hoje em dia, até mesmo pelos achados arqueológicos que confirmam estas informações e provam que houve uma migração na época e que a partir desta migração a civilização inca desenvolveu-se na região.
Mas é óbvio que não existe apenas a definição “histórica”, baseada em achados arqueológicos. Os próprios incas tinham uma história que contava suas origens e que era transmitida de forma oral ou através de gravuras nas cerâmicas, nas paredes dos templos e nas peças de ouro. Na verdade, existem duas versões que explicam a origem do povo inca: a “lenda dos irmãos Ayar” e a “lenda de Manco Capac e Mama Ocllo”, e as duas, apesar de serem parecidas, tem seus detalhes e particularidades.
Aqui nós vamos falar da segunda lenda, já que a primeira eu pesquisei bastante e não encontrei uma exatidão nos relatos, há muita informação e pouca certeza, como em toda tradição oral que se preze. Mas se você que está lendo tiver curiosidade, eu deixei o link acima para um site que explica um pouco sobre esta lenda. Está em castelhano, mas dá para entender.
“A lenda de Manco Capac e Mama Ocllo”:
Segundo esta lenda, os habitantes do lado norte do lago Titicaca viviam como “animais selvagens” – e aqui talvez nós podemos fazer uma comparação com os primeiros grupos humanos viviam na Pré-História, sem qualquer organização social.
Manco Capac e Mama Ocllo
O deus-sol, Inti, decidiu que estes seres mereciam passar por um “processo civilizatório”. Assim, ele criou um casal, Manco Capac e Mama Ocllo, e pediu que os dois fossem até a Terra para construir um grande império e civilizar estes povos, mas antes eles deveriam encontrar o lugar para construir a capital.
Os dois aceitaram a missão e emergiram da espuma do lago Titicaca, na Isla del Sol, munidos de um cetro de ouro, e rumaram para o norte.
Conta a lenda que a beleza de suas roupas e o brilho das jóias e do ouro que os dois carregavam fizeram com que as pessoas daquela região percebessem o casal como dois deuses – como eles realmente eram – e passaram a segui-los, mesmo que secretamente.
Manco Capac e Mama Ocllo procuraram o local exato por algum tempo. A ordem dada por Inti era que eles deveriam fixar o império em um lugar de terras férteis, e para saber se a terra era realmente fértil eles deveriam afundar o cajado de ouro até o fim, tendo a certeza que ali seria fácil plantar e colher com abundância.
Um belo dia eles chegaram até os pés do cerro Huanacauri, e ali, no vale do rio Huatanay o cajado enfim foi “sugado” pela terra. Capac e Ocllo iniciaram então a construção da cidade de Cuzco, conhecida também como “Umbigo do Mundo”, futura sede do império inca. Também ensinaram o povo que os seguiu a plantar, construir casas, cozinhar, enfim, cumpriram a “missão”, o pedido feito pelo deus-sol ao criá-los e civilizaram o povo.
Cerro Huanacauri.
Assim como todos os personagens lendários que existem mundo afora, Manco Capac e Mama Ocllo não tem sua existência confirmada por achados arqueológicos. Muitos consideram que realmente existiu tal casal e que eles foram os primeiros líderes incas, e à história dos dois foi agregada a lenda da criação do povo.
Outras pessoas acreditam que esta é apenas uma lenda, e nenhum dos dois realmente existiu. De qualquer forma, vale o registro desta interessante manifestação cultural dos povos andinos, concordam?
Dizem que o brasileiro é um dos poucos povos que riem de sua desgraça. Passadas as eleições, os ânimos começam a esfriar, permitindo-nos mais uma vez refletir e "brincar" com a nossa situação sócio-cultural. A música exposta abaixo reflete uma situação que provavelmente nós vimos nestes últimos meses nas campanhas eleitorais, esta música de Bezerra da Silva, pode até ser considerado um hino de revolta do cancioneiro popular, que mostra como o "político" usufrui dos mais carentes. Acredito que esta música serve para representar políticos de inúmeras legendas, vitoriosas ou vencidas nestas últimas eleições.
Candidato Caô Caô
Caô Caô Caô Caô.. A justiça chegou!
Ai malandragem..se liga! Bezerra da Silva provando e comprovando a sua versatilidade! "Sai pra lá caozada..Oh o rappa na área!"
Ele subiu o morro sem gravata Dizendo que gostava da raça Foi lá na tendinha Bebeu cachaça E até bagulho fumou Jantou no meu barracão E lá usou Lata de goiabada como prato Eu logo percebi É mais um candidato Às próximas eleições (3x)
Fez questão de beber água da chuva Foi lá no terreiro pediu ajuda E bateu cabeça no congá Mais ele não se deu bem Porque o guia que estava incorporado Disse esse político é safado Cuidado na hora de votar
Também disse:
Meu irmão se liga No que eu vou lhe dizer Hoje ele pede seu voto Amanhã manda a polícia lhe bater
Meu irmão se liga No que eu vou lhe dizer Hoje ele pede seu voto Amanhã manda os homem lhe prender
Hoje ele pede o seu voto Amanhã manda a polícia lhe bater.
Eu falei pra você viuuuuu..
Esse político é safadão oh ai cumpade!
Nesse país que se divide em quem tem e quem não tem, Sinto o sacrifício que há no braço operário Eu olho para um lado Eu olho para o outro Vejo o desemprego Vejo quem manda no jogo E você vem, vem Pede mais de mim Diz que tudo mudou E que agora vai ter fim Mas eu sei quem você é Ainda confia em mim?
Esse jogo é muito sujo Mas eu não desisto assim Você me deve..haha haha Malandro é malandro Mané é mané Você me deve... Você me deve seu canalha Você me deve malandragem
Você ganhou duzentas vezes na loteria malandro? Duzentas vezes cumpade? É
Fez questão de beber água da chuva Foi lá na macumba pediu ajuda E bateu cabeça no congá Deu azar.. A entidade que estava incorporada Disse esse político é safado Cuidado na hora de votar
Também disse:
Meu irmão se liga No que eu vou lhe dizer Hoje ele pede seu voto Amanhã manda a polícia lhe bater
Meu irmão se liga No que eu vou lhe dizer Hoje ele pede seu voto Amanhã manda a polícia lhe prender
Hoje ele pede o seu voto Amanhã manda a polícia lhe bater.
Ai ai perai cumpade..perai perai perai Sujôooo.. Ae malandragem se liga na missão Fica atento Político é cerol fininho
Político engana todo mundo.. Menos o caboco..ele deu azar na macumba do malandro..ah lá O caboco caguetou ele
Hoje ele pede, pede, pede de você .. Amanhã vai vai te fudê..
Hoje ele pede, pede, pede de você .. Amanhã vai vai.. ohhh
Produtora Blizzard Entertainment
Editora(s) PC, Mac OS
Blizzard Entertainment(América do Norte)
Ubisoft (Europa)
Saturn, PlayStation
Electronic Arts (América do Norte e Europa)
Electronic Arts Victor(Japão)
Plataforma(s) MS-DOS, Linux,AmigaOS 4, Mac OS,Sega Saturn,PlayStation,Microsoft Windows
Data(s) de lançamento PC, Mac OS
AN 9 de Dezembro de 1995
EU 1996Saturn, PlayStation
AN 31 de Agosto de 1997
EU 31 de Agosto de 1997
Gênero(s) Estratégia em tempo real
Modos de jogo Single Player e Multiplayer
Classificação ESRB: T
OFLC: G8+
ELSPA: 15+
Média CD-ROM
Controles Mouse, Teclado e Gamepad
Idioma Inglês
Warcraft é a história de um Universo fictício onde é ambientada a série de livros e jogos para computador de mesmo nome publicados pela Blizzard Entertainment, Inc . A primeira aparição do Universo Warcraft aconteceu no jogo Warcraft: Orcs & Humans, em uma história que era basicamente sobre a luta pela sobrevivência entre humanos e orcs em Azeroth, um dos planetas do Universo Warcraft.
A história é divida em antes e depois da primeira guerra sendo a data mais antiga, segundo a linha de tempo oficial da Blizzard, dez mil anos antes de Orcs & Humans,embora haja registros de que a data mais antiga do Universo Warcraft seja de 147 mil anos antes de Orcs & Humans, conforme é descrito no guia RPG Shadows & Light. Atualmente a história de Warcraft está ambientada 32 anos após Orcs & Humans, sendo o título atual o jogo World of Warcraft: Mists Of Pandaria.
Já tentaram, mas foi um fiasco, explicar os fenômenos sociais com auxílio das leis naturais, ou seja, as leis que regem a natureza. A busca incessante pela verdade empírica é como uma sede implacável para homem e, assim sendo, ele desenvolveu referenciais teóricos e metodológicos como forma de explicar a realidade, matar sua sede pela verdade. Tenho que lhes precaver que esse artigo é diminuto, não se trata de algo aprofundado, apenas pode lhe servir como referência para uma primeira análise quanto ao entendimento do Materialismo Histórico Dialético.
Pois bem, e o que vem a ser o materialismo? Em resumo é um conjunto de doutrinas filosóficas que busca explicações para os problemas diretamente relacionados ao plano da realidade no mundo material ao longo da história. Uma explicação materialista dentro de uma interpretação marxista, por exemplo, coloca um problema social do plano real dentro de um modo de produção.
O materialismo histórico, pois bem, é uma tese do marxismo, que com auxílio do conceito de modo de produção da vida material busca explicações para o conjunto de acontecimentos do plano real envolvendo o social, o político, o econômico e o cultural. Trata-se de um método de compreensão e analise do campo da historiografia. O mesmo que coloca sobre a mesa o conceito de lutas de classes.
Uma analise sobre a ótica do materialismo histórico explica a realidade da seguinte forma: a produção material é o pilar da ordem social, é algo que sempre existiu em todas as sociedades. A repartição do que é produzido, aliado a divisão dos homens em classes é determinada pelo o que, e como, a sociedade produz. Um exemplo prático: o modo de produção escravista da antiguidade: o senhor e seu escravo, o patrício e o plebeu em Roma; o modo de produção feudal: o senhor e o seu servo; e o modo de produção capitalista: o burguês e o proletariado.
A respeito da Dialética trata-se de uma palavra de origem grega que significa “verdade”, para o nosso caso, “Di” seria igual a duas verdades. Assim podemos esquematizar o método dialético da seguinte forma:
A “tese” trata-se de uma primeira proposição dada; a “antítese” é a oposição, ou seja, contrária à tese. Do choque entre a “tese” e a “antítese” é que temos uma conclusão, a “síntese”. A “síntese” é uma conclusão nova, retirada a partir do embate, a “síntese” porconsequinte torna-se uma nova “tese” que ira se chocar com uma nova “antítese” e como resultado uma nova “síntese”, sendo um processo sem fim.
“As relações sociais são inteiramente interligadas às forças produtivas. Adquirindo novas forças produtivas, os homens modificam o seu modo de produção, a maneira de ganhar a vida, modificam todas as relações sociais. O moinho a braço vos dará a sociedade com o suserano; o moinho a vapor, a sociedade com o capitalismo industrial”. [1]
O Materialismo Histórico Dialético, portanto, trata-se de um referencial teórico na busca de explicações para os problemas dos fenômenos do plano da realidade. É utilizável? Sim, mas não consegue aplacar toda a complexidade dos problemas do plano real e tem seus problemas explicativos, como vários outros referenciais teóricos também têm.
Bibliografia: MARX, Karl. Miséria da filosofia. São Paulo: Grijalbo, 1976. 222p
A Guerra Fria foi uma disputa travada durante quase cinco décadas pelas duas superpotências vencedoras da Segunda Guerra Mundial: os Estados Unidos e a União Soviética. Foi um período marcado por muita espionagem e propaganda política, tanto do lado norte-americano quanto do soviético. Não bastasse tudo isso, armas atômicas seriam usadas caso as duas superpotências partissem para o conflito militar direto. Foi durante a Guerra Fria que uma nova onda de super-heróis surgiu nos gibis norte-americanos, especialmente nos da Marvel Comics (hoje a maior editora de quadrinhos do mundo). Você certamente já ouviu falar dessas personagens, pois várias foram adaptadas para o cinema nos últimos anos, com grande sucesso de bilheteria. Dentre essas personagens, podemos destacar o Homem-Aranha, os X-Men, o Hulk e o Quarteto Fantástico. Aqui, falaremos da relação delas com a Guerra Fria. Afinal, embora sejam fictícias e tenham sido criadas apenas para entretenimento, seus criadores se inspiraram na época que viviam. Começaremos pelo Quarteto Fantástico, o primeiro gibi da Marvel em que o escritor-editor Stan Lee fez parceria com o desenhista Jack Kirby.
O Quarteto Fantástico
O primeiro gibi do Quarteto Fantástico foi publicado em novembro de 1961 -ou seja, poucos meses depois de o cosmonauta soviético Yuri Gagarin ter-se tornado o primeiro ser humano a viajar para o espaço, realizando um voo orbital (12 de abril de 1961), e quase uma década antes de o astronauta norte-americano Neil Armstrong ter sido o primeiro homem a pisar na Lua (20 de julho de 1969). Assim, o Quarteto Fantástico foi lançado na mesma época em que os EUA e a URSS disputavam a corrida espacial. O próprio surgimento desse grupo de heróis faz alusão à Guerra Fria: no início da história, pouco antes de os quatro futuros heróis viajarem para o espaço, a narração menciona que os EUA estão numa "corrida espacial" com "uma potência estrangeira". Claro que a tal "potência estrangeira" era a URSS, mas, diferentemente do que tinha acontecido durante a Segunda Guerra Mundial, os autores dos gibis da Guerra Fria preferiam não dar nome aos bois quando se referiam aos "inimigos da América". No gibi, o Quarteto Fantástico tem origem um pouquinho diferente daquela contada no filme de 2005: quatro amigos - o cientista Reed Richards; sua noiva, Sue Storm; o irmão adolescente dela, Johnny Storm; e o piloto de foguetes Ben Grimm - embarcam num foguete experimental, voam para o espaço e são bombardeados por raios cósmicos. Ao voltarem para a Terra, descobrem que os raios cósmicos os afetaram, dando-lhes superpoderes. Richards consegue esticar partes de seu corpo e assume o codinome Senhor Fantástico (qualquer semelhança com outro super-herói, o Homem-Borracha, não é mera coincidência); Sue se torna a Garota Invisível (anos depois, mudará o nome para Mulher Invisível, pois em nossos tempos "politicamente corretos" é considerado machismo chamar de "garota" uma mulher adulta); Johnny vira o Tocha Humana; e Ben, o monstruoso Coisa. Os raios cósmicos existem mesmo, mas na vida real eles matam, como seu professor ou professora de ciências poderá lhe explicar. A corrida espacial não é a única alusão à Guerra Fria que encontramos nos primeiros gibis do Quarteto Fantástico. O principal inimigo do Quarteto era o Doutor Destino, que governava literalmente com mãos de ferro um pequeno país do Leste Europeu, bem na região onde se concentravam os países do bloco socialista. Na tradução feita no Brasil, o nome dado ao país do Doutor Destino era "Latvéria", o que poderia levar a concluir que se tratava de uma terra imaginária. Mas, no original, o nome era "Latvia" - cuja tradução correta para o português é Letônia, na época uma das repúblicas que compunham a URSS. O próprio visual do vilão, com sua armadura de ferro, pode ser referência à "Cortina de Ferro", a expressão popularizada pelo ex-primeiro-ministro britânico Winston Churchill para se referir aos países da Europa oriental que ficaram sob influência da URSS após a Segunda Guerra Mundial.
O Incrível Hulk
O Incrível Hulk, segunda criação da parceria Stan Lee-Jack Kirby, também refletia o contexto da Guerra Fria. No primeiro número do gibi, lançado em maio de 1962, ficamos sabendo como o cientista Bruce Banner se tornou o Hulk: ele tenta salvar um adolescente que invadiu o local onde se testará pela primeira vez a "bomba gama" (projetada pelo próprio Banner) e fica exposto aos raios gama quando a bomba é detonada propositalmente por seu assistente, um espião iugoslavo disfarçado. Capa do n. 1 de O Incrível Hulk Banner, em vez de morrer de leucemia ou queimaduras radiativas (que é o que aconteceria na vida real), descobre que os raios gama alteraram a química de seu corpo. Agora, sempre que se enfurece, é humilhado ou entra em pânico, ele se transforma no Hulk, um brutamontes capaz de levantar toneladas. Curiosamente, o Hulk era para ser cinzento, mas falhas de impressão no primeiro número do gibi fizeram que ele aparecesse esverdeado em alguns quadrinhos. Assim, o verde se tornou sua cor definitiva. Até o fato de Banner ser físico nuclear tinha relação com a Guerra Fria. Desde o Projeto Manhattan (o qual desenvolveu as bombas atômicas que foram lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki), os físicos nucleares tinham "importância estratégica" para o governo dos EUA. Vale recordar que, segundo alguns historiadores, as bombas atômicas usadas contra o Japão marcaram não apenas o fim da Segunda Guerra Mundial, mas o começo da Guerra Fria. Segundo tal interpretação, o ataque a Hiroshima e Nagasaki teria sido a forma que os EUA encontraram de mandar o seguinte recado à URSS: "Cuidado conosco! Nós temos a bomba!" Depois disso, a procura por carreiras científicas, sobretudo em física nuclear, aumentou consideravelmente nas universidades norte-americanas. Bruce Banner, assim como os físicos do Projeto Manhattan, trabalha para os militares; e a "bomba gama" explode no deserto do Novo México, região dos EUA onde foram mesmo realizados os primeiros testes atômicos. Outro elemento da Guerra Fria presente na saga do Hulk é o espião iugoslavo. Naquela época, histórias de espionagem eram comuns tanto na ficção quanto na realidade. Além disso, a Iugoslávia era um dos países do Leste Europeu onde os comunistas haviam chegado ao poder. (No entanto, os iugoslavos eram um caso à parte: o então governante do país, o marechal Tito, principal líder da resistência contra os invasores alemães durante a Segunda Guerra Mundial, não seguia todos os ditames da União Soviética; por isso, o modelo socialista adotado na Iugoslávia era um pouco diferente daquele que predominava nos outros países do Leste.) Em suas primeiras aventuras, o Hulk enfrentou vários vilões comunistas, mas havia igualmente críticas aos EUA. Em primeiro lugar, porque o principal inimigo do Hulk era o general Ross, também pai da namorada de Banner. Ou seja, em muitas histórias do Hulk, o inimigo era o próprio Exército norte-americano, sempre perseguindo o gigante verde. E não se deve esquecer que o Hulk era um monstro criado pelo horror atômico. Ao conceberem a história, Stan Lee e Jack Kirby pretenderam transmitir uma lição de moral: Banner é vítima de uma arma que ele mesmo projetou, e o cientista sente remorsos por isso.
Túlio Vilela* Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Hoje se falar que houve um show de 3 bandas essenciais na história do rock, ninguém acreditaria, esqueci o detalhe em BALNEÁRIO CAMBORIÚ, sim teve mesmo há exatamente 20 anos atrás no dia 11 de novembro de 1994, o Sepultura realizou a "Acid Chaos Tour", ao lado de Ramones e Raimundos, logo após o lançamento de Chaos A.D., e o Ramones embarcou junto nessa, divulgado o álbum Acid Eaters e o Raimundos com o lançamento de seu 1° CD.
O mais interessante e surpreendente disso e que Sepultura e Ramones estavam no auge do sucesso Ramones claro bem mais que Sepultura mais só por isso torna esse show uma lenda na cidade quando eu soube não acreditei mais conheci pessoas que foram eu não fui (era muito garoto), procurei na internet sobre esse show, ainda mais com uma banda internacional (aqui na cidade é difícil isso acontecer!) e achei alguns vídeos e depoimentos separei o do Bola Teixeira, retirado do seu blog, confira e depois vídeos desse showzaço:
Verãozaço. Estou na orla, sol de rachar a cuca. Acabo de comprar o álbum The Real Thing de uma banda chamada Faith no More. Descubro através da FM mesmo. Epic é a musica que está rolando no dial. Fico vidrado na ânsia de quero mais. Não tenho nem onde escutar. Moro longe e fico tarando a capa e todo o list sentado no muro de arrimo da Atlântica, ali próximo da 2400.
Mike Patton é o vocalista. Sabe tudo. Chamam o estilo de funk rock, metal alternativo, metal progressivo, sei lá que porras são essas. Mas que os caras mexem com a estrutura do rock, com certeza mexem. Chego em casa e devoro o álbum. Descubro outras pérolas quase que no último volume: Falling to Pieces, Edge of the World, From out of Nowhere, todas assinadas por Patton, que mais tarde fico sabendo The Real Thing é o álbum de estréia do figuraça na banda. Bom demais!
Passam-se dois anos. Faz pouco tempo que crio um jornal com uma amiga. Um semanário onde fiquei fazendo de tudo um pouco por quatro anos até encher o saco. Mas isso não vem ao caso. Recém criado o jornal fico sabendo que o show da banda Faith no More está confirmada para acontecer em Curitiba.
- Ah! Impossível perder!
Pego minha cara metade e sigo rumo a capital paranaense. Acho que é uma área para exposições. Cheio de gente. Depois de algumas horas de espera, um jogo de luzes anuncia a chegada do Faith. Surgem apenas as silhuetas e uma figura vestida de terninho branco e chapéu panamá. Patton arrebenta. A banda detona um show inesquecível. Saímos plenamente saciados de nosso apetite.
Antes de iniciar o show, enquanto esperávamos, desperta uma curiosidade. Há um som ambiente que não me é estranho e que há muito tempo não ouvia. É Ramones. Vou até o cara da mesa e pergunto:
- What is this? - Ramonesmania! Yeahh!, responde o carinha com entusiasmo de fã.
A última audição de Ramones havia sido há 10 anos, justamente no US Festival, na California. Volto de Curitiba e vou direto a loja de discos comprar o álbum duplo com um desfile de sucessos da banda norte-americana. Por um bom tempo é audição obrigatória no meu pick up. Nutro uma paixão tardia pela banda, bem tardia! Começo a comprar álbuns antigos da banda. Me informo mais sobre os Ramones e compro todos os álbuns que são lançados no modernoso CD, mídia que viria substituir o vinil. Mondo Bizarro e Acid Eaters (esse só de covers) é ainda da época do vinil.
Até que fico sabendo que a banda estará na minha cidade. Mentira. Belisca, isso não é verdade. É verdade. Dois anos depois de redescobrir Ramomes num show do Faith, Joe, Johnny, CJ e Marky estão numa tour pelo Brasil junto com Sepultura e os meninos do Raimundos. O slogan da batizada Acid Chãos Tour: “Este show irá tirar você do sério”.
Imperdível. Vou cobrir para o meu jornal. Fico uma pilha de nervoso. Os Ramones não dão trégua. Não consigo chegar perto deles. Entrevista só com as duas bandas brasileiras. Então tá. Não posso falar? Mas posso tocar. Credencial na mão, vou direto pro chiqueiro e de lá não saio até que comece o show.
Bem. Antes todo o clima do show. Sigo para o local no início da tarde. Uma fila gigantesca começa a se formar na entrada do pavilhão. Sol de abril. A garotada, na sua grande maioria, toda vestida de preto. Não há outra razão. As figuras de suas bandas preferidas estampadas no peito. Não precisa dizer quais as bandas de maior preferência. A fila aumenta, quase dobre o pavilhão. Manifestações típicas de fãs e nada dos portões abrirem.
- Não acredito!, ouço o berro histérico de um fã ao ver a chegada dos Ramones no pavilhão.
O clima ficou insustentável. A multidão força a barra e quebra com todo o sistema de segurança montado para o show. A porta principal, de vidro, vem abaixo. Parece ser uma conquista do público que lota o pavilhão.
Vou até os camarins. Consigo engrenar um papo com Rodolfo e Caniço. Nada dos Ramones. Que tristeza.
“A gente vai adentrar todos os buracos que a gente puder, além dos ouvidos”, arremata o vocalista Rodolfo, nos camarins.
Termino a entrevista e sigo pro chiqueiro. Entra o Raimundos com o álbum de estréia fresquinho e mostrando aquela novidade toda de misturar rock com baião, forró e outras coisas nacionais. Gurizada vibra com Puteiro em João Pessoa e Selim (imagina essas letras despudoradas!!), um prévia do que tinha por vir em seguida.
Estou no chiqueiro. Os seguranças quase que não conseguem segurar a fúria da gurizada quando sobem ao palco Joe, Johnny, CJ e Marky. Joe, estático em frente ao pedestal. Não fala nada e dá a senha: one, two, three, four … Meu coração dispara, a platéia explode, dança e canta todos os clássicos petardos dos Ramones. Não sei se fotografo ou subo no palco. Estou a alguns pouquíssimos metros de Joe, quando estico o braço alcanço seus pés. Finalmente a adrenalina estabilizou e saio clicando os quatro Ramones. Inesquecível!
Termina o show. Falta o Sepultura, com direito a Max Cavalera no vocal. Chega a cidade com uma referência de peso, a de melhor banda brasileira de 1993. Saio do chiqueiro e não retorno mais. Fotografo de longe o show porque os metaleiros invadem o chiqueiro. Não há mais chiqueiro, somente o som pesado do Sepultura. Delírio da gurizada de preto. O vozeirão de Max ecoa pelo pavilhão. Um show histórico. Quem foi, foi, quem não foi não acredita que existiu.
Por Bola Teixeira
E agora alguns vídeos do Sepultura nesse show não encontrei nada do Ramones (sim o vocal do Sepultura é o Max Cavaleira que fala Florianópolis pensando que é lá kkk):
"Entrego-te as asas da minha vida, só tu podes fazê-las bem coloridas. Caí bem em cima do teu telhado para voltar ao passado, Por isso estás sofrendo. Dei minhas asas até o fim, que elas voltem lindas para mim. Então voarei novamente, pousarei outra vez em tua mente, sacudindo por toda a vida, as asas feitas por ti, Eli, querida..."
Eli Malvina Heil nasceu em 1929, na cidade de Palhoça, Santa Catarina. Viveu sua infância e juventude no município vizinho de Santo Amaro da Imperatriz, tornando-se professora de educação física. Oportunamente, mudou-se para Florianópolis, onde lecionou em um colégio da capital, antes de dedicar-se integralmente à atividade artística.
Pintora, desenhista, escultora e ceramista autodidata, participou de inúmeras exposições no Brasil e no exterior. Realizou um trabalho único, de difícil classificação, que na XVI Bienal Internacional de São Paulo foi catalogado como “Arte Incomum” (Art Brut). “A arte para mim é a expulsão dos seres contidos, doloridos, em grandes quantidades, num parto colorido”.
Em seu processo de criação utilizou os mais diversos materiais (saltos de sapato, tubos de tinta, canos de PVC, etc.) e inventou inúmeras técnicas.
Este texto vem de uma dica de um amigo, que faz pensar na questão cristã de bem e mau, uma passagem do livro de Nietzsche "Além do Bem e do Mal" tem uma passagem interessante:
(…) Aos homens ordinários (…), a esses a religião proporciona uma inestimável satisfação com seu estado e seu modo de ser, uma reiterada paz no coração, um enobrecimento da obediência, […]
Confira o texto na integra retirado do site Justificando.com:
Por Airto Chaves Junior e Fabiano Oldoni
Em 06 de março de 1927, o filósofo inglês Bertrand Russell (1872-1970) proferiu uma palestra em Battersea, organizado pela Secção do Sul de Londres da National Secular Society. O trabalho, intitulado “Porque não sou Cristão”, foi publicado posteriormente em 1957, quando foram reunidos textos e discursos do autor publicados e proferidos ao longo dos anos que antecederam a publicação, nesta oportunidade, acrescido do subtítulo “(…) e outros ensaios sobre religião e assuntos correlatos”.
Como matemático e, assim, apoiado nos pilares do logicismo, para apresentar as razões pelas quais não se considera um cristão, Russell procura, inicialmente, tratar de construir um conceito do que é “ser cristão”. Importa anotar que o conceito aqui trazido pelo autor e explicado a partir de significados partilhados que criam e sustentam a estrutura do “ser cristão” é, sem dúvida, objeto de concordância de quase que a totalidade das pessoas que se dizem cristãos. A partir disso, o autor identifica características indispensáveis que alguém, realmente cristão, deve ostentar. Dentre as muitas anotadas, vale registrar aqui o título que cuida do “Caráter de Cristo”. Neste campo, citamos o autor:
(…) Acho que há muitíssimos pontos em que concordo com Cristo muito mais do que o fazem os cristãos professos. Não sei se poderia concordar com Ele em tudo, mas posso concordar muito mais do que a maioria dos cristãos professos o faz. Lembrar-voceis que Ele disse: “Não resistais ao mau, mas, se alguém te ferir em tua face direita, apresenta-lhe também a outra”. Isto não era um preceito novo, nem um princípio novo. Foi usado por Lao-Tse e por Buda cerca de quinhentos ou seiscentos anos antes de Cristo, mas não é um princípio que, na verdade, os cristãos aceitem. Não tenho dúvida de que o Primeiro-Ministro (Stanley Baldwin), por exemplo, seja um cristão sumamente sincero, mas não aconselharia a nenhum de vós que o ferisse na face. Penso que, então, poderíeis descobrir que ele considerava esse texto como algo que devesse ser empregado em sentido figurado. Há um outro ponto que julgo excelente. Lembrar-vos-eis, por certo, de que Cristo disse: “Não julgueis, para que não sejais julgados”. Não creio que vós considerásseis tal princípio como sendo popular nos tribunais dos países cristãos. Conheci, em outros tempos, muitos juízes que eram cristãos sumamente convictos, e nenhum deles achava que estava agindo, no que fazia, de maneira contrária aos princípios cristãos. Cristo também disse: “Dá a quem te pede, e não voltes as costas ao que deseja que lhe emprestes”. (…) Há ainda uma máxima de Cristo que, penso, contém nela muita coisa, mas não me parece seja muito popular entre os nossos amigos cristãos. Diz Ele: “Se queres ser perfeito, vai, vende o que tens, e dá-o aos pobres”. Eis aí uma máxima excelente, mas, como digo, não é muito praticada. Todas estas, penso, são boas máximas, embora seja um pouco difícil viver-se de acordo com elas. Quanto a mim, não afirmo que o faça – mas, afinal de contas, isso não é bem o mesmo que o seria tratando-se de um cristão.
Problema é que, a partir dos predicados levantados numa construção razoavelmente consensual (e que, fatalmente, aqueles que se consideram Cristãos concordam), desconfiamos que pouquíssimas (para não dizer nenhuma) das pessoas que se dizem Cristãos se encaixam nestes atributos. E, se assim o é, essas pessoas, apesar de se intitularem Cristãos, não o são.
Por via contrária, há uma probabilidade beirando a certeza de você que se diz Cristão (e, pelo que se verificou, não o é) ser, na verdade, um criminoso. Para tanto, faz-se necessário um exame de consciência e, sobretudo, apesar das dificuldades, uma autocrítica de seu comportamento diário. Antes, porém, façamos o que fez Bertrand Russell com a teoria ramificada dos tipos: conceituemos “criminoso”.
Creio que concordemos que “criminosa” é a pessoa que pratica algum crime. Dentro desta perspectiva, QUALQUER PESSOA que tenha o seu comportamento subsumido a algum tipo penal pode ser considerada delinquente.
Resolvida esta questão, façamos agora o exame de consciência e exercício de memória para verificar se praticamos alguns desses comportamentos listados a seguir: se emprestamos um objeto de alguém e não o restituímos, incorremos no crime de apropriação indébita; se nos embriagamos ou nos entorpecemos de outras formas e passamos a conduzir um veículo automotor com capacidade psicomotora alterada, praticamos o crime de embriaguez ao volante; se ameaçamos alguém para que pague uma dívida (legítima), incorremos no delito deexercício arbitrário das próprias razões; ao momento em que atribuímos adjetivações depreciativas à outra pessoa, ofendendo a sua dignidade ou decoro, praticamos o crime deinjúria; se registramos informação não verdadeira ou omitirmos informação em documento, desde que “com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante”, cometemos o crime de falsidade ideológica (declarar, não sendo verdade, que fulano reside no seu endereço, por exemplo); se fizermos afirmação falsa ou negamos a verdade como testemunha, em processo judicial, ou administrativo, ou mesmo em Inquérito Policial, incorremos no crime de falso testemunho; caso o funcionário público (também o equiparado) se apropria de qualquer valor ou bem de que tem a posse em razão do cargo, em proveito próprio ou alheio, está ele a praticar o crime de peculato. E aqui vale um destaque especial: dificilmente existe servidor público no Brasil que não tenha se enquadrado (ao menos formalmente) nesta infração penal. Basta verificar se ele (o servidor) procede a impressões para fins particulares (seja para estudo, seja para questões outras). Por óbvio que o infrator estatal irá dizer: “mas o prejuízo aqui é irrelevante!”. Sim, concordamos. Porém, muitos desses servidores que frequentemente se valem desse expediente para a solução de questões particulares, são implacavelmente intolerantes com os autores de furtos de bagatela, não hesitando e atribuir-lhes a pecha de “bandidos”.
Além disso, há delitos comumente praticados por aqueles (e, especialmente, por eles) que se dizem “homens bons” e que negam peremptoriamente a carapuça de “criminoso” por sobre suas cabeças: crimes ambientais, crimes de sonegação fiscal, crimes de drogas (usar medicamento controlado pela ANVISA – Portaria 344/98) sem receita (por exemplo, para dormir), crimes de abuso de autoridade, tráfico de influência, exploração de prestígio, descaminho, ameaça, corrupção (ativa e passiva), falsidade documental e outras práticas bastante corriqueiras que se extrai do cotidiano dos auto-intitulados tolerantes “cidadãos de bem”.
O fato é que TODOS NÓS praticamos comportamentos como esses (tipificados penalmente) sem que tenhamos conta de que a impunidade que criticamos em alto tom e aos quatro cantos do Brasil aqui nos favorece. E então, somos criminosos? A resposta é: depende. Se o conceito desta categoria é diagnosticado pela prática da infração penal, a resposta fatalmente será SIM.
Vejam que a gama de tipos penais é tão vasta que se todos os furtos, falsidades, abortos, receptações, corrupções, lesões corporais, ameaças, ou seja, se todas as práticas de infrações penais fossem concretamente criminalizadas, praticamente não haveria habitante que não fosse, por diversas vezes, criminalizado.
Então, caso o leitor, fã da repressão e aprisionamento acredite no cárcere como instrumento de transformação do ser humano (para melhor, é claro) tenha alguma vez praticado algum dos comportamentos registrados acima ou ainda, qualquer outro que se encaixe formalmente num tipo penal, perguntamos: quanto tempo atrás das grades seria necessário para você se tornar um verdadeiro “homem de bem”? Ou, você é um delinquente que não merece repressão e que se vale da impunidade que tanto critica?
Pois é. Para acabar com a criminalidade (por completo), como prega insistentemente o “homem de bem”, ao que parece, seria necessário exterminar com uma das fontes de criminalização: ou com o objeto criminalizador (Direito Penal) ou com o sujeito criminalizado (ser humano). Simples assim.
Vejam, então, que o discurso ancorado no tripé endurecimento das leis, repressão penal e encarceramento desfigura a realidade, sobretudo, porque não serve nem mesmo para quem o sustenta. Conforme anotam Hassemer e Muñoz Conde, não existe nenhuma sociedade sem crimes. Os crimes estão intimamente ligados ao processo de socialização dos indivíduos, de forma que o conflito tem de desempenhar um papel e até mesmo uma missão na manutenção e evolução da sociedade. Este, aliás, é o lugar onde a sociologia funcionalista desenvolve sua tese sobre a normalidade do crime: conceber a sociedade como um sistema de pessoas inter-relacionadas. E o que isso quer dizer? Especialmente, que “não há nenhum fenômeno que inevitavelmente mostre todos os sintomas de crime”. Estanquemos essa ingenuidade (ou má-fé, a depender de quem discursa), pois o desvio tem origem na distribuição de papéis dentro de qualquer sociedade.
Agora, se você, homem de bem, diz-se ainda “cristão” e “não delinquente”, procure utilizar dos (SEUS) conceitos de “ser cristão” e “ser criminoso” para aquele contra quem você brada por repressão e cárcere. O que não é razoável é o incremento de dois discursos: um, que atende aos seus interesses mais próximos; outro, para quem se pretende manter distância. Neste caso, além de delinquente, você comportaria um grau elevadíssimo de hipocrisia e, então, tomando-se por base o logicismo de Russell, conveniaria atribuir-te uma tríplice adjetivação nos seguintes termos: “não cristão”, “delinquente” e “hipócrita”.
Para finalizar, e em homenagem ao “homem-de-bem”, uma reflexão brechtiana intitulada “Perguntas a um bom homem” serve aqui:
Avança: ouvimos dizer que és um homem bom.
Não te deixas comprar, mas o raio que incendeia a casa, também não pode ser comprado.
Manténs a tua palavra. Mas que palavra disseste?
És honesto, dás a tua opinião. Mas que opinião?
És corajoso. Mas contra quem?
És sábio. Mas para quem?
Não tens em conta os teus interesses pessoais. Que interesses consideras, então?
És um bom amigo. Mas serás também um bom amigo de gente boa?
Agora, escuta:
Sabemos que és nosso inimigo. Por isso, vamos encostar-te ao paredão.
Mas tendo em conta os teus méritos e boas qualidades, vamos encostar-te a um bom paredão e matar-te com uma boa bala de uma boa espingarda e enterrar-se com uma boa pá na boa terra.
Referências Bibliográficas
RUSSELL, Bertrand. Porque não sou cristão: e outros ensaios sobre religião e assuntos correlatos. Tradução de Brenno Silveira. Livraria Exposição do livro, 1972, p. 14-15. CHAVES JUNIOR, Airto; OLDONI, Fabiano. Para que(m) serve o Direito penal: uma análise criminológica da seletividade dos segmentos de controle social. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2014, p. 174-175.
ZAFFARONI, Eugênio Raúl. Em busca das penas perdidas: a perda da legitimidade do sistema penal. Tradução de Vânia Romano Pedrosa e Amir Lopes da Conceição. 5. ed. Rio de Janeiro: Revan, 2001, p. 26.
HASSEMER, Winfried; MUÑOZ CONDE, Francisco. Introducción a la Criminologia y al Derecho Penal. Valencia: Tirant lo Blanch, 1989, p. 38-39.
Bertolt Brecht, citado por Slavoj Zizek, inViolência: seis reflexões laterais. Tradução de Miguel Serras Pereira. São Paulo: Boitempo, 2014, p. 41-43.
Produtora Square Editora(s) Square Plataforma(s) Super Nintendo,PlayStation, NDS, iOS e Android Gênero(s) RPG Modos de jogo Single Player Número de jogadores 1
Chrono Trigger é um jogo de RPG eletrônico. Foi lançado para o console Super Nintendo no Japão em março de 1995, e uma versão aprimorada para PlayStation foi lançada em novembro de 1999. Uma outra versão do jogo para o console portátil Nintendo DS foi lançada em 25 de novembro de 2008 no Japão e um dia depois nos EUA.O jogo foi revolucionário para a época e exige bastante do console, é considerado por muitos um dos melhores jogos já feitos na histórias dos games, senão o melhor.
O jogo foi desenvolvido por uma equipe que foi apelidada de Equipe dos Sonhos (The Dream Team): Hironobu Sakaguchi(produtor da série Final Fantasy), Yuji Horii (diretor da série de jogos Dragon Quest), Akira Toriyama (criador de mangás famosos, como Dragon Ball e Dr. Slump), o produtor Kazuhiko Aoki e Nobuo Uematsu (músico de Final Fantasy).Toda a equipe trabalhou com a idéia de que este jogo teria de ser revolucionário, envolvendo múltiplos fins, uma história dramática, um bom sistema de batalhas e belos gráficos. No jogo há inúmeras referências a eventos e nomes de mitologias, lendas e História. A trilha sonora de Chrono Trigger é considerada uma obra prima e rendeu um CD triplo no Japão, tornando-se uma das trilhas de video-games de maior sucesso da história. Este trabalho foi a estréia do compositor Yasunori Mitsuda que contou com o auxílio do veterano Nobuo Uematsu, responsável por outras trilhas de jogos clássicos da Square como Final Fantasy e Secret of Mana.
Por Marsílea Gombata Da Carta Capital
Após ser apropriado pelo ex-presidente venezuelano Hugo Chávez, o
termo originado do sobrenome do libertador Simón Bolívar aterrissou no
debate político brasileiro. São frequentes as acusações de políticos de
oposição e da mídia contra o governo federal petista. Lula e Dilma
estariam "transformando o Brasil em uma Venezuela". Mas o que é o tal
bolivarianismo de que tanto falam? É um palavrão? O Brasil é uma
Venezuela? Bolivarianismo é sinônimo de ditadura comunista? Antes de
sair por aí repetindo definições equivocadas, leia as respostas abaixo: O que é bolivarianismo?
O termo provém do nome do general venezuelano do século XIX, Simón
Bolívar, que liderou os movimentos de independência da Venezuela, da
Colômbia, do Equador, do Peru e da Bolívia. Convencionou-se, no entanto,
chamar de bolivarianos os governos de esquerda na América Latina que
questionam o neoliberalismo e o Consenso de Washington (doutrina
macroeconômica ditada por economistas do Fundo Monetário Internacional -
FMI - e do Banco Mundial). Bolivarianismo e ditadura comunista são a mesma coisa?
Não. Mesmo considerando a interpretação que Chávez deu ao termo, o
que convencionou-se chamar bolivarianismo está muito longe de ser uma
ditadura comunista. As realidades de países que se dizem bolivarianos,
como Venezuela, Bolívia e Equador, são bem diferentes da Rússia sob o
comando de Stalin ou mesmo da Romênia sob o regime de Nicolau Ceausescu.
Neles, os meios de produção estavam nas mãos do Estado, não havia
liberdade política ou pluralidade partidária e era inaceitável pensar
diferentemente da ideologia dominante do governo. Aqueles que o faziam
eram punidos ou exilados, como os que eram enviados para o gulag
soviético, campo de trabalho forçado símbolo da repressão ditatorial da
Rússia. Na Venezuela, por exemplo, nada disso acontece. A oposição tem
figuras conhecidas como Henrique Capriles, Leopoldo López e Maria Corina
Machado. Cenário semelhante ocorre na Bolívia, no Equador e também no
Brasil, onde há total liberdade de expressão, de imprensa e de oposição
ao governo. Foi Chávez quem inventou o bolivarianismo?
Não. O que o então presidente venezuelano Hugo Chávez fez foi
declarar seu país uma "república bolivariana". A mesma retórica foi
utilizada pelos presidentes Rafael Correa (Equador) e Evo Morales
(Bolívia). A associação entre bolivarianismo e socialismo, no entanto, é
questionável segundo a própria biógrafa de Bolívar, a jornalista
peruana Marie Arana, editora literária do jornal americano The
Washington Post. De acordo com ela, esse “bolivarianismo” instituído por
Chávez na Venezuela foi inspirado nos ideais de Bolívar, tais como o
combate a injustiças e a defesa do esclarecimento popular e da
liberdade. Mas, segundo a biógrafa, a apropriação de seu nome por Chávez
e outros mandatários latinos é inapropriada e errada historicamente:
“Ele não era socialista de forma alguma. Em certos momentos, foi um
ditador de direita”. O que se tornou o bolivarianismo na Venezuela?
Quando assumiu a Presidência da República em 1999, Chávez declarou-se
seguidor das ideias de Bolívar. Em seu governo uma assembleia alterou a
Constituição da Venezuela de 1961 para a chamada Constituição
Bolivariana de 1999. O nome do país também mudou: era Estado Venezuelano
e tornou-se República Bolivariana da Venezuela. Foram criadas ainda
instituições de ensino com o adjetivo, como as escolas bolivarianas e a
Universidade Bolivariana da Venezuela. Mas esse regime que Chávez chamava de bolivarianismo era comunista?
Não, apesar de o ex-presidente venezuelano ter usado o termo
"Revolução Bolivariana" para referir-se ao seu governo. A ideia era
promover mudanças políticas, econômicas e sociais como a universalização
à educação e à saúde, além de medidas de caráter econômico, como a
nacionalização de indústrias ou serviços. Chávez falava em "socialismo
do século XXI", mas o governo venezuelano continua permitindo a entrada
de capital estrangeiro no País, assim como a parceria com empresas
privadas nacionais e estrangeiras. Empreiteiras brasileiras, chinesas e
bielo-russas, por exemplo, constroem moradias para o maior programa
habitacional do país, o Gran Misión Vivienda Venezuela, inspirado no
brasileiro Minha Casa Minha Vida. O Brasil "virou uma Venezuela"?
Esta afirmação não faz sentido. O Brasil é parceiro econômico e
estratégico da Venezuela, mas as diretrizes do governo Dilma e do
governo de Nicolás Maduro são bastante distintas, tanto na retórica
quanto na prática. Os conselhos populares são bolivarianos?
Não, e aqui o engano vai além do uso equivocado do adjetivo. Parte da
Política Nacional de Participação Social, os conselhos populares seriam
a base de um complexo sistema de participação social, com a finalidade
de aprofundar o debate sobre políticas públicas com representantes da
sociedade civil. Ao contrário do alegado por opositores, os conselhos de
participação popular não são uma afronta à democracia representativa.
Conforme observou o ex-ministro e fundador do PSDB Luiz Carlos
Bresser-Pereira, os conselhos estabeleceriam “um mecanismo mais formal
por meio do qual o governo poderá ouvir melhor as demandas e propostas
[da população]”.
Fruto da vitória dos escravos de Santo Domingo contra o exército napoleônico, então o mais poderoso do mundo, a proclamação da independência do Haiti, em 1º de janeiro de 1804, é um desses episódios da história universal cujo alcance foi por muito tempo ocultado. Em sua obra "Silencing the Past" (Silenciando o Passado), o antropólogo haitiano Michel-Rolph Trouillot mostra que essa revolução de escravos exigindo direitos universais e instaurando a primeira república negra do mundo era
simplesmente impensável, e portanto foi reduzida ao silêncio.
As conseqüências do desmoronamento econômico da "Pérola das Antilhas" sobre o desenvolvimento da Revolução Francesa e os regimes que a seguiram não foram totalmente exploradas. Em meados do século 18, a colônia francesa de Santo Domingo fornecia 75% da produção mundial de açúcar, um bem cuja importância pode ser comparada à do petróleo hoje e representava três quartos do comércio dos
portos franceses.
A amplidão dos massacres e das devastações durante os 13 anos de guerra civil da revolução haitiana só foi percebida tardiamente na metrópole. Morreram entre 100 mil e 150 mil negros e cerca de 70 mil franceses, dos quais 20 mil colonos, muitas vezes em circunstâncias atrozes. As notícias, os comissários e os reforços levavam na época dois meses para atravessar o Atlântico. Desde a insurreição dos escravos no norte, deflagrada em 14 de agosto de 1791 durante a famosa cerimônia vodu de Bois-Caiman, as ordens e os decretos parisienses sempre se atrasaram em relação aos
acontecimentos.
Vários historiadores afirmam que, se Napoleão não tivesse sido derrotado pelos escravos de Santo Domingo, não teria realizado a mais considerável e pior operação imobiliária de todos os tempos. Ao vender a Luisiana, território equivalente a 17 Estados americanos atuais, aos jovens Estados Unidos por um pedaço de pão, ele mais que duplicou o território deste país, cujo potencial na época era considerado bem menor que o da antiga colônia de Santo Domingo.
De seu exílio em Santa Helena, o imperador deposto reconheceu que a expedição de Santo Domingo foi "um dos maiores erros" que cometeu. "Eu deveria me contentar em governar por intermédio de Toussaint", ele confiou ao conde de Las Cases. Pressionado pelos colonos e por sua esposa créole Joséphine de Beauharnais, Napoleão Bonaparte sentiu-se desafiado por Toussaint Louverture, um estrategista formidável, alternativamente qualificado de Spartacus ou Vercingétorix negro, que
impôs sua autoridade a toda a ilha de Hispaniola e teve a audácia de promulgar uma Constituição sem consultar o Primeiro Cônsul.
Livre da ameaça inglesa pela Paz de Amiens e seguindo os conselhos do general bretão Kerverseau, Bonaparte reuniu uma força considerável, "tal que não haja necessidade de utilizá-la toda, e que seu aparato demonstre a inutilidade da resistência": 43 mil homens, entre eles vários veteranos da campanha do Egito, poloneses e espanhóis, sob as ordens de seu cunhado, Victor-Emmanuel Leclerc.
Longe de se deixar impressionar pela imponente armada, o general Christophe, um dos lugares-tenentes de Louverture e que se tornaria o segundo chefe de Estado do Haiti e seu primeiro rei, leva a cabo sua ameaça de incendiar o Cap-Français, reduzindo a "Paris das Ilhas" a um monte de cinzas.
Apesar da traição que permitiu capturar Toussaint Louverture, que foi preso em uma cadeia glacial no forte de Joux, no Jura (França), onde morreu em 7 de abril de 1803, o corpo expedicionário encontrou uma resistência feroz dos negros, que temiam com razão o restabelecimento da escravatura.
"Ao me derrubar, abateram em Santo Domingo apenas o tronco da árvore daliberdade dos negros. Ele voltará a brotar pelas raízes, que são potentes e numerosas", profetizou aquele que Augusto Comte situou entre os novos "santos do calendário positivista", ao lado de Washington, Buda, Platão e Carlos Magno.
À guerrilha dos antigos escravos e à estratégia da terra queimada somou-se à devastação da febre amarela, que matou 30 mil soldados franceses. Levado pela "doença terrível", Leclerc foi substituído pelo cruel Donatien Rochambeau, que mandou vir de Cuba cães especialmente treinados para atacar negros. Dessalines, que substituiu Toussaint Louverture, não foi menos brutal, e os últimos meses da guerra foram marcados por combates de uma ferocidade raramente igualada. Em 18 de novembro de 1803, a batalha de Vertières, onde se destacou o intrépido Capois la Mort contra as tropas de Rochambeau, é o fim da expedição francesa, cujos restos se rendem a Dessalines no Cap. Jovem secretário de Dessalines, Boisrond-Tonnerre foi encarregado de redigir a ata de independência. Em 1º de janeiro de 1804, reunidos na praça de armas de Gonaives, na presença de uma imensa multidão, os chefes do exército indígena vitorioso proclamam a independência de Santo Domingo, que retoma seu nome indígena de Haiti: "Em nome dos negros e dos homens de cor, a independência de Santo Domingo está proclamada. Devolvidos à nossa dignidade primitiva, garantimos nossos direitos.
Juramos jamais ceder a nenhuma potência da Terra", eles prometem. Nomeado governador-geral vitalício, antigo título de Toussaint Louverture, Dessalines torna-se o primeiro chefe de Estado do Haiti, do qual se fará proclamar imperador nove meses depois.
Entre os anos de 1973 à 1978 era organizado na praia de Balneário Camboriú a corrida de carros com percurso que começava na praia e terminava no centro, próximo ao hotel imperatriz, atraiam por volta de 5 mil pessoas e vários competidores de toda Santa Catarina e também de fora do estado, as fotos coletadas não tem o ano exato, mas vale pelo registro confira:
Tudo começou no Teatro Vila Velha (Salvador - BA) com o espetáculo "O Desembarque dos Bichos Depois do Dilúvio Universal". Os participantes: Luiz Dias Galvão, engenheiro agrônomo formado e praticante, poeta, aficionado por música, cinema e teatro, 32 anos; Antônio Carlos de Morais Pires, 21 anos de audição do alto-falante de Turiassu, no interior da Bahia; Paulo Roberto de Figueiredo, engresso da cidadania de santa Inês e ex-crooner da Orquesta Avanço, presença obrigatória nos bailes da região de Salvador, 23 anos, apelidado de La Bouche ou Paulinho Boca de Cantor; a niteroiense Bernadete Dinorah de Carvalho Cidade, recém-chegada a Salvador, onde comemoraria seus dezessete anos morando debaixo da ponte; Jorginho, Carlinhos, Lico e Pedro Anibal de Oliveira Gomes, o Pepeu, que integravam a banda de apoio, os Leif's. Com exceção de Bernadete, todos baianos e todos ilustres desconhecidos, estranhos, radicais, acintosos e novos. Era o início dos Novos Baianos, em pleno caos de 1969.
Baby, menina-problema de Niterói- costumava estudar no telhado de sua casa de vila e, à noite, ficava admirando em seu quarto um poster de Brigitte Bardot, remoendo silenciosa um desejo de ter as iniciais tão marcantes: BB. Sonhava, como tantas em sua idade, ser artista, cantora, merecer posters com suas iniciais. O nome não ajudava e o ginásio atrapalhava ainda mais. Num rasgo de liberação, vai com sua amiga, Ediane, passar as férias em Salvador, onde conhece Galvão e Moraes no "bar mais quente de lá", o Brasa. Galvão e Moraes haviam sido apresentados pelo cantor e compositor Tom Zé, amigo de Galvão desde que este lhe fez um projeto para o jardim de sua casa. Moraes, saído de um curso de percurssão no Seminário de Música da Bahia (não havia vaga de violão, seu instrumento), também conhecia Tom Zé, com quem fazia um show no Teatro Vila Velha.
Paulinho La Bouche, interiorano de chances novas na música, também conhece a tríade baiana e junta-se a eles na pensão de Dona Maritó. E de todos que formariam mais tarde os Novos Baianos, Pepeu era indiscutivelmente o músico, mestre da guitarra, dono de um estilo desde então inconfundível, genuinamente brasileiro. E era, ainda, o único veterano no sentido escrito da palavra, pois já havia passado por alguns grupos anteriormente, entre eles Os Minos, onde permaneceu tocando contrabaixo por quatro anos - momento raro registrado em compacto pela Copacabana em 1966: Febre de Minos e Fingindo me Amar. Junto com seu irmão Jorginho e os amigos Lico e Carlinhos, funda Os Leif's.
Foi Gilberto Gil que lançou Pepeu como guitarrista, o convidando para tocar com ele e Caetano Veloso no show de despedida no Teatro Castro Alves, o Barra 69. Gil viu Pepeu num programa da TV Salvador acompanhando Moras Moreira em São Paulo, ligou para a estação, achou seu endereço e foi buscá-lo em casa.
Em pleno caos de 1969, em meio às runínas das bananas e da antropofagia renascentista do tropicalismo, que surgem os malandros, loucos e imprevisíveis Novos Baianos. Novos porque pós-Gil e Caetano; baianos porque sim. Ou, como conta Pepeu, porque o grupo ia se apresentar na Record e ainda não tinha nome; então, na hora deles entrarem em cena, um funcionário da emissora gritou: - Chama aí esses novos baianos!
No início, apenas um quarteto - Moraes, Galvão, Paulinho e Baby (cujo novo e celebrado nome nasceu de uma personagem de filme) - que era acompanhado pelos Leif's. Galvão, o poeta e mentor, era obrigado a fazer mímica no palco, porque na época os empresários não admitiam trios cabeludos e só. Moraes, o parceiro de Galvão, a voz agridoce, o violão sutil. Paulinho era o malandro, o Lúcifer, o mandingueiro. Pepeu era o músico. Baby, a menina.
Depois do rebuliço do Dilúvio em Salvador, os Novos Baianos vão para São Paulo, onde se apresentaram em inúmeros programas de TV, sempre ultrapassando o número previsto de músicas e encenando expedientes absurdos, como fizeram a terminar seu showzinho no programa da Hebe Camargo, dançando tango com a animadora. Começa aí uma extensa lista de empresários, gravadoras, úlceras e dores de cabeça para quem quer que ousasse contratar os Novos Baianos. O primeiro empresário foi o poderoso Marcos Lázaro e a primeira contratação foi pela RGE, através de João Araújo. lançam, em 1969, um compacto ("De Vera" e "Colégio de Aplicação") e em seguida um LP cáustico, sardônico, ameaçador ("É Ferro na Boneca"), que incluía as faixas do compacto, uma cornucópia de estilos e títulos e ainda foi tema de dois filmes da época: "Caveira My Friend" e "Meteorango Kid".
Como o sucesso em São Paulo não fosse dos mais estimulantes, como ficou comprovado na desclassificação de De Vera no Festival da Record de 69, os Novos Baianos buscam público no Rio de Janeiro, levando consigo o Dilúvio e Pepeu, com seu novíssimo grupo de Ribeirão Pires, interior de São Paulo, Os Enigmas, de onde saiu também Odair Cabeça de Poeta, que muitos insistiam em confundir com um ex-Novo Baiano.
A mise-en-scéne foi a mesma do Teatro Vila Velha, só que, dessa vez, no Teatro Casa Grande. Como precisavam de um baixista, eles buscavam um substituto nas ruas de Ipanema e acabam achando Dadi, roqueiro de 18 anos, cuja única experiência verdadeira como músico vinha de tardes e noites acompanhando a última dos Rolling Stones com seus amigos. Pepeu se desliga definitivamente dos Enigmas, chama seu irmão Jorginho para ser o baterista, convida dois amigos percursionistas de São Paulo, Bola e Baixinho.
A farra estava formada. O LP pela RGE não vendera grande coisa, mas um dos grandes atrativos dos Novos Baianos era seu estilo até então inusitado de vida: todos moravam juntos, em comunidade, em Botafogo: quatro cômodos divididos entre doze pessoas.
A grande interação, além de provocar um perfeito entrosamento entre os músicos, gera subgrupos dentro dos Novos Baianos, como o trio Dadi (baixo), Pepeu (guitarra) e Jorginho (bateria), que passa a se chamar A Cor do Som e a apresentar um repertório elétrico-eclético que deixava entrever a destacada direção musical de Pepeu, guitarrando feroz, misturando Trio Elétrico e Jimi Hendrix num fraseado só.
Em 1971, a segunda gravadora e o segundo compacto, considerado por Moraes um disco ruim e mal gravado. Neste mesmo ano, João Gilberto vem ao Brasil e vai se confraternizar com os Novos Baianos, em Botafogo.
O ritmo da composição da dupla Galvão-Moraes sobe muito. João Gilberto ajudou muito no grupo, dizendo que eles deveriam gravar "Brasil Pandeiro", de Assis Valente, que era a cara deles. Também os fez enxergar com outros olhos a música popular brasileira. Ainda os fez pegar num cavaquinho, num pandeiro e a tocar samba.
Com todas as inovações e surgimento das músicas novas (Preta Pretinha, Acabou Chorare, Swing de Campo Grande), os Novos Baianos fazem uma temporada na boate carioca Number One, que deveria ter durado um mês, mas que acabou se estendendo por dois anos, por exigência do dono da casa, estimulado pela boa locação que o grupo trazia com sua direção musical. O público de meia-idade que freqüentava o Number One não podia deixar de se supreender com "um bando de cabeludos" fazendo um puro e sonoro samba.
Em sua terceira gravadora, os NB, recém-saídos desse vigoroso banho de brasilidade, gravam seu mais consistente álbum, "Acabou Chorare". Lançado em 1972 pela Sigla, Acabou Choraes mostrava todas as mudanças do novo trabalho baiano.
Eles alugam um sítio na Estrada dos Bandeirantes, na zona industrial de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, que foi apelidado como "Catinho do Vovô" e viu-se tomado por fanzocas exaltados, amigos de longa data, curiosos e, algumas inesperadas vezes, policiais.
Como era de se esperar, os NB trocam de gravadora novamente. Gravam seu terceiro disco pela Continental. "Novos Baianos Futebol Clube", um disco intimista, pessoal, como se refletiria no show seguinte, com o palco enfeitado de bandeirolas de São João e repleto dos filhos dos membros do grupo e de seus acólitos. Esse disco, ganhou um filme de Solano Ribeiro de mesmo nome.
A convite de um executivo da Continental, os NB vão morar em uma fazenda em São Paulo, onde gravam seu quarto álbum, "Novos Baianos" (mais conhecido como "Alunte"). Talvez pela capa feita com cores berrantes e pela má divulgação, o disco não chega a vender tanto quanto seus predecessores. O grupo se desentende com a gravadora, seguindo a tradição de contratos a curto prazo e estrepolias com seus contratantes.
E vem a crise. Na procura de seus caminhos próprios e inconformado com a despropositada estagnação musical do grupo, Moraes Moreira sai dos Novos Baianos para fazer sua carreira solo. Desfalcados de um compositor, eles encarregam pepeu de compor, dando-lhe carta branca para redirecionar o grupo. Praticamente no mesmo período, Dadi deixa os Novos Baianos, aparentemente sem planos de trabalho individual.
No final de 1974, os NB assinam contrato com a Som Livre e gravam seu primeiro disco sem Moraes, "Vamos pro Mundo", com regração de "Tangolete" (do primeiro álbum) e uma adaptação para "Preta Pretinha no Carnaval" (do segundo álbum). Moraes Moreira lança seu primeiro trabalho solo em 1975, levando seu nome ao disco.
Em 1976, o grupo assina seu contrato mais longo: assinaram dois anos com a Tapecar, onde gravaram os LPs "Caia na Estrada e Perigas Ver" (1976) e "Praga de Baiano" (1977). O grupo investe em samba, rock e chorinho no álbum de 1976. Já no álbum de 1977, o trio elétrico e a música instrumental domina o álbum.
Os Novos Baianos gravam seu último disco juntos. "Farol da Barra", uma canção de Caetano com letra de Galvão leva nome ao álbum de 1978. No mesmo ano, Baby e Pepeu lançam discos solos e o grupo se separa. No ano seguinte, é a vez de Paulinho lançar seu primeiro disco solo.
Alguns seguiram suas carreiras assiduamente, como Baby, Pepeu e Moraes. Paulinho gravou alguns discos e Dadi formou finalmente a banda A Cor do Som, com quem lançou discos juntos.
Por influência da cantora Marisa Monte, em 1997 os Novos Baianos se reunem e gravam um disco duplo em comemoração aos 18 anos de existência do grupo. Iniciam uma turnê, que durou aproximadamente um ano e meio.
Hoje, cada integrante permanece com sua carreira individual e alguns mudaram seu estilo, que foi o caso da Baby, que abandonou a MPB e aderiu ao gospel e a conversão religiosa. Moraes adentrou no frevo, Pepeu continuou como guitarrista e Paulinho como sambista. Galvão escreveu alguns livros em sua carreira, entre eles "Anos 70 - Novos e Baianos", em 1997.